As manifestações nacionais, este sábado, surgem na sequência da divulgação pela imprensa de um documento interno do Supremo Tribunal revelando que este se prepara para reverter a decisão do caso conhecido como Roe vs. Wade, que garantiu o direito ao aborto no país desde 1973.
Como a autenticidade do rascunho legislativo saído para a imprensa foi confirmada pelo Supremo, este sábado houve manifestações de protesto em grandes cidades como Nova Iorque, Los Angeles, Chicago, Austin e Washington, bem como em centenas de outros locais.
Segundo revelaram as organizações promotoras, foram agendadas mais de 380 iniciativas no âmbito do dia nacional de acção pelo direito ao aborto legal e seguro, informa a Al Jazeera.
«O meu corpo, a minha decisão» foi uma das palavras de ordem mais gritadas e escritas em cartazes. A Women’s March, um dos grupos que organizaram a jornada com o lema «Bans off our bodies» (proibições fora dos nossos corpos), escreveu no Twitter: «Estamos fartas de ataques ao aborto. Manifestamo-nos hoje para que nos ouçam bem».
Um inquérito recente realizado pela NBC News revela que seis em cada dez norte-americanos defendem que a interrupção voluntária da gravidez (IVG) deve ser legal – 37% são a favor da sua legalidade sempre, 23% defendem que deve ser legal na maioria dos casos.
No Senado, os legisladores expressaram uma visão diferente sobre os direitos das mulheres e a IVG, já que a iniciativa designada Lei de Protecção da Saúde da Mulher, avançada pelos Democratas para preservar o direito ao aborto a nível federal, não passou (49 votos contra 51), com um senador democrata a juntar-se aos Republicanos no chumbo.
Vários estados onde governam os Republicanos já começaram a tomar medidas para restringir o direito ao aborto e a reversão da decisão Roe vs. Wade por parte do Supremo vai permitir-lhes implementar maiores restrições ou a proibição total.
Teisha Kimmons, que fez mais de 12o quilómetros para participar na manifestação de Chicago, disse temer pelas mulheres nos estados que se preparam para proibir o direito à IVG.
Em declarações à Al Jazeera, afirmou que poderia não estar viva se não tivesse feito um aborto legal quando tinha 15 anos. «Já estava a auto-mutilar-me e teria preferido morrer a ter um bebé», disse Kimmons, residente no estado de Illinois.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui