|Câmara Municipal de Setúbal

Escolas transferidas para Setúbal exigem investimento de 36 milhões

As sete escolas entregues ao Município de Setúbal, no âmbito do processo de transferência de competências do Estado, têm necessidades de requalificação, construção e investimento de 36 milhões de euros.

Paços do Concelho de Setúbal 
Créditos / Câmara Municipal de Setúbal

A Câmara Municipal de Setúbal (CMS), no âmbito do processo de transferência de competências do Estado para as autarquias, assumiu, em Abril de 2022, a responsabilidade por um total de sete escolas do concelho: quatro dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, duas secundárias e uma do 2.º e 3.º ciclo do ensino básico e secundária.

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Setúbal assume a gestão do Convento de Jesus

A transferência de competências da gestão deste equipamento só vem confirmar aquilo que, na prática, já se verificava. A autarquia cuida, há muitos anos, do convento.

O Convento de Jesus voltou a abrir as portas ao público após uma intervenção profunda de restauro e renovação. O edifício integra o Museu de Setúbal, 10 de Outubro de 2020 
Créditos / União das Freguesias de Setúbal

O protocolo foi assinado numa cerimónia em Castelo Branco, na presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e da ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão. O documento confirma a transferência da gestão do Convento de Jesus do Estado para a Câmara Municipal de Setúbal (CMS).

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A bazuca atira ao lado da Cultura (I)

A cultura, que deveria ser elemento central na formação da consciência das identidades nacionais e das soberanias, dialogando de igual para igual com a cultura de todos os povos do mundo, tornou-se numa vulgar mercadoria.

As meninas (1957), de Pablo Picasso. Óleo sobre tela, 129 x 161 cm. Ref.ª MPB 70.463, Museu Pablo Picasso, Barcelona. Doação do autor ao museu, em 1968
Créditos / Pablo Picasso/Museu Picasso

No Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a Cultura é silenciada, o que naturalmente provocou reacções imediatas em duas cartas endereçadas ao primeiro-ministro e à ministra da Cultura; uma, inicialmente subscrita por meia centena de personalidades e entidades artísticas implicadas na produção cultural, que continua aberta a recepcionar subscritores – rapidamente ultrapassou o meio milhar –, outra das Associações dos Arqueólogos Portugueses (AAP), dos Conservadores-Restauradores de Portugal (ARP), dos Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação (BAD), dos Conselhos Internacional de Museus (ICOM Portugal) e Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS Portugal), em que se manifesta «estupefacção» pela «insustentável ausência» da Cultura no PRR e se reclama a resolução de tão «grave lacuna».

A resposta de António Costa a esses desapontamentos foi célere, lembrando que o PRR estava em consulta pública e que «tem por objectivo a recuperação económica e social, mediante reformas e investimentos exequíveis no curto prazo, mas de efeito estruturante nas áreas que são elegíveis: resiliência e dupla transição climática e digital», pondo o acento tónico no «curtíssimo prazo de execução até 2026; só apoia reformas e investimentos que acelerem a dupla transição climática e digital ou reforcem a resiliência (…) apesar desta forte temática, a cultura não está excluída de acesso aos fundos do PPR (…) investimentos na eficiência energética ou na infraestrutura digital de equipamentos culturais ou na capacitação digital dos agentes culturais são objectivos óbvios» e dava como exemplo que «entre as Agendas/Alianças Mobilizadoras de Investimento e Inovação, a produção cultural e as indústrias criativas constam como áreas estratégicas que integram um programa de investimento em criatividade e inovação, com a dotação de 558 milhões de euros (…) mas também no campo das Qualificações e Competências, o programa Impulso Jovem STEAM (140 milhões de euros) pretende promover iniciativas com vista a aumentar a formação superior de jovens nas áreas das Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática e Artes».

«as políticas culturais que os estados deviam promover subordinam-se às normas do mercado, que não conhece outra lógica que não seja a do que é vendável, o seu único critério de excelência, que reduz o juízo crítico a uma espécie de crónica de promoção publicitária das artes e dos artistas sem colocar questões de ordem estética, poética ou até relacionadas com as histórias de arte»

António Costa, de bazuca em punho, aponta para onde Bruxelas lhe manda apontar mas bem podia procurar apontar para um alvo que não existe, o de uma política cultural estruturante que não se consegue enxergar por não existir, depois de décadas de desinvestimento na cultura enquanto serviço público, atirando-a para a fogueira unidimensional do mercado. Uma deriva vulgar do capitalismo neoliberal, comum aos partidos que se alternam no poder, em que o mercado de bens culturais de consumo se sobrepõe à intervenção estatal, mesmo e quando o Estado continua a subsidiar algumas dessas actividades, sempre abdicando de promover políticas culturais e de democratização da cultura, em que a política não deve colonizar a cultura, fazendo desta um fim da outra, mas sem criar uma fractura magmática entre as duas. A mantra é a de uma neutralidade cultural, como se a cultura não tivesse nada a dizer sobre a política, nem a política à cultura. O que resulta são uns sucedâneos culturais, os eventos culturais que navegam nas ondas das modas geracionais e multiculturais, com a consequente universalidade de uma uniformidade cultural em que os produtores são subalternizados pelos consumidores.

A cultura, que deveria assegurar o direito de todos ao acesso, à criação e à fruição cultural, ser elemento central na formação da consciência das identidades nacionais e das soberanias, dialogando de igual para igual com a cultura de todos os povos do mundo, tornou-se numa vulgar mercadoria, sujeita à lógica mercantilista que o capitalismo neoliberal procura impor a todas as esferas da actividade social e humana, pelo que as políticas culturais que os estados deviam promover subordinam-se às normas do mercado, que não conhece outra lógica que não seja a do que é vendável, o seu único critério de excelência, que reduz o juízo crítico a uma espécie de crónica de promoção publicitária das artes e dos artistas sem colocar questões de ordem estética, poética ou até relacionadas com as histórias de arte. Essa acaba por ser a questão central subjacente nas preocupações e nas frustrações expressas nas duas cartas, que sentem estar a ser perdida a oportunidade de dar um futuro e um novo rumo à cultura depois de uma longa paragem que deveria ter servido para pensar e reflectir de como alterar um universo que tem estado centrado numa produção cultural predominante consumível em que o entretenimento, pronto a usar e a esquecer, é dominante drapeado com as cores da moda de garantida obsolescência impressas nas máscaras do carnavalesco desfile de auras artísticas das Indústrias Culturais e Criativas (ICC), em que as actividades e produções criativas com um fundo e uma preocupação estética e artística são cada vez mais raras, são cada vez mais excepções no panorama geral da oferta cultural, bem representadas pelos agentes, artistas e personalidades culturais subscritoras da carta à ministra da Cultura e ao primeiro-ministro.

«A cultura tornou-se numa vasta pantomina em que se justifica o desinvestimento público ao se argumentar que o seu peso económico leveda quando se liberta da tutela do Estado»

O predomínio das ICC é o estado de sítio da cultura pós-moderna sob o comando do de um baixo clero que se passeia, das suas veredas às autoestradas, calçado com os sapatos de pó de diamante de Andy Warhol, para que não subsistam dúvidas sobre a falta de profundidade, para a superficialidade mais literal do fetichismo que assalta as artes e a cultura convertendo os seus objectos e produções em mercadorias de um universo cosmopolita, pluralista e relativista, de uma permissividade em que se afunda tanto o processo criativo como o da recepção crítica onde, sublinhe-se mais uma vez e a traço grosso, as excepções são cada vez mais raras para melhor confirmarem a regra de uma cada vez maior submissão às leis do mercado bem expressa numa, por enquanto, falhada tentativa na União Europeia de fazer depender as actividades artísticas e culturais dos critérios e ditames da Organização Mundial do Comércio.

A cultura tornou-se numa vasta pantomina em que se justifica o desinvestimento público ao se argumentar que o seu peso económico leveda quando se liberta da tutela do Estado, o que, em Portugal é, directa e indirectamente, plasmado nos vários estudos realizados por Augusto Mateus & Associados, Sociedade de Consultores Lda, para o Ministério da Cultura, que depois os vende a retalho a autarquias e Comissões de Coordenação Regional, em que na matriz swot do Plano Regional de Lisboa 2014-20201, se lêem coisas extraordinárias nos Pontos Fortes, «oportunidades de novos empreendedores criativos ainda desconhecidos»; nos Pontos Fracos «falta de uma cultura de mercado dos agentes»; nas Oportunidades,«desemprego como oportunidade»; «economia de “royalties”»; «aproveitamento de elementos históricos e culturais para a criação de marcas (Fado, Pessoa, Oceanos…)» e nas Ameaças «pouca sistematização do conhecimento sobre a realidade das ICC em Portugal, inclusive grande confusão sobre o conceito e categorias, importação de modelos (sobretudo aplicação da definição de Adorno) obsoletos e desajustados da realidade portuguesa» – perdoa-lhes, Adorno, porque é deles o reino dos céus.

«esse saco onde os valores imateriais da cultura, a sua capacidade de inovação e criação, de transmissão, difusão e debate de ideias, o seu peso simbólico e estruturante na memória colectiva de um povo, são sacrificados nos altares da mercantilização, para triunfo do mercador do arroz de Brecht que não sabe o que é o arroz, nunca viu o arroz, do arroz só conhece o preço»

Critérios mercantilistas bem expressos nos alhos e bugalhos que se misturam no elencar das ICC pela UE ou quando se lê, na última Conta Satélite da Cultura em Portugal, que o sector com maior impacto é o dos Livros e Publicações, não só pela dimensão como pelo número de empregos que gera. Números grossos que ocultam que a produção de livros é bem menor do que a das publicações e que nas publicações, em Portugal, as duas de carácter cultural, o semanário JL e a revista Ler, além de serem uma quase excrescência no conjunto das publicações, têm tiragens desprezíveis, 10 mil e 7 mil respectivamente, se comparadas com Maria, 167 mil, ou os três jornais diários desportivos, A Bola 120 mil, Record 70 mil, O Jogo, 30 mil. Por essa amostra se vê a grande mistificação que são as Contas Satélites da Cultura, num país conhecido pela iliteracia e em que o sector editorial e livreiro se debate com gravíssimos problemas de sobrevivência. Os outros sectores de actividade seguem o mesmo caminho e critérios. No Audiovisual e Multimédia equivalem-se videojogos e filmes publicitários aos filmes documentais e de ficção. Sintomaticamente as áreas de actividade com menor expressão são o Património, as Bibliotecas, Arquivos e Artes de Espectáculo, ainda que nas Artes de Espectáculo coexistam Gil Vicente e Tony Carreira, as óperas no São Carlos e os Festivais no Sudoeste.

Não pode causar algum espanto que a Publicidade apareça como relevante actividade cultural nesse saco onde os valores imateriais da cultura, a sua capacidade de inovação e criação, de transmissão, difusão e debate de ideias, o seu peso simbólico e estruturante na memória colectiva de um povo, são sacrificados nos altares da mercantilização, para triunfo do mercador do arroz de Brecht que não sabe o que é o arroz, nunca viu o arroz, do arroz só conhece o preço.

(Conclui no próximo artigo)

  • 1. Plano de Acção Regional de Lisboa 2014-2020; Grupo de Trabalho/Crescimento Inteligente; Meios Criativos e Indústrias Culturais; Swot e Ficha Contributos; CCDRLVT, Comissão Coordenadora da Região de Lisboa e Vale do Tejo
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Esta é «a mais cabal evidência da disponibilidade do município de Setúbal para receber novas transferências de competências, mas nunca abdicando de tudo fazer para garantir que as novas competências correspondam também à transferência dos adequados meios financeiros para as desempenhar», afirmou André Martins, presidente da CMS, à margem da cerimónia.

Para todos os efeitos, era já a autarquia sadina quem, na prática, garantia a conservação e dinamização do espaço. Se assim não fosse, estaria votada ao abandono pelo Estado central, como se verifica um pouco por todo o País.

«Antecipando-se e substituindo-se ao Estado central», a CMS investiu cerca de nove milhões de euros na renovação deste equipamento ao longo dos últimos anos. As obras, ao momento da transferência de competências, encontram-se já na sua última fase: «a Igreja de Jesus já foi recuperada, enquanto o Largo de Jesus foi totalmente renovado com amplas zonas de relvado e plantação de árvores».

«As duas fases anteriores envolveram a recuperação estrutural de todo o convento, com execução da cobertura e restauro das alas poente e nascente, assim como requalificação e abertura ao público das salas do Coro Alto e do Capítulo, a par dos Claustros e Deambulatório».

A derradeira etapa da recuperação do principal monumento de Setúbal, informa o município, já está em marcha, centrando-se nas «salas expositivas localizadas nas alas norte e nascente, que incluem os projectos de conservação e restauro, museografia e iluminação museológica».

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Uma avaliação técnica realizada por uma equipa multidisciplinar da Câmara Municipal às sete escolas evidenciou a necessidade de «obras profundas e estruturais no edificado e logradouros, bem como a substituição do mobiliário escolar», alerta a CMS, em comunicado.

Quatro destas instituições são consideradas de intervenção prioritária: a Escola Secundária de Bocage e as escolas básicas de Aranguez, Barbosa du Bocage e de Azeitão. A Escola Básica de Azeitão e a Escola Secundária Dom Manuel Martins não possuem qualquer equipamento desportivo coberto para a realização de aulas de Educação Física.

No total, a autarquia de Setúbal ficou com um encargo de 36 milhões, 416 mil e 600 euros. Destes, 25 milhões, 666 mil e 600 euros são referentes a obras estruturais, oito milhões à construção de dois pavilhões, um milhão e 400 mil à aquisição de mobiliário e um milhão e 150 mil à compra de material, «não estando neste caso incluídos os equipamentos referentes ao Plano Tecnológico, como computadores, quadros interactivos e videoprojectores».

Limitações do processo transferência de competências não se ficam pelo edificado

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Municípios recusam dar continuidade ao desinvestimento na saúde e na educação

À saída da reunião com a presidente da ANMP, o AbrilAbril falou com alguns dos presidentes de Câmara sobre o que resultou do encontro e a ameaça da transferência de competências aos serviços públicos. 

Realizou-se esta manhã a reunião solicitada pelos presidentes dos municípios de Alcácer do Sal, Avis, Évora, Seixal, Silves e Vidigueira com a presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, para debater o processo de transferência de competências para os municípios e comunidades intermunicipais.

Recorde-se que, no início do mês, os seis eleitos da CDU subscreveram um ofício, dirigido a Luísa Salgueiro, onde referiam «a complexidade de todo o processo em curso, nomeadamente nas áreas da Educação, Saúde e Acção Social, a par de um conjunto de «inconformidades e incomportáveis encargos que colocam em causa a sustentabilidade financeira das autarquias», apelando a um aprofundamento do conhecimento dos constrangimentos existentes e à tomada urgente de medidas.

Hoje, evidenciaram a realidade concreta de cada território, designadamente o cenário de défice com que cada município está confrontado tendo em conta a insuficiência das verbas estipuladas pelo Governo. Mas, afirma Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal (distrito de Setúbal), «ficámos surpreendidos pelo facto de a presidente da ANMP dizer que vai estabelecer um acordo com o Governo, acordo esse que ninguém sabe o que é que vai ser».

Vítor Proença assume que o Governo está a transferir o ónus do subfinanciamento para os municípios portugueses, mas os eleitos autárquicos não querem ficar «com a marca negativa desse subfinanciamento». Acrescenta que, no caso das escolas, a situação «é muito grave». «O Governo acordou com a ANMP um valor na ordem dos 30 mil euros por estabelecimento, há negociações para futuros investimentos de acordo com as áreas e a antiguidade das escolas, mas hoje provámos que os valores em cima da mesa vão ficar muito aquém do que as escolas vão necessitar», realça.

Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves, no Algarve, refere que, «mesmo com a boa vontade da ANMP, de poder vir a acrescentar valor na manutenção», este fica aquém das necessidades, havendo uma diferença abismal entre o montante necessário para a requalificação dos estabelecimentos de ensino e os cerca de 30 mil euros de valor médio que o Governo aponta para a manutenção de cada escola, e onde se inclui, por exemplo, a pintura.

Segundo dados avançados pela presidente da Câmara de Silves, pintar o exterior de uma Escola Básica (EB) 2,3 custava, em 2019, 80 mil euros. Mesmo que o valor se mantivesse inalterado, seria uma diferença de 50 mil euros relativamente àquele que o Governo pretende transferir.   

«Isto é o retrato real, eu tenho quatro escolas EB 2,3, por isso é que há uma necessidade de reconhecer, neste caso concreto, que os valores previstos são insuficientes para a manutenção», defende Rosa Palma. A autarca diz esperar que a ANMP se faça ouvir para que sejam transferidas competências que os municípios, «com orgulho», queiram desempenhar de maneira a que as pessoas fiquem satisfeitas. Caso contrário, assegura, «teremos apenas encargos, ónus, e vamos ver esses equipamentos transferidos cada vez mais degradados, isso nós não queremos».

A presidente da Câmara de Silves alerta ainda para a ameaça a direitos constitucionais de uma transferência de competências sem os meios e recursos necessários, provocando assim maiores desigualdades sociais e entre municípios. «Um município que tenha menor orçamento dificilmente conseguirá responder. Ora, criando maiores desigualdades, as pessoas vão fugir daqueles locais onde ainda temos alguma população e vão fugir para outros onde existam melhores condições», afirma Rosa Palma.

«Uma das questões que nós colocámos é que, mantendo-se o subfinanciamento, então que o Estado mantenha as escolas, não transfira agora os equipamentos para os municípios», avança Vítor Proença. 

Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal, onde as verbas previstas para a educação, saúde e acção social ditariam um défice de cerca de 8 milhões de euros (5,5 milhões só na educação), diz haver acordo da ANMP relativamente à posição de exigir mais verbas e recursos para os municípios, mas pede uma defesa firme na defesa dos direitos constitucionais. Ainda sobre a requalificação das escolas, o presidente da Câmara do Seixal diz ser fundamental que fique estabelecida, entre a ANMP e o Governo, a necessidade de uma linha de financiamento para todas as escolas do País que estão em más condições. 

Por outro lado, os eleitos da CDU entendem que a associação liderada por Luísa Salgueiro não deveria estabelecer um acordo com o Governo nesta fase, sugerindo que a questão seja remetida para um encontro nacional a realizar, possivelmente, no fim do Verão.

Neste sentido, reivindicam a suspensão do processo de transferência da saúde, não aceitar e transferir para outra data a assunção de competências na área da acção social (adiada para 1 de Janeiro de 2023). No caso das obras nas escolas, propõem adiar esta situação de maneira a que seja o Estado a suportar integralmente essa despesa. «Recorrendo ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ao Portugal 2020 ou 2030», sugere Vítor Proença, vincando que «não devem ser os municípios a ficar com o ónus de escolas muito degradadas, como ficou comprovado na reunião». 

Entre esses exemplos está a EB2,3 Mestre de Avis. Nuno Silva, presidente da Câmara desta vila do distrito de Portalegre, conta que, com mais de 40 anos, esta é uma escola «completamente obsoleta», com problemas ao nível das canalizações, falta de climatização, infiltrações e sem condições para pessoas com mobilidade reduzida. Neste caso, mais do que uma intervenção profunda no estabelecimento de ensino, orçada em cerca de seis milhões de euros (a autarquia dispõe de apenas 50%, proveniente de fundos comunitários), a solução passa pela construção de uma nova escola.  

Sobre a delegação de competências na área da saúde, os presidentes de Câmara eleitos pela CDU entendem que os municípios devem ter autonomia e a liberdade de não subscreverem qualquer auto sempre que entendenderem que não têm condições para receber os equipamentos. 

Ainda quanto ao papel da ANMP neste processo, esperam que não seja «um apêndice» do Governo central. «Chamámos a atenção que uma associação só é válida enquanto proteger os seus associados», diz Vítor Proença, reforçando que «a validade de uma associação, seja ela qual for, mede-se pelo índice de defesa e protecção dos seus associados». 

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Na reunião do Conselho Municipal de Educação, a CMS apontou que, no que diz respeito ao pessoal não docente, a transferência de competências implicou a passagem de 96 assistentes técnicos e 436 assistentes operacionais para os quadros do município. O Ministério da Saúde não vai assumir «as despesas relativas a seguro de acidentes de trabalho, medicina de trabalho e formação profissional» destas centenas de trabalhadores.

Outros serviços externos, essenciais para o normal funcionamento das escolas, não foram contemplados na transferência de competências, «como a manutenção de elevadores, extintores, equipamentos de ar condicionado, caldeiras, equipamentos de cozinha e desportivos, espaços verdes e sistemas de segurança, o fornecimento e manutenção de software e o serviço de reprografia».

A autarquia de Setúbal solicitou às direções destas escolas o envio de toda a «informação sobre as necessidades de manutenção a efectuar durante a interrupção lectiva». Ficou agendada, para 18 de Julho, uma reunião entre a Carris Metropolitana e os agrupamentos e escolas não agrupadas, para discutir o serviço de transporte escolar no concelho, informa o comunicado.

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