Este domingo, continuaram as manifestações em território panamenho contra o alto custo de vida, pela contenção dos preços dos bens essenciais, dos combustíveis e medicamentos, e para denunciar a corrupção e as políticas neoliberais do executivo.
Nos protestos viam-se faixas com várias inscrições, como «Amo o meu país, mas o governo dá-me vergonha», «Se deixarem de roubar, o dinheiro chega para todos», «Com corrupção não há paz social».
Dirigentes da aliança Pueblo Unido por la Vida, que reúne vários sindicatos, movimentos, organizações de profissionais, docentes, estudantes, agricultores, entre outros sectores, sublinharam que o governo deve manter apenas uma mesa de negociação com todos aqueles que lutam nas ruas por «justiça social» e apelaram à intensificação dos protestos esta segunda-feira.
Na véspera, o governo do Panamá e a Alianza Nacional por los Derechos del Pueblo Organizado (Anadepo) chegaram a um acordo na província de Veraguas (Ocidente), segundo o qual o executivo se compromete a baixar para 3,25 dólares o preço do galão (3,8 litros) de combustível e a aliança põe fim as todos os cortes de estradas que promovia.
O documento, subscrito em Santiago de Veraguas, refere que o preço é válido tanto para a gasolina como para o gasóleo e que estará sujeito à variação do preço do petróleo nos mercados internacionais ou a situações de custo internacional, refere a TeleSur.
Saúl Méndez, secretário-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Construção, considerou insuficientes as propostas do governo e afirmou que se mantêm as mobilizações no país centro-americano. Numa conferência de imprensa ontem à noite, Méndez instou as organizações que integram a aliança Pueblo Unido por la Vida a participarem na marcha popular convocada para hoje na capital do país, em direcção à Assembleia Nacional, para exigir «justiça social». Também disse que, amanhã, terá lugar uma paralisação de 24 horas no sector da construção, se entretanto não houver respostas concretas do governo «às necessidades do povo». O dirigente sindical lembrou que os sindicatos e outras organizações apresentaram uma lista de reivindicações, que contém 32 pontos, sendo um deles o aumento geral dos salários, para que a população possa fazer frente ao aumento do custo de vida e ao preço elevado dos bens essenciais. Tendo em conta os protestos crescentes da última semana nas várias regiões do país centro-americano, o presidente panamenho, Laurentino Cortizo, anunciou pela televisão nacional o congelamento do preço dos combustíveis em 3,95 balboas (o mesmo que em euros) por galão (3,8 litros). Vários sectores mobilizaram-se, esta terça-feira, em diversos pontos do país centro-americano para exigir melhores salários e um travão ao aumento dos preços de combustíveis, alimentos e medicamentos. De acordo com os organizadores, verificaram-se acções de protesto e manifestações nas províncias de Panamá, Panamá Oeste, Colón, Coclé, Chiriquí, Veraguas e Herrera, bem como em vários pontos da capital. Os dirigentes do Sindicato Único dos Trabalhadores da Construção (Suntracs) e da Central Nacional dos Trabalhadores do Panamá (CNTP), entre outras organizações, fizeram um apelo à mobilização e à intensificação da luta pelo congelamento dos preços dos bens de primeira necessidade, por melhores empregos, salários «dignos», saúde e educação, indica a TeleSur. Pescadores, trabalhadores dos sectores da construção, da educação, dos transportes, entre outros, vieram para as ruas denunciar o alto custo de vida e reclamar que se ponha um travão aos aumentos na alimentação e nos medicamentos, sobretudo. Na Cidade do Panamá, membros do Suntracs cortaram a Avenida Centenário plasmando precisamente estas reivindicações. Já na província Panamá Oeste, o dirigente sindical Luis Fredy disse à Prensa Latina que as acções de protesto se vão prolongar o tempo que for necessário, tendo em conta que faltam medicamentos urgentes para doenças crónicas. Nas províncias ocidentais de Chiriquí, Veraguas e Herrera reclamou-se igualmente o congelamento de preços, bem como o aumento geral dos salários, denunciando as políticas neoliberais do governo, que favorece as grandes empresas transnacionais. Na província de Chiriquí, o secretário-geral da Confederação Nacional da Unidade Sindical Independente (Conusi), Marco Andrade, disse à Prensa Latina que os trabalhadores e as camadas mais humildes da sociedade são obrigados a intensificar as medidas de luta face às atitudes ambíguas do executivo panamenho. Para esta quarta-feira está previsto um plenário unitário no Paraninfo da Universidade do Panamá, em que participam dirigentes dos movimentos populares, centrais sindicais e organizações de trabalhadores de todo o istmo que integram a aliança Pueblo Unido por la Vida. Ali, vão avaliar a resposta dada pelo governo no passado dia 28 de Junho a um conjunto de 32 reivindicações. Até ao momento, sindicatos e sectores populares têm considerado as propostas governamentais insuficientes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Também indicou que iria ser aprovado um decreto com vista a travar o aumento dos preços de dez produtos essenciais, refere a TeleSur. No entanto, para o Sindicato Único dos Trabalhadores da Construção as medidas anunciadas pelo chefe de Estado estão longe de satisfazer as necessidades da população e de fazer frente à situação «convulsa» que o país atravessa. «Nós apresentámos uma lista com 32 pontos e o governo não fez referência ao resto dos pontos», disse Saúl Méndez, acrescentando que «a especulação brutal nos preços dos medicamentos, da electricidade e agora nos combustíveis não é por causa da guerra na Ucrânia», como afirmou o presidente. «A subida indiscriminada dos preços a nível nacional vem de trás e mostra-nos uma política económica fracassada, que afectou a grande maioria do povo panamenho», denunciou. Neste sentido, o dirigente sindical disse que não iam entrar mais no jogo das mesas técnicas de negociação mas sem respostas, destacando que o governo, que anunciou a criação de mesas de trabalho com os sectores populares, na verdade não quis dialogar com a aliança Pueblo Unido por la Vida. «Você, Senhor Cortizo, protege os interesses dos ricos e voltou as costas ao povo», criticou Méndez, dando como exemplo o caso de cinco grupos económicos beneficiados com a isenção do pagamento de mil milhões de dólares para atrair investimentos no sector do turismo. O que é necessário é que o governo responda positivamente à proposta de aumento geral dos salários, frisou o dirigente sindical, lamentado a falta de diálogo até ao momento. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Protestos contra o alto custo de vida mantêm-se no Panamá
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Trabalhadores panamenhos protestam contra o alto custo de vida
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«A especulação brutal nos preços não é por causa da guerra na Ucrânia»
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A aliança Pueblo Unido por la Vida, que também tem dinamizado greves e protestos há mais de duas semanas, reagiu de imediato, tendo emitido um comunicado em que afirma não reconhecer os acordos subscritos por outras organizações.
Além disso, instou o executivo panamenho a criar apenas uma mesa de negociação com todos os que protestam nas ruas do país, e denunciou aquilo que considera serem manobras para dividir as forças populares em luta contra o alto custo de vida.
O secretário-geral do Sindicato Único Nacional dos Trabalhadores da Construção (Suntracs), Saúl Méndez, criticou a «irresponsabilidade do governo», por realizar manobras e não entender a necessidade de conversar com «todas as forças que estão em luta».
Não se via este nível de descontentamento popular no Panamá há 33 anos, refere a Prensa Latina, explicando que os protestos ocorrem num contexto de subida da inflação, depois de dois anos de pandemia de Covid-19, de aumento do preço dos combustíveis, num país que apresenta uma taxa de desemprego de 9,9% e 47,6% de trabalho informal.
Para os dirigentes das organizações sindicais e movimentos populares, a questão principal não são os dois centavos a mais ou a menos na quotização dos combustíveis, mas a rejeição de um modelo económico neoliberal que promove a desigualdade e a pobreza.
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