A moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal (IL) foi chumbada hoje na Assembleia da República, com votos contra de PS, PCP e Livre, os votos favoráveis da IL e do Chega, e a abstenção de PSD, BE e PAN.
A iniciativa surge num quadro marcado, por um lado, pela instabilidade, pela incerteza e por crescentes dificuldades que decorrem da falta de resposta governamental aos problemas que os portugueses enfrentam, nomeadamente em relação aos custos com a habitação, a electricidade, o gás e outros bens essenciais. E, por outro, pela desvalorização real de salários e pensões, cujo poder de compra continua em queda.
A censura dos liberais não visa, porém, uma alteração de políticas que conduzam, por exemplo, ao aumento das pensões, à valorização do poder de compra dos trabalhadores ou ao reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas antes perpetuar uma política de baixos salários, precariedade e desigualdade. A aparente preocupação da IL com o atraso e as dificuldades que o SNS vive, em virtude do crónico subfinanciamento, insere-se na campanha de defesa dos grupos privados da saúde, que continuam a acumular milhões de euros de lucro graças aos mais de 40% do orçamento público da saúde.
A apresentação desta moção de censura insere-se também num cenário mais amplo da luta pela disputa da liderança à direita e que levou o PSD a abster-se, com o argumento de não ser o momento para abrir uma crise política. O que Montenegro não explicou é como é que o apoio do PSD à moção da IL poderia abrir uma crise política, considerando a maioria absoluta do PS.
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