|medicamentos

Utentes criticam cedência do Governo ao lóbi das farmacêuticas

Portaria que autoriza novos preços dos medicamentos foi publicada esta quinta-feira em Diário da República com o argumento de evitar rupturas. Utentes do Litoral Alentejano reclamam resposta pública.

Créditos / Pixabay

O diploma que entra amanhã em vigor estipula que, «no que respeita à revisão anual do Preço de Venda ao Público (PVP) máximo dos medicamentos genéricos e não genéricos, em 2023, atendendo à actual conjuntura económica nacional e internacional, são introduzidos critérios excepcionais que permitem um aumento nos preços dos medicamentos com valor mais baixo, de modo a preservar a sua distribuição no mercado». 

Em reacção, a Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano admite em comunicado que Governo e Ministério da Saúde «cederam ao grande lobby» da indústria farmacêutica, ao assumirem um aumento generalizado do preço dos medicamentos, principalmente nos de menor custo. 

Segundo o despacho, todos os medicamentos com PVP máximo inferior a dez euros são aumentados em 5% face ao PVP máximo em vigor à data de publicação da presente portaria, enquanto os medicamentos com PVP máximo igual ou superior a dez euros e igual ou inferior a 15 euros são aumentados em 2% face ao PVP máximo em vigor à data de publicação da presente portaria.

|

Redução do lucro das farmacêuticas ameaça medicamentos mais baratos

O aumento dos custos de produção e distribuição ameaça a comercialização de medicamentos mais acessíveis ao bolso dos utentes. «A margem pode deixar de interessar», diz representante da Apifarma.

CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Os medicamentos mais baratos estão em risco de sair das farmácias devido ao aumento dos custos que está a reduzir as margens de comercialização, divulga o Jornal de Notícias na edição desta sexta-feira.  

António Chaves Costa, vogal tesoureiro da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), confirmou ao diário que, «com os aumentos que estamos a ver, em termos de energia, transportes, dificuldades de abastecimento, mão-de-obra e com um custo final tabelado, a margem pode deixar de interessar».

|

Governo volta a travar descida do preço dos medicamentos até 15 euros

O mecanismo-travão criado em 2017 para que a indústria farmacêutica não perca o interesse num produto e deixe de o produzir não permite baixar o preço dos medicamentos até 15 euros no próximo ano. 

Créditos / Pixabay

Todos os anos, ao abrigo da portaria 195-C/2015, é feita uma revisão dos preços dos medicamentos com base nos valores praticados em países de referência. O objectivo inicial desta revisão era reduzir os custos para os sistemas de saúde, mas os interesses da indústria farmacêutica levaram a criar um mecanismo-travão para evitar descidas abruptas de venda ao público dos medicamentos. Por outras palavras, para não beliscar os milhões de lucros que as farmacêuticas apresentam anualmente. 

A portaria assinada pelo secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, e publicada na semana passada, limita a 5% as reduções dos preços dos fármacos que custem entre 15 e 30 euros e cria um critério excepcional que estabelece um mecanismo-travão para impedir que os medicamentos cujo preço de venda ao público seja superior a 30 euros baixem mais do que 10% relativamente ao preço máximo de venda ao público.

«Tendo em conta a situação actual, observando-se, a par dos impactos da pandemia causada pela doença Covid-19, um marcado crescimento da despesa com medicamentos, importa introduzir soluções que procurem garantir, por um lado, a melhor disponibilidade de medicamentos e a mitigação de rupturas e, por outro, a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde», refere a portaria.

No mesmo diploma, o Governo decide manter a lista de países que serve de referência para a revisão dos preços de medicamentos – Espanha, França, Itália e Eslovénia.

O documento volta a suspender parcialmente a revisão dos preços dos genéricos por causa da pandemia, definindo que, «por questões de equidade», a suspensão da revisão dos preços não se aplica àqueles cujo preço máximo é superior ao valor máximo do medicamento de referência.


Com agência Lusa

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

A afirmação ilustra as consequências da dependência dos lucros da indústria farmacêutica, segundo a qual os fármacos com maior risco de desaparecerem são os que já têm preços baixos, prejudicando utentes, em particular os de mais baixos rendimentos, mas também o Estado, devido ao aumento dos custos da comparticipação. 

Como o preço dos medicamentos comparticipados ou com receita médica é regulado, a Apifarma propõe a agilização do mecanismo de revisão excepcional, previsto na lei, e a subida dos preços dos medicamentos mais baratos. 

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Para todos os medicamentos com PVP máximo superior a 15 euros, «da aplicação do regime de revisão anual de preços, previsto no artigo 16.º da Portaria n.º 195-C/2015, de 30 de Junho, na sua redacção actual, não pode resultar uma redução superior a 5% em relação ao PVP máximo em vigor», lê-se no documento.

Numa altura em que a inflação se senta à mesa dos portugueses, com aumentos de mais de 30% na energia e acima de 20% no cabaz alimentar essencial, apesar dos milionários lucros de grandes empresas como a EDP, que em 2022 atingiu mais de 87% em relação ao ano anterior, e a Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, com lucros de mais de 40%, as comissões de utentes entendem que este aumento dos medicamentos é «inadmissível e incomportável». 

«Também a produção de produtos farmacêuticos continua a ser um sector com resultados financeiros bastantes positivos e com lucros colossais», recorda a Coordenadora, salientando que, a solução «passa impreterivelmente por uma resposta pública, com a redução do preço dos medicamentos e caminhando para que os doentes crónicos tenham medicamentos gratuitos».

Simultaneamente, regista a necessidade de investir e reforçar os serviços públicos nacionais de saúde, «capacitando o País, produtiva e tecnicamente, libertando patentes, com vista a responder às suas necessidades quanto a medicamentos, no quadro da sua soberania e também criando o Laboratório Nacional do Medicamento».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui