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Fórum de São Paulo deve reforçar a integração e a unidade continental

O Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima defende o reforço dos blocos de unidade política, social e cultural latino-americanos e caribenhos, a propósito do XXVI Encontro do Fórum de São Paulo.

Créditos / @ForodeSaoPaulo

Numa longa carta, a plataforma brasileira apresentou as suas linhas de actuação e propôs alguns tópicos, em seu entender «prioritários e estruturadores» da luta anti-imperialista, a debater no encontro, que se prolonga até dia 2 de Julho em Brasília.

O fortalecimento dos BRICS e de blocos como Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União das Nações Sul-americanas (Unasul) é um dos pontos referidos.

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Respeito pela soberania dos povos marca XXV Fórum de São Paulo

Decorre em Caracas, a partir desta quinta-feira, a 25.ª edição do Fórum de São Paulo, onde assumem destaque a defesa da soberania e o apoio à Venezuela, face aos ataques do imperialismo.

O apoio à Venezuela face aos ataques do imperialismo e a defesa da soberania dos povos são temas em destaque na actual edição do Fórum de São Paulo
Créditos / Correo del Orinoco

O encontro, que este ano tem lugar na capital venezuelana, prolonga-se até ao próximo domingo e conta com a participação de mais de 450 representantes de movimentos sociais e partidos políticos de esquerda da América Latina, América do Norte, Ásia, África e Europa, disse Tania Díaz, membro da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela numa entrevista concedida à VTV.

Também em declarações à VTV, Adán Chávez, vice-presidente para os Assuntos Internacionais do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e embaixador da Venezuela em Cuba, destacou a importância da realização do fórum, este ano, em Caracas, tendo em conta que o país caribenho é alvo de agressões reiteradas e «a resposta às manobras de domínio hegemónico» será um dos elementos em debate nesta «tribuna de defesa da autodeterminação e da paz».

Por seu lado, o membro do Secretariado do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, Víctor Gaute, em declarações à Prensa Latina à chegada ao país sul-americano, afirmou que, nas sessões do fórum, a Ilha irá respaldar a causa venezuelana face às agressões sistemáticas dos Estados Unidos, bem como a exigência do fim da ingerência de Washington nos assuntos internos da Venezuela.

Gaute, que lidera a delegação da maior ilha das Antilhas, destacou que o encontro será dedicado ao 236.º aniversário do nascimento de Simón Bolívar, aos 66 anos dos assaltos em Cuba aos quartéis Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, bem como 65.º aniversário do líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez.

Para Gaute, o êxito dos quatro dias do Fórum de São Paulo está assegurado, graças ao trabalho realizado pelos partidos venezuelanos que integram o Grande Pólo Patriótico, que mostrarão ao mundo a experiência acumulada pelo povo durante os 20 anos da Revolução.

Após o encerramento desta 25.ª edição do Fórum, «a esquerda sairá reforçada, como aconteceu na década de 1990, quando o líder brasileiro Luis Inácio Lula da Silva e o comandante Fidel Castro criaram esta iniciativa», destacou.

«Este XXV Fórum de São Paulo servirá também para concretizar a unidade latino-americana e caribenha», disse ainda o dirigente político cubano à Prensa Latina.

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Na extensa lista apresentada, o comité defende o debate de «tarefas históricas», nomeadamente sobre as «formas actuais de construir o poder popular de baixo para cima».

«Defender o socialismo como alternativa ao modo de produção capitalista» e «buscar um avanço mais além da resistência» são outras tarefas a debater.

A missiva propõe ainda que se estude «com mais detalhes e objectividade a dinâmica da penetração capitalista e seus instrumentos».

Da mesma forma, defende a criação de uma «linguagem acessível a públicos com menos acesso à informação e conhecimento crítico», para assim combater os estereótipos criados pela semântica da direita.

Um outro ponto referido pelo comité é o da superação das «divisões existentes no campo da esquerda, as vaidades, as competições, unificando a acção para encontrar os caminhos e avançar no processo revolucionário».

Defende igualmente a construção de «tácticas que fortaleçam a estratégia socialista, levando em conta o senso de urgência imposto pelo desastre sócio-ambiental planetário», que resulta do actual modo de produção capitalista.

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«Aproveitar o Fórum para reforçar a unidade e retomar a iniciativa política»

As palavras são de José Ramón Balaguer, responsável das Relações Internacionais do PCC, no decorrer da primeira sessão do XXIV Fórum de São Paulo, que começou domingo e termina terça-feira em Havana.

Mais de 400 delegados participam no XXIV Fórum de São Paulo, em Havana, que decorre entre 15 e 17 de Julho
Créditos / Cancillería de Cuba

Os mais de 400 delegados participantes no Fórum centram hoje as suas atenções e debates na questão da necessidade da integração latino-americana e caribenha. De acordo com a Prensa Latina, este dia ficará ainda marcado pela realização de encontros de jovens, mulheres e deputados em que serão partilhadas as experiências dos partidos e movimentos de esquerda que se fazem representar na capital cubana.

Na jornada inaugural, este domingo, ficou patente a defesa da solidariedade para com governos da região que são alvo de ataques por parte da direita e do imperialismo, como a Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, e com Lula da Silva, no Brasil.

Resistir e arremeter

Fundado no início dos anos 90 pelo líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, e pelo dirigente político e depois presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o Fórum de São Paulo decorre hoje num contexto de forte investida contra as forças progressistas no hemisfério. Ambas as ideias foram vincadas pela secretária executiva do organismo, Mónica Valente, no seu discurso de abertura.

«A ideia visionária destes dois líderes de constituir uma plataforma política anti-imperialista e anti-neoliberal, sob o lema da unidade e do consenso, parecia uma utopia que jamais alcançaríamos», disse Valente. «Mas, ao longo dos anos, a ideia de uma América Latina e Caraíbas soberana, integrada, com desenvolvimento económico e social para todos tornou-se possível, verdadeira, concreta», acrescentou.

No entanto, alertou para a «forte contra-ofensiva do imperialismo e do neoliberalismo» que hoje se vive, para «os ataques […] mais brutais que podíamos imaginar quando estávamos a construir esta nova América Latina e Caraíbas», indica o Cuba Debate.

Valente, que enalteceu a importância da resistência política, pediu que se faça uma «análise profunda da actual situação».

Grande apoio a Lula

Esta primeira sessão contou com a participação de várias personalidades latino-americanas, como Dilma Rousseff, presidente destituída do cargo, no âmbito do golpe em curso no Brasil, e o lutador independentista porto-riquenho Óscar López Rivera. Entre os delegados presentes, havia representantes convidados de partidos e movimentos de esquerda da Ásia, da Europa e da África.

Na sua intervenção, a ex-presidente brasileira afirmou que «o seu crime e o de Lula foi defender os humildes e a soberania sobre os recursos naturais». «Nós nunca aceitámos a entrega às transnacionais do petróleo e dos recursos do país, por isso nos perseguiram e ocorreu o golpe», declarou, citada pela Prensa Latina.

Em nome dos pequenos estados das Caraíbas, falou o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que chamou a atenção para os ataques do imperialismo e da direita, e também não esqueceu a situação de Lula: «Um dia é a Venezuela, outro o Brasil e depois a Nicarágua. Lembremo-nos sempre do golpe de Estado contra o governo de Manuel Zelaya nas Honduras em Junho de 2009. Agora Luiz Inácio Lula da Silva está preso, mas o povo apoia-o porque continua a vê-lo como seu líder», referiu.

Sublinhou que o imperialismo fez mossa e «nos dividiu muito», mas mostrou-se confiante em que a juventude leve por diante «a luta anticolonialista, anti-imperialista, anti-neoliberal». «Para eles, devemos construir uma unidade mais ampla», frisou.

«Construir a unidade foi e é fundamental»

Falando no Palácio das Convenções, onde decorre o Fórum, o dirigente do Partido Comunista de Cuba (PCC) José Ramón Balaguer pediu aos partidos e movimentos progressistas da região que trabalhem juntos face às investidas do neoliberalismo e lembrou os apelos de Fidel Castro em prol da unidade.

«As suas reflexões a favor da mais ampla unidade anti-imperialista e em prol da integração latino-americana e caribenha, as suas críticas ao neoliberalismo e os seus apelos de firmeza e optimismo face à desintegração da URSS ainda ecoam neste recinto», disse Balaguer, que dedicou a Fidel e a Lula, «artífices da criação do Fórum», esta nova edição.

Balaguer disse que o PCC tudo fará para contribuir para que este encontro termine com acordos práticos e com uma maior consciência da necessidade de avançar na unidade: «Para os revolucionários cubanos, essa unidade continental é essencial», disse, acrescentando que «construir a unidade foi e é fundamental para neutralizar qualquer ofensiva adversária», indica o Cuba Debate.

Ramón Balaguer salientou que «a direita dedica grandes recursos financeiros para desqualificar as experiências de governos progressistas e denegrir as políticas sociais», e, por isso, pediu que não se caia no jogo de quem vê mais falhas que conquistas no momento de analisar as experiências dos últimos anos.

E insistiu: «Entre nós há mais coincidências que divergências […]. As possibilidades de vitória multiplicam-se se houver unidade.»

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Para o comité, é importante «resgatar o trabalho de formação política de base, numa perspectiva revolucionária, classista e que una as lutas da cidade, do campo, das florestas e de todos os oprimidos e explorados no enfrentamento ao imperialismo».

O comité também declara o apoio às lutas dos povos palestiniano e saarauí, à libertação de Pedro Castillo, no Peru, bem como aos «processos revolucionários cubano, sandinista e bolivariano».

Integração para fazer avançar a soberania

A actual edição do Fórum de São Paulo, em Brasília, que se segue à que em 2019 se realizou em Caracas, tem como lema «Integração regional para avançar a soberania latino-americana e caribenha».

«Existem dois contextos que embasam isso. Um deles é o contexto mundial, de um mundo que avança para a multipolarização, e você precisa ter uma América Latina forte, integrada, unida para estar neste mundo», disse ao Brasil de Fato a secretária de Relações Internacionais do PCdoB e uma das organizadoras do Fórum, Ana Prestes.

«E o outro é o contexto regional de vitórias eleitorais de partidos de esquerda, partidos progressistas, o que facilita a retomada de uma agenda integracionista depois de muita destruição», explicou.

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