Em Portugal cobram-se, nos empréstimos, as mais altas taxas de juro da Europa. São sete milhões que, revela o Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira (Sintaf/CGTP-IN) num comunicado, chegavam para pagar as operações da banca, enquanto que as famílias a pagar créditos à habitação se deparam com grandes dificuldades. Por outro lado, denuncia, em Portugal paga-se uma das mais baixas taxas de remuneração dos depósitos, o que leva a banca a obter rendimentos 9,8 acima da Europa.
Vários foram os lucros revelados hoje referentes ao primeiro trimestre de 2023. Parece que o cinto aperta mas só para alguns. Santander, BBVA ou Deutsche Bank (que mesmo assim vai despedir 800 trabalhadores) são exemplos disso. Os lucros do Santander subiram 19,6% para 186 milhões de euros, mesmo tendo registado uma diminuição de quase dois mil milhões de euros nos depósitos dos clientes. Estes lucros são justificados pelo presidente executivo do Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida, pela «subida das taxas de juro e pelo aumento da remuneração dos depósitos». Segundo o comunicado do banco, o produto bancário, ou seja, o conjunto das receitas recebidas por uma instituição financeira através de comissões, juros, trading, operações interbancárias foi de 407,9 milhões (+23%), algo que reflecte directamente as medidas impostas pelo BCE. Os dados do Santander indicam ainda que o crédito a clientes teve uma redução de 2,2% nos primeiros três meses do ano a carteira de crédito hipotecário caiu 1,8%. Isto conjuga-se com o já referido e que consta no comunicado: «os recursos de clientes, no montante de 44,8 mil milhões de euros, registaram uma redução de 5,5% face ao final do primeiro trimestre de 2022, fruto de uma diminuição dos depósitos (-4,9%), largamente associada à mencionada amortização antecipada de créditos. Na mesma linha que o Santander encontra-se ainda os lucros o BBVA que viu subir 39,4% para 1.846 milhões no primeiro trimestre do presente ano. Segundo os dados revelados à CMVM espanhola, esta subida de lucros dá-se mesmo tendo em conta os 225 milhões de euros destinados ao pagamento do imposto extraordinário à banca espanhola. De acordo com o banco, a carteira de crédito, que é o somatório do saldo devedor dos empréstimos e financiamentos realizados, aumentou 9,8% face a março de 2022 em euros constantes. Isto, mais uma vez deve-se ao aumento das taxas de juro que mais uma vez comprovam que servem para engrossar lucros bancários à custa dos rendimentos do trabalho. Por último, e tendo mais um banco estrangeiro como exemplo, o Deutsche Bank registou o maior lucro em uma década. A maior instituição financeira da Alemanha teve um lucro líquido de 1900 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Com estes resultados, o administrador financeiro, James von Moltke, evitando dar sinais de fragilidade, disse em comunicado que o banco está totalmente capitalizado. Apesar dos resultados, o Deutsche Bank vai avançar para despedimentos de 800 postos de trabalho com o objectivo de poupar 500 milhões de euros. Juntamente com outras «restruturaçẽs», o banco alemão prevê uma poupança total de 2500 milhões de euros. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
Banca engrossa lucros à custa das dificuldades
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O Sintaf afirma que, apesar dos «lucros fabulosos» apresentados pelos bancos, estes e «alguns sindicatos» chegaram à conclusão «que não há margem para aumentos dignos, que visem recuperar o poder de compra dos trabalhadores bancários».
A estrutura sindical recorda que, em 2021, com uma inflação de 1,3%, os aumentos salariais foram de 0,5% para os trabalhadores bancários e 1,7% para as administrações. Já em 2022, com uma inflação de 8,1%, os trabalhadores tiveram uma actualização de 1,1%, que foi de 20% para os administradores. Em relação a 2023, o SINTAF refere a inflação prevista de 5,3% e aumentos de 4,5% para os trabalhadores, admitindo que o valor não vai «ao encontro dos anseios dos trabalhadores» nem das dificuldades que sentem no dia-a-dia.
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