Começa a levantar-se a lebre, embora sem grande impacto no debate público, quanto à possibilidade de recrutamento de estrangeiros para integrar as Forças Armadas portuguesas. A ideia seria a do recurso a imigrantes que quisessem obter a nacionalidade portuguesa através da prestação de serviço militar, uma espécie de «vistos gold» dos pobres. Uns branqueiam capitais outros «dariam o corpo ao manifesto».
Uma situação que, a prazo, levaria não só à alteração da divisa da Marinha de Guerra, mas também a modificações no Estatuto da Condição Militar e na fórmula do «juramento de bandeira», considerando que, para além da subordinação «ao interesse nacional», em ambos os casos são focados os riscos inerentes ao cumprimento das missões militares, nomeadamente «com o sacrifício da própria vida». Perguntar-se-á o que significaria para os imigrantes o chamado «interesse nacional», sendo que ele parece já não dizer grande coisa a alguns mandantes do poder político e económico, para quem salários dignos, estabilidade no emprego e apoios sociais a jovens casais visando o aumento da natalidade, são ideias «velhas», do passado.
Por outro lado, quem estaria disposto a sacrificar a própria vida por uma pátria que, se trata mal os seus filhos (baixos salários, trabalho precário, habitação inacessível, etc.), pior trata os enteados? Basta olhar para as «Odemiras» que proliferam por todo o País.
Em que estarão a pensar os arautos das Forças Armadas do futuro? Em barcos carregados de imigrantes ilegais para preencher as muitas vagas existentes nas Forças Armadas? Em preencher as vagas, resultantes dos pedidos de abate ao quadro de militares altamente especializados que vão exercer os seus conhecimentos fora de Portugal, com imigrantes para forças expedicionárias?
Na verdade, parece não estarem a pensar em aumentar vencimentos e dignificar a Condição Militar, mas, sim, em fazer mais uns estudos para entreter o pagode, quando se sabe que a principal causa dos pedidos de rescisão e da não renovação de contratos do pessoal voluntário, e dos pedidos de abate aos quadros permanentes, são as remunerações e os vencimentos. É essa a razão fundamental para cerca de dois terços dos que abandonam a estrutura militar, para além da sobrecarga de trabalho e da deficiente qualidade das instalações e dos equipamentos.
Aqueles que vêem na imigração a solução para o problema estrutural das Forças Armadas, não apontam para a necessidade de ser o sector privado a ir a reboque de um sector público, enquanto motor de progresso e de justiça social. Pelo contrário, olham para um Estado atrelado ao sector privado, com precariedade, baixos salários e más condições de trabalho, de que são exemplo os sectores da agricultura, da hotelaria e do turismo.
O que pensará de tudo isto o Comandante Supremo das Forças Armadas, iminente constitucionalista e Mais Alto Magistrado da Nação? Aguardemos.
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