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«África tem tudo para se tornar potência», diz Lula em encontro da CPLP

Na última etapa da sua viagem por África, o presidente brasileiro esteve em São Tomé e Príncipe, onde assinou acordos e reafirmou o apoio do Brasil ao desenvolvimento do continente.

Lula da Silva durante a XIV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em São Tomé, a 27 de Agosto de 2023 
CréditosRicardo Stuckert / @LulaOficial

Lula da Silva esteve este domingo em São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe, para participar na XIV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Na abertura do evento, refere o Brasil de Fato, o chefe de Estado brasileiro enfatizou a união entre os países da CPLP em torno de temas como o combate à insegurança alimentar e o desenvolvimento sustentável.

«A África tem tudo para se tornar uma potência agrícola, com capacidade para alimentar seu povo e o mundo. O Brasil continuará a ser parceiro nessa empreitada», afirmou Lula, na presença de representantes dos nove países membros da CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

No seu discurso, Lula falou sobre o problema da fome, sublinhando que, sem alimentação adequada, não há perspectiva de vida digna. Neste sentido, afirmou a necessidade de cooperação internacional entre os países lusófonos para enfrentar o problema.

«A maioria dos países da CPLP possui uma população jovem. Para que eles tenham esperanças de um futuro melhor, a sustentabilidade tem de ser promovida, desde agora, nas suas três dimensões: a social, a económica e a ambiental», disse.

Foto de grupo da Conferência // Ricardo Stuckert / @LulaOficial

Durante o encontro, que tinha como lema «Juventude e Sustentabilidade», Lula da Silva disse que abordar estes temas «é falar de futuro».

«Quando eu era jovem, os dilemas da minha geração pareciam ser mais simples. As novas gerações vivem com as incertezas de um mercado de trabalho que se transforma, com o desemprego e a precarização que alcançam novos patamares. É importante recorrer à própria juventude para entender essa nova realidade», disse o presidente brasileiro, citado pelo Portal Vermelho.

«Com as mudanças no mundo do trabalho, vivemos o desafio de dinamizar nossas economias garantindo trabalho digno, salário justo e protecção aos trabalhadores e trabalhadoras», frisou.

Acordos firmados

No que respeita aos acordos assinados durante a viagem, um prevê cooperação e facilitação de investimentos entre o Brasil e São Tomé e Príncipe. O outro é um memorando de entendimento entre os órgãos da diplomacia dos dois estados.

A presença em São Tomé e Príncipe representou a última etapa da viagem africana de Lula da Silva, que esteve na África do Sul para participar da Cimeira do BRICS e em Angola, em visita oficial, onde participou na assinatura de acordos bilaterais e procurou reforçar as parcerias entre ambos os países.

Presença de Lula na cimeira da CPLP reaproxima Brasil aos países africanos de língua portuguesa e do Atlântico Sul

A presença de Lula da Silva, além de conferir maior relevância ao evento, é um passo importante na retoma da presença brasileira no continente africano e na revalorização das parcerias com países do Sul Global como um todo, defendeu a professora de Relações Internacionais Kamilla Raquel Rizzi, especialista em África portuguesa e CPLP.

Em declarações ao Brasil de Fato, Rizzi disse que a ida do presidente brasileiro demonstra uma «escolha diplomática cirúrgica, de revalorização das coligações ao sul e dos Palop (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) na política externa brasileira, e do próprio Atlântico Sul, geopoliticamente falando».

Lula da Silva com João Lourenço, presidente de Angola, durante a visita oficial que terminou este sábado, 26 de Agosto de 2023 // Ricardo Stuckert / Brasil de Fato

A professora destacou ainda a tentativa de revitalização da Zopacas (Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul), pauta brasileira da política externa e de defesa brasileira, com a reunião ministerial que ocorreu em Cabo Verde, em Abril deste ano.

Na política externa brasileira, Rizzi vê uma «clara prioridade» dada à reinserção do país no sistema mundial de forma «propositiva e protagonista, reconstruindo pontes e redes deixadas em segundo plano nos últimos seis anos».

Apesar da complexidade da conjuntura internacional, repleta de instabilidades, conflitos e crises, a docente defende que o tabuleiro político actual apresenta «possibilidades reais» de o Brasil retomar o seu papel de potência regional com pretensões globais. «A proximidade do Brasil com outros países do Sul Global não os torna competidores, mas parceiros de acções e visão de mundo muito apurada e crítica», disse.

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