A Cidade do Panamá, sobretudo, tem sido palco de mobilizações e de alguns confrontos com as unidades anti-distúrbios das forças policiais, que lançam gás lacrimogéneo para dispersar os «protestos acalorados» contra a concessão à Minera Panamá.
Estudantes universitários, ambientalistas, representantes de diversas organizações sociais e sindicais têm-se juntado, nas imediações da Assembleia Nacional, para exigir aos deputados que rejeitem o acordo de concessão aprovado em Conselho de Ministros e que está a ser debatido numa comissão parlamentar de Comércio e Assuntos Económicos.
Em Março deste ano, houve acordo entre o governo panamenho e a filial da transnacional canadiana First Quantum, que explora a maior mina de cobre da América Central, em Donoso (província de Colón). O pacto concessiona a exploração de cobre, ouro e manganésio na mina por 20 anos, extensíveis.
Marcos Andrade, porta-voz da Alianza Pueblo Unido por la Vida, disse em conferência de imprensa que, agora, serão permanentes as manifestações para contestar este pacto, porque «viola a soberania nacional e atenta contra a natureza».
Andrade, que é também dirigente sindical, afirmou que o acordo envolve concessões a empresas estrangeiras não apenas de espaços como o da mina de cobre a céu aberto, em Colón, mas quase metade do território nacional, com o saque daí resultante dos recursos naturais do país.
Central Nacional de Trabajadores de Panamá, Confederación Nacional de Unidad Sindical Independiente (Conusi), Frente Nacional por la Defensa de los Derechos Económicos y Sociales (Frenadeso), Convergencia Sindical, Federación Auténtica de Trabajadores e ambientalistas do movimento Panamá Vale Más Sin Minería são algumas das organizações que se têm pronunciado contra a concessão, afirmando que fere os interesses do país.
Estas organizações são também algumas das que convocaram uma mobilização nacional para a próxima terça-feira, na Cidade do Panamá, contra o contrato de concessão firmado, indica a Prensa Latina.
Oposição expressa também na comissão parlamentar
Na Assembleia Nacional, Marcos Andrade, também secretário-geral da Conusi, exigiu a realização de um plebiscito, para que o povo panamenho decida se o contrato mineiro o beneficia.
De acordo com o governo, o acordo traz ao país um lucro mínimo anual de 375 milhões de dólares só em taxas de exploração, mas, na comissão parlamentar, Andrade afirmou que a empresa continua a saquear os recursos naturais e a violar a soberania, provocando sérios danos ao ambiente.
«A Constituição obriga os deputados a agir em defesa do interesse do país; pensem nos vossos filhos, nos vossos netos, nas vossas famílias, no povo e no futuro das novas gerações», disse.
Saúl Méndez, secretário-geral do Sindicato de los Trabajadores de la Construcción e também porta-voz da Alianza Pueblo Unido por la Vida, expôs igualmente na comissão a sua oposição a um pacto que entrega ao capital estrangeiro grandes áreas de terra nacional, implica «a destruição do corredor biológico mesoamericano» e dá benefícios fiscais à empresa em funções.
Por seu lado, o economista William Hughes, também da Alianza Pueblo Unido por la Vida, destacou a ilegalidade das operações da Minera Panamá, que «saqueia recursos que pertencem a todos os panamenhos e em flagrante violação da segurança jurídica».
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