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TAP: PS privatiza à boa moda da direita

Após reunião do Conselho de Ministros, João Galamba reconhece que a TAP dá lucros e Fernando Medina diz que a sua privatização será no mínimo de 51%, podendo ser mais. Como a direita, PS entrega o ouro aos bandidos.

CréditosRegis Duvignau / Reuters

Já se sabia da vontade do Governo. Já se sabia também que o PS foi mudando de posição mediante os ventos e ditames da União Europeia. Sabia-se ainda que o PS e a direita nunca estiveram interessados em discutir a gestão privada da TAP, a privatização do Governo PSD e as suas consequências nocivas para os interesses nacionais. Sabia-se, por fim, que a necessidade de fazer da Comissão de Inquérito algo que não devia ser, correspondia a todos esses interesses, tanto do PS como da direita, em privatizar a companhia aérea.

Hoje, o Governo anunciou a decisão do Conselho de Ministros de avançar formalmente para a privatização da TAP. No anúncio estavam presentes Fernando Medina, ministro das Finanças, e João Galamba, Ministro das Infraestruturas. Entre outros anúncios, foi a TAP o elemento de relevo na conferência de imprensa.  

O momento não deixou de ser elucidativo e deve ter feito alguma inveja aos partidos de direita uma vez que deixou claro qual a política a ser levada a cabo no exercicio do poder. Com grande solenidade, a primeira palavra pertenceu a Fernando Medina que começou por dizer sobre a privatização que «neste processo, o Governo definiu que pretende alienar pelo menos 51%» e que «procura neste processo um investidor de escala no sector aéreo, ou consórcio por ele liderado».

Entre os vários objectivos elencados, que estarão, alegadamente, no caderno de encargos, Fernando Medina nunca disse como serão garantidas essas ressalvas que supostamente garantem o interesse público. Apenas vincou que o investimento é importante.

Numa linha de venda também, mas no papel do comercial que a faz, João Galamba limitou-se a embelezar a TAP, vincando o lucro da empresa. Disse o ministro das Infraestruturas que «os resultados da TAP são conhecidos, são francamente positivos, muito acima do previsto no plano de reestruturação e bastante acima das principais companhias aéreas da Europa. A TAP está a crescer significativamente em receitas, em passageiros transportados e mais importante de tudo nos seus resultados. A TAP no primeiro semestre teve resultados de cerca de 23 milhões, o que compara com 200 milhões de euros positivos no ano anterior. Portanto é um aumento significativo. Se no ano passado já tivemos resultados históricos, perspectiva-se que o ano de 2023 seja ainda melhor».

Com este anúncio, o Governo confirmou assim que quer seguir cegamente as imposições da União Europeia e que nacionaliza os prejuízos e privatiza os lucros. No final do dia, o Governo do PS fez o mesmo que o PSD/CDS, mas à luz do dia. 
 

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