Para reclamar aos diversos governos, nomeadamente à Xunta, que assumam as suas responsabilidades na defesa da língua galega, milhares de pessoas manifestaram-se pelas ruas de Compostela na sexta-feira passada, 17 de Maio, Dia das Letras Galegas.
A plataforma Queremos Galego escolheu o lema «Um idioma galego vivo é a melhor garantia de uma Galiza viva» para a manifestação deste ano, porque, à beira de se cumprir o 20.º aniversário do Plano Geral de Normalização Linguística, «é necessário reclamar acções a favor do galego em todos os âmbitos, para reverter a actual situação de emergência linguística», lê-se no portal da Confederação Intersindical Galega (CIG), que integra a plataforma.
«Para uma Galiza viva, activa e consciente das suas capacidades, precisamos de um governo realmente comprometido com a sua obrigação de promover o uso, a presença e a disposição da língua, com um galego vivo», afirmou-se na Praça da Quintana, repleta de gente, no acto que pôs fim à mobilização.
Sob a batuta de Isa Risco, o acto final contou com a actuação do grupo Dakidarría e com a intervenção de Marcos Maceiras, presidente da Mesa pela Normalização Linguística e porta-voz da plataforma Queremos Galego.
Ao intervir, Maceiras salientou que «os povos que aspiram a níveis altos de desenvolvimento social se mantêm e apoiam na normalidade da sua língua para todos os usos e em todos os espaços, como necessidade que indica a força, a autoestima e a confiança em si mesmos».
Referindo-se a Luísa Villalta – escritora a quem a Academia Galega dedicou o Dia das Letras desde ano –, Marcos Maceiras disse que, como ela, tantas vezes, a sociedade galega que se manifestou pelas ruas de Compostela «não fica impassível perante o genocídio a que o povo palestiniano está a ser submetido». «A luta pela Galiza e pelo galego também é a solidariedade com a luta do povo palestiniano», afirmou.
«Viver plenamente em galego»
Antes da intervenção final de Maceiras, houve lugar à leitura de um manifesto, a cargo do secretário-geral da CIG, Paulo Carril, de representantes da Coordinadora de Traballadores/as de Normalización da Lingua, da AS-PG, de Erguer, da Asociación de Actores e Actrices de Galiza, da Galiza Cultura e da Mesa pola Normalización Lingüística.
No documento, denuncia-se que, nos últimos 20 anos, não só não se desenvolveram as 400 acções e medidas concretas que o Plano Geral de Normalização da língua inclui, como se registaram, inclusive, «importantes retrocessos».
Em simultâneo, afirmou-se que é possível «um futuro novo para a nossa língua», destacando-se a necessidade de um ensino em galego que «garanta a competência na nossa língua», permita a integração de novos falantes e o conhecimento da realidade galega face ao actual «modelo desgaleguizador».
A este propósito, a Queremos Galego manifestou preocupação com dados que indicam que 24% dos jovens da Galiza se sentem incapazes de falar em galego.
Nesta linha, reivindicou medidas a nível audiovisual e acções na administração, nos serviços públicos, na saúde, na justiça, entre outras áreas, de modo a garantir que o atendimento inicial seja realizado em galego.
Defendeu ainda que o galego vivo se deve sentir em todos os espaços e lugares do território, nomeadamente por via do respeito da toponímia galega, que é a única legalmente válida, mas «que novamente se pretende apagar e perseguir com a permissividade dos governos central e autonómico».
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