Nas mobilizações desta quarta-feira, os trabalhadores das limpezas de edifícios e espaços vincaram a defesa de acordos colectivos dignos e a luta contra as «atitudes regressivas» do patronato, tendo adiantado que a luta se irá intensificar já este Verão.
Na província de Pontevedra, as negociações para renovar o convénio do sector romperam-se em Abril deste ano, ao cabo de 16 reuniões, porque, afirma a Confederação Intersindical Galega (CIG), o patronato insistia «em aumentos salariais insuficientes», se recusava a reduzir a jornada laboral e a incluir a cláusula de revisão salarial, de modo a garantir o poder de compra.
Contra a precariedade e a exploração, em defesa de melhores salários e condições laborais, as trabalhadoras da limpeza na província galega de Lugo estão há cem dias em greve. Assim o assinalou na sua conta de Twitter (X), esta terça-feira, a Confederação Intersindical Galega (CIG), que se referiu aos «100 dias de luta e dignidade» e aos «100 dias de resistência» – equivalentes ao tempo da greve realizada pelas trabalhadoras do sector em defesa de um «acordo digno». «Incansáveis e dispostas a continuar a lutar até conseguir umas condições salariais e laborais justas», estas trabalhadoras «são um exemplo para toda a classe trabalhadora galega», afirma a central sindical, frisando que «a luta é o único caminho». No dia anterior, 22 de Janeiro, a CIG condenou de forma veemente o ataque com ovos à caravana das trabalhadoras, estando a ponderar fazer queixa à Polícia. Segundo explica a organização sindical no seu portal, a caravana, estacionada em frente ao edifício multiusos da Xunta na cidade de Lugo, «simboliza a resistência e a dignidade» das trabalhadoras que há mais de três meses fazem greve reivindicando «um acordo digno». A CIG lamenta o ataque, que classifica como «cobarde e pouco solidário», a uma viatura estacionada no local para «dar visibilidade à luta das trabalhadoras da limpeza e reclamar a intervenção da administração autonómica no conflito». Em simultâneo, a caravana já serve como um ponto de encontro para as trabalhadoras do sector, havendo junto a ela um piquete, de manhã e à tarde, para lembrar a quem passa que a sua luta contra a precaridade e a exploração, bem como por melhores salários e condições, se mantém de pé. «A caravana não incomoda, nem estorva ninguém», disse Asunción Castiñeira, representante da CIG, para quem o acto de vandalismo é um «claro exemplo de insolidariedade». «Se o objectivo é desmoralizar as companheiras, estão muito enganados. Ninguém pense que, depois de três meses de greve, com o esforço económico e psicológico que isto implica, uns quantos ovos vão derrotar ou quebrar a força destas lutadoras incansáveis», afirmou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Cem dias de luta e resistência: trabalhadoras da limpeza em Lugo não desistem
Ataque com ovos à caravana das trabalhadoras
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Neste contexto, em Maio os trabalhadores decidiram dar início a mobilizações frente às sedes de várias empresas, que tiveram continuidade esta quarta-feira com uma manifestação e concentração à porta da Stellantis, em Vigo. Em Vilagarcía, houve concentrações nas imediações do Hospital Comarcal do Salnés e às portas do Município.
A CIG diz esperar que a mediação prevista para a próxima segunda-feira, dia 17, em Vigo permita avançar nas negociações, pois, de outra forma, antevê um «Outono quente», com mais mobilizações e greves.
Na Corunha, uma esfregona grande como a capacidade de luta
Mais a norte, na Corunha, os trabalhadores concentraram-se na Praça de María Pita, onde instalaram uma esfregona amarela (que já se tornou o símbolo das suas reivindicações) num formato «tão grande quanto a nossa capacidade de luta».
O protesto teve lugar tendo em vista o início da negociação do novo convénio e tendo conta que «o patronato não vai estar disposto a dar absolutamente nada», refere a CIG no seu portal.
O representante da central sindical galega na mesa de negociações, Paulo Rubido, lembrou que o sector teve de se mobilizar e apresentar uma queixa de conflito colectivo para que a associação patronal estatal aceitasse aplicar a cláusula de revisão salarial incluída no anterior acordo provincial (que caducou no final de 2023).
Tal significou uma vitória sindical – aumento de 9,8% nas tabelas salariais, «a revisão salarial mais alta alguma vez conseguida em qualquer convénio da limpeza» –, que, segundo Rubido, se ficou a dever à acção sindical em conjunto com a acção judicial e, acima de tudo, à disponibilidade dos trabalhadores para lutar.
No entanto, alertou que o sector enfrenta uma «batalha longa e dura», depois de o patronato ter anunciado que iria bloquear a actualização do convénio por um período de três ou quatro anos, alegando que «já aumentaram os salários».
O representante sindical lembrou ainda a elevada precariedade que prevalece neste sector, no qual a grande maioria dos trabalhadores são mulheres, e avisou que, se as negociações previstas para Setembro não correrem de feição, a luta se vai intensificar.
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