Em comunicado, a Associação Trabalhadores do Estado (ATE) afirmou que a Polícia da Cidade de Buenos Aires levou a cabo uma «operação desmedida, violenta e ilegal», na qual deteve dois trabalhadores e militantes da CTA Autónoma.
A ATE repudia de forma enérgica estas detenções, no contexto daquilo que afirma terem sido protestos pacíficos contra os despedimentos na Administração Pública junto ao Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI).
Exigindo a libertação dos trabalhadores detidos, o sindicato reafirma o direito ao protesto, cuja importância se torna maior num contexto em que «milhares de postos de trabalho estão a ser perdidos, condenando à fome e à miséria famílias em todo o país».
Em declarações à imprensa, Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE, denunciou não só a repressão levada a cabo no INTI como «a militarização de toda a Administração Pública». «Propõem-nos um modelo de país que só avança com repressão», criticou.
O governo de Javier Milei voltou à carga contra os funcionários públicos, não renovando contratos e despedindo nos últimos dias mais de 2000 trabalhadores. «Vão trabalhar, como toda a gente», disse Milei a propósito desta nova vaga de despedimentos no Estado.
Entre os visados, contam-se trabalhadores do INTI, dos Parques Nacionais, da Secretaria de Direitos Humanos e do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais.
A repressão «não vai travar a luta contra este modelo neofascista de governo»
Hugo Godoy, secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina Autónoma (CTA Autónoma), falou sobre esta vaga de despedimentos no Estado, tendo lembrado que a repressão é mais forte e intimidante onde os trabalhadores se organizam, realizam plenários.
A Associação Trabalhadores do Estado promoveu uma concentração, em Buenos Aires, frente ao Instituto de Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena, denunciando o seu encerramento e milhares de despedimentos. Na mobilização desta terça-feira, os manifestantes condenaram a intenção do executivo de Javier Milei de não renovar uma parte substancial dos 70 mil contratos de funcionários públicos que vencem no final deste mês e exigiram aumentos salariais que permitam fazer frente à elevada inflação. Tanto na capital federal como nas capitais provincais e outras cidades, reclamaram ainda a reintegração de trabalhadores despedidos, a continuidade do Fundo de Garantia de Sustentabilidade (FGS), o aumento das pensões e reformas, e o fim dos planos de encerramento e privatização das empresas públicas. No decorrer da jornada nacional de protesto, o secretário-geral da Associação Trabalhadores do Estado (ATE), Rodolfo Aguiar, presente em Buenos Aires, afirmou que o actual governo está a enfraquecer e destruir o Estado para os trabalhadores e «a construir o Estado para os empresários». Acrescentou que não pode haver dúvidas da resistência dos trabalhadores a «qualquer possibilidade de que o Estado apareça como garante do saque de todos os nossos recursos naturais, como pretende o governo». «Querem-nos encurralar para que defendamos os postos de trabalho e não falemos de que enfrentamos o maior ajuste salarial dos últimos tempos e, com ele, a grave deterioração de todas as condições de vida dos trabalhadores e reformados», alertou Aguiar. Por seu lado, a secretária-adjunta da ATE, Mercedes Cabezas, destacou que a jornada de protesto teve expressão em todo o país, algo que, em seu entender, se deve também à particularidade de o Instituto de Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena trabalhar «nos territórios, com as comunidades camponesas e indígenas». Com 70 mil contratos prestes a terminar e o «cenário de despedimentos massivos no fim do mês», a Associação de Trabalhadores do Estado (ATE) agendou uma jornada de greve nacional para dia 26. No dia 31 de Março, vencem 70 mil contratos de trabalhadores da Administração Pública Nacional (ANP) e, alerta a ATE, o governo já deu indicações de que não os vai renovar, concretizando uma segunda vaga de despedimentos no sector público. Nesse contexto, a organização sindical convocou uma reunião do Conselho Directivo Nacional para esta quinta-feira, com representantes das 23 províncias e da Cidade de Buenos Aires, na qual decidiu convocar uma jornada nacional de greve e mobilização para o próximo dia 26, de modo a «evitar o cenário de despedimentos massivos no fim do mês». «O tempo acelera e não podemos esperar até Abril para realizar uma nova greve geral», afirmou na véspera o secretário-geral da ATE, Rodolfo Aguiar. «Estão a ser erradicados direitos, destruídos postos de trabalho e demolidos os rendimentos dos trabalhadores, reformados e camadas populares», alertou na sua conta de Twitter (X). Os trabalhadores que agora estão em risco de ser despedidos têm um vínculo precário, apesar de, na maior parte dos casos, trabalharem há anos na Administração Pública. Os seus contratos, temporários, explica o portal canalabierto.com.ar, eram renovados anualmente. A última renovação ocorreu a 31 de Dezembro, por três meses. Ao comunicar a jornada de luta, Rodolfo Aguiar denunciou que o governo de Milei «tenta destroçar o Estado e temos de resistir». «Não podemos permitir que se desestruture o Estado», acrescentou, vincando a necessidade de defender essa estrutura em todo o território nacional. Nos últimos dias, soube-se, por fontes governamentais, da existência de um «manual de despedimentos», no qual se detalha como comunicar e efectivar os despedimentos dos funcionários de todos os organismos estatais, alerta a ATE em comunicado, acrescentando que, segundo o «manual», as primeiras comunicações, verbais, devem ter lugar a 26 de Março. A primeira vaga de despedimentos de trabalhadores do Estado ocorreu poucos dias depois de o governo de Javier Milei ter tomado posse, concretizando-se a 2 de Janeiro. Nessa altura, 1500 funcionários públicos chegaram ao seu local de trabalho e ficaram a saber que já não tinham emprego. Seguiram-se outros 2660, na Télam, na Agência Nacional de Deficiência, no Instituto de Agricultura Familiar, no Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas, etc. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Se o Estado se retirar dos territórios, das comunidades, é muito mais fácil que proliferem outros negócios, neste caso relacionados com o agro, com o monocultivo», disse. Também presente da mobilização de Buenos Aires, Hugo Godoy, secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina-Autónoma, alertou que as medidas do governo vão levar milhares de famílias a viver nas ruas. «Esta unidade na acção que levamos a cabo todas as semanas permitir-nos-á derrotar no menor tempo possível esta experiência nefasta de governo que Milei lidera, e também unificar critérios e convicções para depois sermos capazes de reconstituir o Estado em função da maioria», disse. Neste sentido, defendeu os interesses da classe trabalhadora devem prevalecer e guiar a unidade do movimento nacional e popular. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalhadores argentinos denunciam despedimentos e encerramentos
Internacional|
Alerta para vaga iminente de despedimentos na Função Pública argentina
Manual de despedimentos
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«Unidade na acção vai permitir-nos derrotar esta experência nefasta liderada por Milei»
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«É evidente que se quer destruir um Estado que esteja ao serviço da Memória, da Verdade e da Justiça, que esteja ao serviço das maiorias populares. Por isso reforçam os mecanismos de repressão», disse Godoy na concentração de protesto em Buenos Aires.
Vincou, no entanto, a ideia de que isto não vai travar a luta dos trabalhadores em geral «para enfrentar e derrotar este modelo neofascista de governo».
Protesto contra os despedimentos e o desmantelamento das políticas públicas
Também ontem, os sindicatos promoveram uma mobilização de protesto junto ao Ministério da Justiça, denunciando o despedimento de trabalhadores e o desmantelamento das políticas públicas do ex-Ministério da Mulheres, Géneros e Diversidades.
Em comunicado, a ATE revela que mais de 80% das pessoas que trabalhavam no organismo foram despedidas, com prejuízos directos para os trabalhadores afectados e para as políticas públicas que concretizavam na área das mulheres e dos géneros em todo o país austral.
Este fim-de-semana, soube-se ainda que o governo argentino está a planear acabar com a Linha 144, que dá uma resposta especializada a mulheres vítimas de violência de género, de forma anónima e gratuita.
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