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Cimeira da NATO: o reforço do militarismo e da guerra não são uma gafe

À margem da Cimeira da NATO, a comunicação social optou por desviar as atenções para as gafes do presidente americano, Joe Biden. A análise foi centrada no lateral e serve o propósito de apagar o caminho bélico para onde nos levam.

Foi em Washington, a capital do pólo imperialista, que se realizou a 37.ª Cimeira da NATO entre os dias de 9 a 11 de Julho. O encontro, que também assinalou os 75 anos do bloco político-militar, juntou diversos líderes mundiais para discutir a situação política nos vários pontos do globo de forma a intensificar as linhas de provocação e agressão a outros Estados não alinhados com os seus interesses geoestratégicos. 

Nada de novo surgiu na Cimeira. Foi vincado um forte consenso de que a NATO fará «o que for preciso» para derrotar Putin, ou seja, continuará a guerra em solo ucranino até à última vida, afastando uma solução de paz. Com o anúncio de investimento de 43 mil milhões de euros em despesas militares na Ucrânia para o próximo ano ou com a entrega de F-16 e sistemas de defesa aérea, o sangue de inocentes continuará a ser a derramado, enquanto nos bastidores da NATO e nos bolsos de quem ganha com a guerra continuam a imperar os sorrisos de satisfação. 

Como se tal não bastasse, a aliança do Atlântico-Norte, visou ainda a região da Ásia-Pacífico provocando a China. O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acusou Pequim de ser um «facilitador decisivo» no esforço de guerra russo. Além dos 32 líderes da Aliança Atlântica, estiveram também na Cimeira os líderes de Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão, um claro passo para o alargamento para essa zona do globo. 

Face a tudo isto e ao crescimento de preocupantes tensões no mundo, que estão a levar a uma nova corrida ao armamento, a comunicação social dominante, ao invés de dissecar os objectivos da Cimeira da NATO, optou por centrar as suas atenções nas gafes de Joe Biden. Não está em causa um possível tratamento noticioso do  estado débil do presidente americano, mas antes a forma como tal é instrumentalizado para ocultar o reforço do investimento armamentista e as suas consequências.

Neste sentido, e sabendo que é um assunto que viraliza nas redes sociais, a comunicação social dominante, obediente aos centros de decisão que a controla, definiu como prioritário tratar pura e simplesmente do triste estado em que se encontra Biden, que assim como o seu país que se encontra em declínio relativo e precisa da guerra para o contrariar.

É mais fácil escrutinar gafes que esmiuçar o caminho para o abismo para onde a NATO nos quer levar. No dia em que  se lembrem que todos os seus membros devem entrar nas guerras que em nada interessam aos trabalhadores, é possível que a comunicação social centre as suas atenções num momento caricato que renderá um conjunto de «likes» no instagram. 

A guerra, o sangue derramado, as crianças condenadas a um futuro sem esperança e as mortes não são uma gafe. Quem tem o poder de decisão para definir tudo isto também não cometeu uma gafe. O tratamento noticioso dado a uma gafe também não é uma gafe. 
 

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