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Sindicatos italianos lembram «massacre de Brandizzo» e exigem segurança laboral

Diversas estruturas sindicais italianas promovem, dia 31, uma concentração na estação ferroviária de Brandizzo (Turim), onde há um ano cinco trabalhadores da manutenção perderam a vida.

Créditos / ilgiornale.it

No cartaz em que divulgam a iniciativa, os sindicatos afirmam que ela tem lugar «em memória dos cinco trabalhadores e colegas mortos por um sistema de contratações e subcontratações que despreza a vida humana».

A mobilização solidária é igualmente divulgada num comunicado conjunto, no qual se apela à participação dos trabalhadores ferroviários, «a começar pelos trabalhadores da manutenção que diariamente lidam com aqueles métodos de trabalho».

A iniciativa terá lugar às 11h do próximo sábado, 31 de Agosto, na estação de Brandizzo (área metropolitana de Turim), onde cinco trabalhadores foram mortos há um ano, quando efectuavam trabalhos de manutenção.

Desta forma, os sindicatos, em que se incluem a USB, Cobas, CUB Rail e CUB Trasporti, querem evocar a memória das vítimas da tragédia e promover a reflexão colectiva, bem como lançar iniciativas de mobilização e luta pela saúde e a segurança na ferrovia e em todos os locais de trabalho.

Cartaz / usb.it

O texto recorda que a 31 de Agosto de 2023, os trabalhadores Kevin Laganà, de 22 anos, Michael Zanera, de 34, Giuseppe Sorvillo, de 43, Giuseppe Saverio Lombardo, de 53, e Giuseppe Aversa, de 49, perderam a vida enquanto trabalhavam para manter as linhas a funcionar de forma eficaz.

«Infelizmente, tornaram-se o símbolo do que nunca deve acontecer durante uma actividade de trabalho, que é essencial para a circulação segura dos comboios que todos utilizamos», afirmam, denunciando que se trata de «uma actividade de risco que não encontra o devido reconhecimento em termos de protecção da segurança e da dignidade dos trabalhadores».

Neste contexto, as organizações sindicais promotoras destacam que ao Poder Judicial cabe investigar a relação entre o acidente e causas indirectas, como a subcontratação e as condições a que os trabalhadores são sujeitos nos estaleiros da ferrovia, expondo-os a maiores riscos para a saúde e segurança.

Elevada sinistralidade laboral

Denunciam ainda que a protecção dos trabalhadores ferroviários «não é adequada», à semelhança do que ocorre com os restantes trabalhadores por todo o país transalpino, «como atestam os boletins diários de acidentes mortais, muito graves e graves».

Mesmo sem ter em conta os casos não reportados e/ou ocultos, os números são «inaceitáveis», «como se estivéssemos no dealbar do desenvolvimento industrial do século XVIII e XIX», afirmam.

Ao «massacre de Brandizzo» seguiram-se vários outros, que elencam: cinco trabalhadores morreram em Florença, a 16 de Fevereiro de 2024, no desabamento de um estaleiro de construção; sete trabalhadores morreram na explosão da central Enel em Suviana (Bolonha), a 6 de Abril de 2024; cinco trabalhadores morreram por asfixia num tanque em Casteldaccia, perto de Palermo, a 6 de Maio de 2024, durante a manutenção de uma rede de esgotos.

«Tragédias sensacionais em termos de número de vítimas que se somam ao fluxo diário de mortes no trabalho. Um fenómeno aparentemente imparável, que mostra a gravidade da situação e a relevância da questão da "segurança no trabalho" em Itália», declaram, antes de convidarem a participar na acção de Brandizzo todas as organizações sociais que lidam com o tema.

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