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Novo Governo francês anuncia cortes de 45 mil milhões de euros nos serviços públicos

Depois de 170 mil pessoas se terem manifestado em 190 cidades, o novo Governo francês anunciou cortes de 45 mil milhões de euros nos serviços públicos e no sistema de segurança social. Está explicada a opção de Macron e a austeridade assumida. 

CréditosChristophe Petit Tesson / EPA

Os pensionistas e os doentes serão os mais afectados nos cortes anunciados pelo novo Governo liderado por Michel Barnier que tem o apoio da extrema-direita. Como seria de esperar, a política que será colocada em prática tem como foco atacar o povo e os trabalhadores, mantendo o rumo de destruição que Emmanuel Macron procurou salvaguardar. 

Esta semana, milhares de franceses corresponderam aos apelos da CGT, da FSU, dos Solidaires e das organizações juvenis e saíram à rua para reivindicar aumentos salariais e de pensões, a revogação da reforma do subsídio de desemprego, a revogação da reforma das pensões e o financiamento dos nossos serviços públicos.

Face a isto, seguindo a linha política do ex-governo do partido do presidente francês, o Renaissance, o novo Governo do Les Républicains ignorou por completo a vontade popular que se fez ouvir nas ruas e ao apresentar o projecto orçamental para o próximo ano, anunciou exactamente o contrário do que é reivindicado pelos trabalhadores. 

Não deixa de ser interessante a forma como os 45 mil milhões de euros de cortes nos serviços públicos e no sistema de segurança social. Para iludir os trabalhadores, o Governo de direita disse que iria criar uma contribuição excepcional, que será aplicada aos franceses «mais ricos», afetando 65000 famílias fiscais, ou seja, 0,3% dos agregados, mas que apenas significará, supostamente, mais 15 mil milhões de euros a entrar nos cofres do Estado.

Importa relembrar que num relatório publicado em Julho, o Tribunal de Contas gaulês estima que as reduções fiscais desde 2018 contribuíram para aumentar o défice público: «o impacto é estimado em 62 mil milhões de euros em 2023». Naturalmente que os benefícios fiscais referidos pela autoridade das contas foram dirigidos precisamente para os mais ricos. 

Sobre o corte de 45 mil milhões de euros, já não se assistia a nada semelhante desde Manuel Valls, ex-primeiro-ministro socialista nomeado pelo ex-presidente, também ele socialista, François Hollande. Entre 2014 e 2017, Valls promoveu um corte de 50 mil milhões de euros. 

Segundo Denis Gravouil, membro da mesa confederal da CGT, o corte que agora está a ser avançado por Michel Barnier é pior do que as cativações orçamentais de 15 mil milhões de euros promovidas por Bruno Le Maire, ex-ministro da Economia e Finanças do anterior governo do Renaissance de Macron. 

O objectivo de Michel Barnier passa por seguir a receita de Attal e Le Maire, que prometeram um regresso do défice público abaixo dos 3% em 2029. Para este objectivo, as medidas de austeridade serão uma realidade. As despesas do Estado irão diminuir em mais de 20 mil milhões de euros, haverá uma redução do número de funcionários públicos e os reformados verão a indexação das suas pensões à inflação adiada por seis meses, o que significa uma diminuição real do seu rendimento. 

Com toda esta política de austeridade, a França alinhará com o rumo que a Alemanha também parece estar a seguir. O preço a pagar será a degradação das condições do povo francês, algo que, num contexto de crescimento da extrema-direita, poderá representar um grande perigo no futuro. Mais uma vez, o extremo-centro macronista tem culpas no cartório. 
 

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