|Palestina

Pelo menos mil palestinianos mortos no Norte de Gaza em 24 dias de cerco israelita

Entre domingo e segunda-feira, ataques israelitas a Shujaya, Beit Lahia e ao campo de refugiados de Shati provocaram dezenas de mortos. António Guterres considera «insuportável» a situação dos civis.

Destruição em Beit Lahia, no Norte da Faixa de Gaza Créditos / PressTV

De acordo com as autoridades de saúde, o cerco israelita ao Norte da Faixa de Gaza provocou pelo menos mil mortos. Esta manhã, o bairro de Shujaya voltou a ser bombardeado, havendo registo de pelo menos quatro vítimas mortais.

A Al Jazeera recorda que mais de 80% da população já tinha fugido do bairro e que há poucos edifícios em pé, uma vez que Shujaya foi intensamente bombardeado diversas vezes, por via aérea e terrestre.

O objectivo das forças de ocupação, sugere a fonte, será tornar toda a região «inabitável», arrasando os edifícios residenciais, estruturas de saúde e centros de evacuação que ainda ali subsistem, de modo a impedir que as pessoas regressem.

O mesmo padrão está a tornar-se aplicável a várias outras zonas do enclave costeiro, sobretudo no Norte, onde este domingo as forças sionistas atingiram pelo menos cinco edifícios residenciais em Beit Lahia, matando mais de 40 pessoas – muitas das quais ficaram sob os escombros – e atacaram a Escola Asmaa, no campo de refugiados de Shati, que servia como refúgio para pessoas deslocadas. Pelo menos 11 foram mortas aqui, três das quais jornalistas.

|

Cerco israelita ao Norte de Gaza entra na terceira semana com mais massacres

Dez edifícios residenciais foram arrasados em ataques aéreos a Jabalia, com um saldo de 150 mortos e feridos. Agências dão conta de outro massacre em Khan Younis e de ataques ao Hospital Kamal Adwan.

Aviões israelitas destruíram uma dezena de edifícios na Rua al-Hawaja, em Jabalia, provocando grande destruição e aquilo que a agência Wafa classifica como um «banho de sangue».

De acordo com os dados preliminares da Protecção Civil, pelo menos 150 pessoas foram mortas ou ficaram feridas, num contexto em que as equipas de socorro não conseguem chegar ao local para tentar levar os feridos.

O massacre sionista desta quinta-feira à noite representa um novo episódio da ofensiva israelita em grande escala contra o Norte da Faixa de Gaza, que entra na terceira semana com todos os indícios de «limpeza étnica e genocídio» que a têm marcado, refere a fonte. 

Por seu lado, a Al Jazeera indica que os visados pelo ataque em Jabalia são pessoas que se recusaram a sair do campo de refugiados por estarem exaustas, famintas e saberem que as estradas não são seguras.

Ataques ao Hospital Kamal Adwan

Já havia notícias de que a unidade hospitalar localizada em Beit Lahia, também no Norte de Gaza, estava a ser assediada, cercada e atacada por tropas israelitas, bem como registos das condições extremas em que estava a funcionar. 

Esta manhã, tropas israelitas entraram mesmo no hospital, onde várias janelas foram partidas e a zona de fornecimento de oxigénio foi bombardeada. De acordo com a Al Jazeera, algumas crianças morreram (mas ainda não há números certos). As forças de ocupação efectuaram detenções em grande número e decretaram o esvaziamento do edifício.

Kamal Adwan é uma das poucas unidades de saúde a funcionar no Norte da Faixa de Gaza e, no contexto da ofensiva israelita, foi cercada por viaturas militares. Fontes hospitalares revelaram ontem que havia pelo menos 150 pessoas – pacientes e funcionários – no interior do hospital.

Também ontem, o director da infra-estrutura hospitalar, Hussam Abu Safia, disse à Al Jazzera que havia ali grande número de pessoas feridas. «Perdemos uma pessoa por hora, devido à falta de medicamentos e de pessoal. As nossas ambulâncias não podem transferir pessoas feridas. Aqueles que conseguem chegar aqui por si mesmos recebem tratamento. Mas os que não são capazes morrem nas ruas», afirmou.

Massacres também no Centro e Sul

Ontem, pelo menos 17 pessoas perderam a vida na sequência de um ataque israelita à escola Shuhadaa al-Nuseirat, no Centro da Faixa de Gaza.

Já esta sexta-feira, pelo menos 33 pessoas foram mortas na sequência de ataques aéreos israelitas a uma zona residencial em Khan Younis, no Sul. Destas, pelo menos 14 são crianças. Há também registo de dezenas de feridos, de acordo com a agência Wafa.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

A Aljazeera descreve a situação no Norte do enclave palestiniano como «horrorosa» após 24 dias de cerco, com a comida, a água e os medicamentos a não chegarem à região, e um número indeterminado de pessoas sob os escombros, sem que alguém as possa alcançar – em Jabalia, Beit Lahia ou Beit Hanoun.

Guterres: «Níveis angustiantes de mortes, feridos e destruição»

O secretário-Geral das Nações Unidas disse-se «chocado» com a situação no Norte de Gaza, no contexto do cerco e da ofensiva israelita.

Num comunicado divulgado este domingo por Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, afirma-se que «a situação dos civis palestinianos presos no Norte de Gaza é insuportável».

O texto destaca a situação de «civis presos sob os escombros, doentes e feridos sem cuidados de saúde vitais e famílias sem comida e abrigo».

Pelo menos 180 jornalistas mortos por ataques israelitas em Gaza

O Gabinete de Imprensa na Faixa de Gaixa informou que 182 jornalistas e trabalhadores da imprensa foram assassinados pelas forças de ocupação, no enclave costeiro, desde 7 de Outubro de 2023.

Este número já inclui os três que foram mortos ontem na sequência do bombardeamento contra a Escola Asmaa, no campo de refugiados de Shati (a oeste da Cidade de Gaza). Trata-se de Saed Radwan, da Al-Aqsa TV, Hamza Abu Salmiya, da Sanad News Agency, e Haneen Baroud, que trabalhava para a al-Quds Foundation, refere a Wafa.

O Gabinete instou a chamada comunidade internacional, os seus organismos e associações de imprensa «a travar estes massacres da ocupação e persegui-la nos tribunais internacionais pelos crimes em curso».

O Sindicato dos Jornalistas Palestinianos também condenou o ataque deliberado das forças de ocupação contra os três jornalistas e mostrou-se determinado a perseguir na Justiça os autores destes crimes, sublinhando que não irá descansar até «responsabilizar judicialmente os criminosos de guerra que atacam de forma intencional a voz da verdade».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui