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TeleSur: «olhar distinto sobre a América Latina no meio da ditadura dos algoritmos»

Num encontro em São Paulo, Patricia Villegas, presidente da TeleSur, propôs uma aliança entre os países do Sul para a criação de plataformas em que os media populares possam competir com as grandes redes.

CréditosMonyse Ravena / Brasil de Fato

O auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo foi palco, esta segunda-feira à noite, do evento «Venezuela: os media e o papel da TeleSur», que contou com a participação da presidente da emissora venezuelana, Patricia Villegas.

Promovido pelo Brasil de Fato, o colectivo Comunica Sul e o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o encontro reuniu jornalistas, comunicadores e activistas brasileiros que pretendiam conhecer a experiência de comunicação do país vizinho, e debater «a disputa de narrativas sobre o cenário político e económico da Venezuela e da América Latina», tal como foi anunciado previamente.

Segundo refere o Brasil de Fato, Villegas destacou que a actual conjuntura da América Latina é propícia ao debate da comunicação, especialmente, a comunicação contra-hegemónica e feita a partir do Sul Global.

Patricia Villegas na sessão que decorreu ontem no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo / @Pvillegas_tlSUR

Também destacou o facto de o grande impulsionador da TeleSur ter sido Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela, como forma de resposta à tentativa de golpe de 2002, que, em seu entender, «foi também um golpe mediático».

«A TeleSur oferece um olhar distinto sobre a América Latina, no meio da ditadura dos algoritmos que vivemos», disse Villegas, acrescentando que os desafios da TeleSur são comuns aos veículos populares do continente americano, sem importar a dimensão ou a linguagem usada por cada um.

«Necessitamos de plataformas próprias, um lugar exclusivo para que as nossas informações possam circular. Hoje, o nosso conteúdo produzido a partir da Venezuela, um conteúdo de boa qualidade, é silenciado pelas plataformas, não é distribuído», denunciou.

A jornalista apontou a necessidade de uma aliança técnico-científica entre os países do Sul para a criação de novas plataformas, para que os veículos populares possam competir em igualdade com as grandes redes de comunicação.

«Precisamos de fazer um esforço enorme para que os nossos meios sigam nas ruas, reportando a partir do povo, mais perto de uma agenda popular. Podemos contar histórias que só nós podemos contar e aí diferenciamo-nos», avaliou.

Defendendo a necessidade de um amplo debate sobre comunicação, envolvendo vários sectores da sociedade e não só entre produtores de conteúdos, comunicadores e jornalistas, Patricia Villegas afirmou também que a articulação entre veículos populares é o único caminho para que a comunicação popular possa disputar a hegemonia na América Latina.

TeleSur e Xinhua assinaram um acordo esta segunda-feira, em São Paulo (Brasil), que permite aprodundar a cooperação entre ambos / @Pvillegas_tlSUR

«Precisamos de apoiar e confiar na informação produzida pelos veículos populares. Estamos numa batalha bem desigual: com menos tecnologia e menos recursos financeiros. A nossa única alternativa é seguir lutando», declarou.

Acordo com a Xinhua

Villegas encontra-se em São Paulo (Brasil) para participar na Cimeira dos Media do Sul Global, organizada pela agência Xinhua e a Empresa Brasil de Comunicação.

À margem do encontro, a presidente da TeleSur e o presidente da agência noticiosa chinesa Xinhua, Fu Hua, assinaram esta segunda-feira, na capital paulista, um acordo de cooperação que permitirá «avançar na já sólida relação existente entre ambos os meios de comunicação», refere a TeleSur.

A este propósito, Villegas sublinhou que «a TeleSur e a Xinhua cooperam há anos» e que, desta forma, a emissora com sede na Venezuela irá continuar a construir uma «grande rede», que a «ligue a outros mundos, países e povos, para que tenhamos uma voz cada vez mais forte e consiga fazer ouvir-se».

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