O secretário-geral do Suntracs, Saúl Méndez, anunciou mais mobilizações de repúdio contra os mais recentes acordos firmados com o secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, que, em seu entender, constituem uma afronta à soberania nacional e uma violação flagrante da Constituição da República.
Méndez criticou o presidente panamenho, José Raúl Mulino, e o seu ministro da Segurança, Frank Ábrego, entre outros, por permitirem que se viole o Tratado de Neutralidade do Canal do Panamá (1977), a passagem sem custos para navios da Marinha norte-americana, além do estabelecimento de bases militares.
O presidente Mulino devia ser julgado por traição à pátria, disse o também representante da Aliança Povo Unido pela Vida, referindo-se ao conteúdo de uma Declaração Conjunta, que, entre outros pontos e sob o manto da cooperação na luta contra o crime organizado, contempla exercícios conjuntos e enclaves militares.
Maior colaboração militar entre Panamá e EUA
Segundo refere a Prensa Latina, das conversações oficiais entre Mulino e Hegseth, na terça-feira, resultaram garantias para a passagem expedita dos navios de guerra dos Estados Unidos no canal e a decisão de «trabalhar em conjunto um mecanismo para compensar o pagamento de portagens», algo que os sindicatos e as organizações sociais panamenhas encaram como mais uma concessão de Mulino face às ameaças da Casa Branca de se apoderar do canal.
As partes acordaram igualmente aprofundar a «colaboração» dos EUA em matéria de segurança, através de actividades conjuntas e treinos, com ênfase na defesa do Canal do Panamá, bem como reactivar os exercícios bilaterais no Panamá, em que se incluem operações na selva e o exercício Panamax 2026, centrado na defesa da via interoceânica.
Note-se que, numa conferência de imprensa durante a sua visita de três dias ao Panamá, Hegseth sugeriu que as tropas dos EUA regressassem ao país centro-americano para proteger o canal daquilo a que chamou «influência maligna» da China.
Centsec e contestação na Cidade do Panamá
Na quarta-feira, a Cidade do Panamá acolheu a Cimeira da Segurança da América Central (Centsec), com a presença do secretário norte-americano da Defesa e do chefe do Comando Sul, Alvin Holsey. Na abertura da cimeira, o chefe do Pentágono chegou a afirmar que, em estreita cooperação, irá enfrentar ameaças na região, sobretudo da China.
A cimeira decorreu no meio de fortes protestos nas ruas, para condenar as violações à soberania nacional e o «entreguismo» do governo panamenho, com Méndez a afirmar que os verdadeiros patriotas vão continuar nas ruas para defender a soberania, denunciar a criação de bases militares dos EUA e a atitude servil de Mulino, um aliado de Washington.
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