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Morre jornalista atingido a tiro por forças israelitas em Gaza

Um jornalista palestiniano faleceu esta quarta-feira, depois de ter sido atingido por um atirador israelita há quase 15 dias, quando cobria os protestos da Grande Marcha do Retorno, em Gaza.

Centenas de pessoas participam, em Gaza, no funeral do jornalista Ahmed Abu Hussein, atingido a tiro por franco-atiradores israelitas
Créditos / Twitter

Ahmed Abu Hussein foi atingido no abdómen a 13 de Abril e faleceu ontem no Hospital Tel HaShomer, em Israel, indica a agência Ma'an, referindo-se à informação divulgada pelo Ministério da Saúde em Gaza.

Abu Hussein, de 24 anos, era jornalista na estação de rádio Al-Shaab e fotógrafo do portal Bisan. Quando foi atingido, fazia a cobertura dos protestos da Grande Marcha do Retorno perto do campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza cercada.

De acordo com testemunhas oculares, na altura Abu Hussein usava um capacete e um colete de protecção com a inscrição «PRESS» [imprensa]. A agência noticiosa palestiniana acrescenta que ele se tornou um alvo para os franco-atiradores israelitas apesar de se encontrar a 350 metros de distância da vedação – sendo que Israel tinha declarado o «direito a defender a fronteira» dos manifestantes que se colocassem a menos de 300 metros.

Abu Hussein é o segundo jornalista a morrer depois de ser atingido a tiro por forças israelitas enquanto cobria os protestos nas imediações da vedação da Faixa de Gaza cercada. O primeiro foi o operador de câmara Yaser Murtaja, de 30 anos, que trabalhava para a Ain Media e foi atingido no dia 6 de Abril, vindo a falecer no dia seguinte. Tal como Hussein, também usava um colete com a inscrição «PRESS».

Desde então, Israel tem afirmado que Murtaja era um militante activo do Hamas – algo que tanto a sua família como os seus colegas têm negado, segundo a Ma'an.

O Exécito israelita (IDF) emitiu um comunicado em que afirma não pretender atingir jornalistas, diz desconhecer as circunstâncias em que tal possa ter acontecido e declara estar em curso uma investigação.

Por seu lado, o Sindicato dos Jornalistas Palestinianos acusou em comunicado o Exército israelita de ser «inteiramente responsável por este crime».

Grande Marcha do Retorno

Desde o início da Grande Marcha do Retorno, a 30 de Março (Dia da Terra), as forças israelitas mataram mais de 40 palestinianos. No passado dia 23, o Ministério da Saúde em Gaza revelou que o número de feridos é superior a 5000. Destes, mais de 1700 foram atingidos por fogo real.

O protestos designados como Grande Marcha do Retorno – durante os quais milhares palestinianos se dirigem até à fronteira com Israel para exigir seu direito colectivo de retorno à sua terra natal – devem prolongar-se até 15 de Maio, quando se assinala o 70.º aniversário da Nakba («catástrofe») palestiniana.

O termo refere-se à expulsão de cerca de 750 mil palestinianos e à limpeza étnica levada a cabo quando da criação do Estado de Israel. Hoje, existem milhões de refugiados palestinianos no mundo e estima-se que 70% dos habitantes de Gaza sejam refugiados ou seus descendentes.

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