Nos quatro meses da intervenção militar na Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, decretada por Michel Temer, o número de tiroteios registados foi de 3210, por comparação com os 2355 no período pré-intervenção.
O aumento de 36% nas trocas de tiros é um dos dados que o Observatório da Intervenção divulga no seu mais recente relatório, publicado no sábado passado. O Observatório é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes.
«Passados 120 dias da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, megaoperações policiais e militares sucedem-se, cada vez maiores, com resultados pouco expressivos. Nunca se viu tantos agentes, a custos tão altos, mobilizados para obter tão pouco», lê-se na parte introdutória do documento.
O Observatório da Intervenção critica as incursões pelos «efeitos negativos» que geram e pela falta de eficácia. Acrescenta que, para «desarticular redes criminosas», é necessário investir em «investigação baseada em inteligência», e defende que, para «melhorar a segurança pública», são necessárias «medidas estruturantes». «A intervenção prometeu tudo isso. Mas só está entregando operações, tiroteios e mais mortos em confrontos, inclusive policiais», critica.
De acordo com dados oficiais, entre Fevereiro e Maio, registaram-se no estado fluminense 1794 homicídios dolosos (menos 13% que nos meses anteriores à intervenção); 444 mortes provocadas pela Polícia (mais 34%); e 60 709 roubos (mais 5%).
O documento destaca ainda o aumento do número de operações realizadas sem a divulgação do contingente mobilizado: três em Fevereiro, nove em Março, 34 em Abril e 55 em Maio.
Para obter estes e outros dados, o Observatório da Intervenção afirma ter enviado às várias polícias do estado «77 requerimentos baseados na Lei de Acesso à Informação» em 7 de Maio, dos quais 37 foram indeferidos em 7 de Junho – o que «contraria as promessas de transparência do Gabinete da Intervenção».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui