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Tiroteios no Rio aumentam 36% após a militarização

O último relatório do Observatório da Intervenção – decretada há quatro meses pelo presidente golpista – revela que, desde 16 de Fevereiro, foram registadas 3210 trocas de tiros no estado fluminense.

A intervenção militar no estado do Rio de Janeiro prolonga-se, provocando mais tiroteios e mortos, e sem resultados eficazes, denuncia o Observatório da Intervenção
Créditos / metrojornal.com.br

Nos quatro meses da intervenção militar na Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, decretada por Michel Temer, o número de tiroteios registados foi de 3210, por comparação com os 2355 no período pré-intervenção.

O aumento de 36% nas trocas de tiros é um dos dados que o Observatório da Intervenção divulga no seu mais recente relatório, publicado no sábado passado. O Observatório é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes.

«Passados 120 dias da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, megaoperações policiais e militares sucedem-se, cada vez maiores, com resultados pouco expressivos. Nunca se viu tantos agentes, a custos tão altos, mobilizados para obter tão pouco», lê-se na parte introdutória do documento.

O Observatório da Intervenção critica as incursões pelos «efeitos negativos» que geram e pela falta de eficácia. Acrescenta que, para «desarticular redes criminosas», é necessário investir em «investigação baseada em inteligência», e defende que, para «melhorar a segurança pública», são necessárias «medidas estruturantes». «A intervenção prometeu tudo isso. Mas só está entregando operações, tiroteios e mais mortos em confrontos, inclusive policiais», critica.

De acordo com dados oficiais, entre Fevereiro e Maio, registaram-se no estado fluminense 1794 homicídios dolosos (menos 13% que nos meses anteriores à intervenção); 444 mortes provocadas pela Polícia (mais 34%); e 60 709 roubos (mais 5%).

O documento destaca ainda o aumento do número de operações realizadas sem a divulgação do contingente mobilizado: três em Fevereiro, nove em Março, 34 em Abril e 55 em Maio.

Para obter estes e outros dados, o Observatório da Intervenção afirma ter enviado às várias polícias do estado «77 requerimentos baseados na Lei de Acesso à Informação» em 7 de Maio, dos quais 37 foram indeferidos em 7 de Junho – o que «contraria as promessas de transparência do Gabinete da Intervenção».

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