«Marcámos uma greve para 21 de Julho com concentração em Picoas [onde está a sede da Altice Portugal], mantendo todas as normas sanitárias e de distanciamento, devido à pandemia da Covid-19, para protestarmos contra o despedimento colectivo de 300 trabalhadores do grupo», disse à Lusa o sindicalista Manuel Gonçalves do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav/CGTP-IN), que integra a Frente Sindical.
«Faz quatro anos que derrotámos o projecto de transição de estabelecimento», que tinha a ver com o facto de os trabalhadores «deixarem de pertencer à Meo e passarem pertencer à Sudtel, Tnord e à Improvid», prosseguiu.
Dezenas de activistas sindicais dos sindicatos que compõem a Frente Sindical e a comissão de trabalhadores (CT) da Meo concentraram-se, sexta-feira passada, junto à sede da Altice Portugal, em Lisboa, para darem a conhecer as formas de luta que estão previstas pelos trabalhadores e seus representantes no mês de Julho e que visam travar o despedimento colectivo anunciado pela administração.
Na terça-feira, a Altice Portugal confirmou que iria dar início, «nas próximas semanas», a um processo de rescisões de contratos de trabalho através de despedimento colectivo, no âmbito do Plano Integrado de Reorganização, que abrange cerca de 300 pessoas.
O presidente do Sindicato do Trabalhadores da Altice Portugal (STPT), Jorge Félix, por sua vez, classificou o despedimento dos 300 trabalhadores, de «despedimento político», e disse que espera que o Governo diga de «forma inequívoca e clara» que está contra.
O sindicalista explicou à Lusa que já foi enviada uma carta ao gabinete do primeiro-ministro, António Costa, e feito um pedido de reunião de urgência, para que este, em nome do Governo, diga «alguma coisa» sobre o despedimento.
«Esperamos que [o primeiro-ministro] diga de uma forma inequívoca e clara que está contra estes despedimentos e que muito menos aceitará que qualquer despedimento colectivo que viesse a ser feito na empresa fosse da responsabilidade do Governo», disse.
E prosseguiu: «Ao usar esta argumentação e ao decidir que tem de haver despedimentos colectivos, o que a empresa está a fazer é usar os trabalhadores como arma de arremesso contra o Governo e contra os reguladores para obter os seus objectivos».
Em comunicado, a CT da Meo disse também que os trabalhadores «não podem ser "armas de arremesso" da gestão», na sequência do despedimento colectivo anunciado.
Esta é a primeira vez que a Altice Portugal avança para um despedimento colectivo. As saídas voluntárias no âmbito do Programa Pessoa totalizaram as 1100 este ano.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui