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BPI não despediu para reduzir o quadro de pessoal, foi só para encolher salários

A vaga de despedimentos que o BPI promoveu no ano passado resultou numa redução dos custos com pessoal de quase 10%, mas o número de trabalhadores continua num nível idêntico.

O presidente do Banco BPI. Pablo Forero, durante a conferência de imprensa para divulgação dos resultados relativos ao 3.º trimestre de 2018, Lisboa. 23 de Outubro de 2018
CréditosAntónio Cotrim / Agência LUSA

Os dados divulgados nesta terça-feira pelo banco apontam, assim, para um corte muito significativo no salário médio dos trabalhadores do BPI. A instituição financeira anunciou lucros de 529,1 milhões de euros entre Janeiro e Setembro deste ano, mais de 324 milhões dos quais relativos à operação em Portugal (uma subida de 20% face a 2017).

De acordo com o relatório e contas de 2017, saíram 515 bancários através do programa de despedimentos nos últimos três anos, já contando com a saída de 83 trabalhadores prevista para este ano. No entanto, os resultados divulgados esta semana referem 55 novas contratações só no terceiro trimestre deste ano.

100 M€

Em quatro anos, os donos do BPI vão recuperar os 100 milhões de euros pagos em indemnizações por despedimento através de poupanças com os salários dos trabalhadores do banco

A par da brutal redução de efectivos na última década (menos 2800 trabalhadores), que é comum a todo o sector bancário, o mais recente impulso de saídas no BPI parece mais orientado para uma redução da massa salarial, que no caso só foi possível com a substituição de trabalhadores por outros com salários mais baixos. Segundo a nota de imprensa de terça-feira, os 55 novos trabalhadores são «profissionais com elevadas qualificações em domínios especializados da actividade do banco».

O recente programa de despedimentos foi acelerado com a finalização da compra do BPI por parte do espanhol Caixabank. A operação foi fechada em Fevereiro do ano passado e a nova administração, liderada por Pablo Forero, foi eleita em Abril. Foi precisamente no segundo trimestre de 2017 que se concentrou a maior fatia da despesa com indemnizações por despedimento, cerca de 100 milhões de euros.

Caso as poupanças conseguidas até Setembro deste ano se mantenham, o banco vai recuperar o que pagou em indemnizações em cerca de quatro anos. E esses 100 milhões vão ser transferidos dos bolsos dos bancários para os banqueiros.

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