«Na zona da energia [com instalações em Matosinhos], estamos a falar de 400 trabalhadores abrangidos por estes problemas. Em greve, cá fora, estão 200. Lá dentro há trabalhadores que concordam com a paralisação, mas têm medo por causa do assédio existente na empresa. Na unidade de mobilidade elétrica [com instalações na Maia], estarão em greve cerca de 30 pessoas. É lá que existe a maior quota de rescisões por mútuo acordo, mas como os trabalhadores estão mais perto do poder sentem mais a repressão», descreveu José Marques, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte)
O responsável falava à Lusa por volta das 9h30, no pólo industrial da Arroteia, concelho de Matosinhos, sobre a greve convocada pelo SITE-Norte, que decorreu também nas instalações da empresa na Maia, dividida por dois turnos, em ambos os casos: entre as 9h e as 11h e entre as 17h e as 19h.
«A alteração de funções, as rescisões, o banco de horas e a flexibilização de horários são transversais a todas as unidades [da Efacec]», descreveu José Marques.
De acordo com o sindicalista, com as medidas que a empresa tem vindo a implementar, «já estão a acontecer» casos de «acumulação de funções sem consentimento do trabalhador», o que corresponde a uma «desvalorização profunda do valor da mão da obra».
«O trabalhador fica sem ter um posto de trabalho permanente. A empresa, se o quiser colocar noutro sector, fá-lo sem o seu consentimento. O trabalhador deixa de ter o direito de manifestar a sua posição», afirmou José Marques.
O responsável nota ainda que «ter ou não ter contratos de trabalho» é «praticamente a mesma coisa», já que os documentos foram transformados numa «formalidade», pois «todos os direitos são prescindidos logo à partida».
De acordo com o dirigente sindical, «a administração da Efacec começou a usar o instrumento legal de empresa em reestruturação para levar a cabo rescisões por mútuo acordo», mas fê-lo mandatando «directores e chefias para elaborarem uma lista de trabalhadores possivelmente excedentários».
«Pegando nesse instrumento legal, foram fomentando o medo e a instabilidade no seio dos trabalhadores. Muitos não sabem por que foram incluídos na lista», alertou José Marques.
O responsável, que é também representante da Comissão de Trabalhadores, descreve que, depois disso, foi colocada aos funcionários «a possibilidade de integrarem a mobilidade eléctrica», pelo que os trabalhadores «começaram a sentir que estavam a ser empurrados para a rescisão ou para a ingressão na [outra] unidade de negócios».
José Marques indica ainda uma «terceira situação», referindo a extinção do posto de trabalho por parte de chefias que «não estavam devidamente mandatadas pela administração para o fazer».
Com agência Lusa
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