Prossegue o Plano Nacional de Luta organizado pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), com várias acções de protesto marcadas nas últimas semanas. Do caderno reivindicativo destacam-se as 35 horas para todos, a admissão de mais enfermeiros, o pagamento de todo o trabalho extraordinário nos termos legais (dias em dívida) e a reposição do valor integral das horas de qualidade extraordinárias.
Na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, ao terceiro dia de greve (dia 20), a adesão foi de 52%, com sete serviços a registarem 100% de adesão. Foram canceladas todas as cirurgias de ambulatório programadas (24 no total dos três dias) e duas cirurgias programadas no bloco operatório central. Até esse dia tinham sido recolhidas cerca de 200 assinaturas para o abaixo-assinado.
Em Castelo Branco, no Centro Hospitalar da Cova da Beira, no passado dia 24 houve greve aos serviços de internamento e serviço de urgência. Às 11h desse mesmo dia os enfermeiros concentraram-se em frente ao hospital e entregaram os requerimentos individuais a exigir a alteração da cláusula contratual para as 35 horas. Já no dia 25 fizeram greve no bloco operatório, na cirurgia de ambulatório e nas consultas externas.
Durante esta semana, os enfermeiros do Centro Hospitalar Tondela Viseu estiveram em greve das 9h às 12h. No primeiro dia, 22 de Agosto, já era realçada pelo SEP «a excelente adesão dos enfermeiros às iniciativas agendadas», que se manteve nos dias seguintes.
No último dia de greve, 26 de Agosto, houve um plenário no Auditório do Hospital de São Teotónio, às 11h, que contou com a presença de 65 a 70 enfermeiros, fez-se uma avaliação da greve e discutiram-se novas formas de luta para Setembro. A avaliação foi positiva e os enfermeiros demonstraram disponibilidade para repetir a acção, podendo mesmo «aumentar para duas semanas, caso o Ministério da Saúde não ceda, embora digam que o ideal era que fosse a nível nacional e não só localizado numa instituição».
Quanto ao balanço da greve, deu-se conta da entrega de mais de 200 requerimentos, onde se exige a alteração contratual das 40 para as 35 horas semanais, e concentrações diárias de 50 a 60 enfermeiros no átrio do Hospital de Viseu (um total de mais de 200, alguns presentes nos cinco dias de luta).
«Os enfermeiros estão mais sujeitos a contrair doenças infectocontagiosas, doenças articulares e musculares e cancro no estomago.»
Informação distribuída aos utentes em Lisboa
Os enfermeiros do Hospital de Guimarães colocaram faixas pela cidade e deram uma conferência de imprensa no primeiro dia de greve (23 de Agosto), que contou com uma adesão de 80%. Queixam-se das 18 500 horas de trabalho efectuado que continuam por pagar – uma dívida de 250 mil euros. Nos dias de greve (até 26 de Agosto), os enfermeiros recolheram assinaturas para um documento intitulado «A Dívida Moral da União Europeia», que serão enviadas para instituições nacionais e europeias.
Estes enfermeiros acusaram ainda a administração do seu Hospital de «desonestidade intelectual», ao alegarem um aumento da mortalidade nos dias de greve. Os manifestantes lembraram o estudo de 2009, que informa que esse aumento está relacionado com os dias em que estão escalonados menos enfermeiros, criticando a «atitude economicista» dos hospitais.
No Centro Hospitalar do Porto fez-se greve ao turno da manhã no dia 26. No comunicado os enfermeiros referem os «turnos consecutivos de 12 ou mais horas» e de não gozarem as folgas e os descansos previstos na lei. Numa conferência de imprensa, realizada às 11h30, à porta do Hospital de Santo António, informou-se sobre a taxa de adesão à greve, de 55%, e da entrega de um abaixo-assinado ao Conselho de Administração.
E a luta prossegue
Para a semana, no Hospital de Barcelos, são já várias as acções de protesto agendadas, entre quarta-feira e sábado. Também no mês de Setembro, em Lisboa, haverá concentrações integradas no Plano Nacional de Luta. No dia 6, às 11h, será no Hospital de São José, enquanto no dia 9, à mesma hora, a acção decorrerá no Hospital Santa Maria. Em ambas as acções serão entregues ao Conselho de Administração um abaixo-assinado e as cartas individuais dos contratos individuais de trabalho.
Na informação distribuída aos utentes, no âmbito destas acções, informa-se que «os enfermeiros, por estarem 24 sobre 24 horas nos serviços, por trabalharem por turnos, não terem horas para as refeições, estão mais sujeitos a riscos como: contrair doenças infectocontagiosas, doenças articulares e musculares e cancro no estomago». De entre outros riscos associados a esta profissão contam-se o aborto espontâneo, que «é mais frequente nas enfermeiras do que em qualquer outra profissão», a exaustão e depressões.
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