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«Intimidações e provocações» não assustam os trabalhadores da Carris em nova greve

Lucros de milhões são ignorados, trabalhadores não recebem aumento justo e greve ao trabalho extraordinário recebe exigência de serviços mínimos na Carris.

CréditosRui Minderico / Agência LUSA

Já não se encontram mais desculpas para a falta de aumentos dos salários dos trabalhadores da Carris após divulgado o lucro da empresa em 9,5 milhões de euros em 2023. A Câmara Municipal de Lisboa (CML), accionista da Carris, agora faz-se de «cega, surda e muda» para as reivindicações dos trabalhadores, afirma o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP/ CGTP-IN), em nota enviada ao AbrilAbril.

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Administração da Carris «insiste em reduzir poder de compra» dos salários

Na reunião negocial realizada na passada quarta-feira, a «montanha pariu um rato», afirma o STRUP, que acusa o Conselho de Administração da Carris de «desconsiderar os trabalhadores».

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Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP/CGTP-IN) informa que o Conselho de Administração (CA) da Carris «evoluiu dois euros na sua proposta salarial», tendo passado de 52 para 54 euros.

O CA «não só insiste em reduzir o nosso poder de compra, como persiste em desconsiderar os trabalhadores», que trata como «enteados» e insulta com «as propostas que apresenta», critica a estrutura sindical.

Em seu entender é «inadmissível» que isto ocorra numa empresa que «apresenta lucros, promove a gratuitidade no transporte público para os jovens e idosos e faz investimentos vultuosos na renovação da frota».

No texto, o STRUP lembra que a Câmara Municipal de Lisboa é accionista da Carris e, nesse sentido, considera «vergonhoso» que o executivo camarário «invista mais de cinco milhões de euros num palco para um dia da Jornada Mundial da Juventude», permanecendo de «costas voltadas para aqueles que, durante o evento, vão transportar as centenas de milhares de jovens» que estarão na cidade.

A organização sindical não se opõe à realização do evento, nem à presença do Papa em Portugal – antes pelo contrário –, mas recusa-se a aceitar que «os profissionais da Carris sejam tratados como "filhos de um deus menor"».

De acordo com o sindicato, para valorizar os salários e repor o poder de compra, exige-se um aumento mínimo de 100 euros.

A próxima reunião está agendada para dia 7 de Fevereiro, informa a estrutura filiada na Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

Se então não se verificar uma evolução significativa da parte da administração da Carris, os trabalhadores avançam para a luta, «pela valorização dos seus salários e direitos e pela defesa da sua dignidade».

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As propostas divulgadas pela empresa — de 60 euros na actualização salarial e acréscimo de 58 cêntimos ao subsídio de refeição — já se demonstravam insuficientes frente à escalada do preço do custo de vida. Após o conhecimento dos lucros, o pouco ficou ainda mais insatisfatório. Os trabalhadores da Carris reclamam, com o STRUP, o aumento salarial em 100 euros, o subsídio de refeição à 15 euros e a redução da jornada para as 35h semanais.

O sindicato relembra que os estatutos da companhia estabelecem que «a evolução da massa salarial deve ser adequada aos ganhos de produtividade e ao equilíbrio financeiro da empresa» (artigo 22, n.º2, alínea b). Revelando portanto que as reivindicações sobre a remuneração dos trabalhadores não são apenas possíveis de concretização como também são directrizes internas que a Carris tem de cumprir.

Na sequência da luta, foi entregue um pré-aviso para a greve às horas extraordinárias entre os próximos dias 3 e 23 de Junho. Contudo os trabalhadores foram surpreendidos com a atribuição de 25% das 13 carreiras em serviços mínimos. Ora, todo o trabalho extraordinário é não-obrigatório , portanto não exigindo serviços mínimos. O STRUP já afirmou em nota «não aceitamos ataques ao direito de greve, vamos apresentar recurso da decisão no Tribunal da Relação».

O STRUP e a Federação dos Sindicatos de Transporte e Comunicação (FECTRANS/CGTP-IN) reforçam que não deve haver nenhuma marcação de trabalho extraordinário durante o período da greve. «Por mais intimidações e provocações que nos façam, este é o momento de demonstrar ao Conselho de Administração que não temos medo de lutar por aquilo que nos pertence por direito próprio».

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