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Mais um despedimento colectivo que cheira a esturro

Ricon: uma insolvência mal contada

Com a insolvência decretada, o fecho do grupo Ricon, sediado em Vila Nova de Famalicão, empurrou mais de 800 trabalhadores para o desemprego com o subsídio de Natal e salário de Janeiro por receber, num processo que deixa muitas dúvidas.

O grupo Ricon, detentora de oito empresas e detentora dos direitos de venda a retalho das lojas Gant em Portugal, vai encerrar
CréditosJOSÉ COELHO / LUSA

O encerramento do grupo Ricon, uma das maiores empresas têxteis portuguesas, foi anunciado no fim de Janeiro pelo administrador de insolvência como o único desfecho possível.

Os mais de 800 trabalhadores foram apanhados de surpresa pela decisão, pois esperavam um processo de restruturação e não o fecho do grupo. Em declarações ao jornalistas, afirmam que o processo decorreu de forma «muito camuflada», estranha e rápida.

A 29 de Janeiro, em recção às cartas de despedimento, pararam a produção e concentraram-se à porta das instalações. Desde então, várias dezenas de trabalhadores fazem turnos à porta da fábrica, todos os dias, pois receiam a retirada de bens.

Até hoje, apenas metade do subsídio de Natal e do salário de Dezembro foi pago, sendo que os trabalhadores exigem ainda o salário de Janeiro, perante as declarações do administrador de insolvência de que este não está garantido.

Patrões ditam fecho

Todos as informações indicam, segundo o Expresso, que o fecho da Ricon deve-se a dois motivos: à má gestão de Pedro Silva, patrão da empresa, e à instransigência da multinacional Gant.

Sobre Pedro Silva, é responsável pelas relações azedas com a Gant, pois tentou forçar a multinacional a aumentar as encomendas, e após o não, retaliou atrasando os pagamentos, acabando a relação numa espiral viciosa. 

Além disso, o dono da Ricon tentou diversificar as operações do grupo noutras áreas, descapitalizando a empresa no processo, acabando todas em negócios ruinosos.

Já a Gant, o principal parceiro, recusou qualquer proposta de negociação e exigiu o pagamento imediato das dívidas, ao mesmo tempo que terminou a parceria, preferindo mandar as encomendas para outras empresas.

BE e PCP exigem salvaguarda dos trabalhadores

Ambos os partidos já comunicaram que vão agir para garantir os direitos dos trabalhadores, especialmente os salários em atraso, e exigir uma intervenção do Governo para salvaguardar os postos de trabalho e a unidade produtiva, ao mesmo tempo que vão apresentar projectos para salvar a empresa.

Para o PCP, a concretizar-se o não pagamento, trata-se de uma «situação de maior gravidade», que vai ter «consequências muito negativas para os trabalhadores e suas famílias, constituíndo um atropelo dos direitos dos trabalhadores».

Já o Bloco aponta para os «indícios de que alguma coisa correu muito mal», afirmando que «está mal explicado» e , no mínimo, «há razões para o Ministério Público investigar».

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