Processo de insolvência ameaça 463 postos de trabalho

Trabalhadores da antiga Triumph tentam impedir saída de material

Os trabalhadores da Têxtil Gramax Internacional (antiga Triumph) realizam vigília fora do horário de laboração da fábrica do concelho de Loures para impedir que empresa «retire determinados bens». 

Os trabalhadores da Gramax (ex-Triumph), com os salários e subsídios em atraso desde Novembro de 2017, perderam os seus postos de trabalho após ter sido decretada a insolvência da empresa
Créditos / Fesete

Em declarações à Lusa, este sábado, Manuela Prates, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Curtumes do Sul (Sintevcc/CGTP-IN), admitiu que os trabalhadores vão permanecer em vigília «até ser nomeado o administrador judicial». De acordo com a expectativa destes, na segunda ou terça-feira sairá um despacho «sobre a declaração de insolvência da empresa».

A vigília é organizada em turnos de quatro horas e tem como objectivo «impedir que a empresa retire determinados bens, como tentaram fazer durante a semana passada».

Manuela Prates acrescentou que foram realizadas tentativas por parte de ex-gerentes e responsáveis da empresa de retirarem material da fábrica, nomeadamente «peças de roupa terminada» e automóveis, mas que foram impedidos pelos trabalhadores.

A vigília será suspensa às 8h de segunda-feira, quando a laboração recomeçar, e será retomada no final da jornada de trabalho. Mónica Antunes, outra dirigente do Sintevcc, disse também à Lusa que a vigília recomeça pelas quatro da tarde e «vai noite dentro até que haja resposta do administrador do processo de insolvência».

Por haver «património muito valioso», que neste momento pertence às trabalhadoras, por serem as «primeiras credoras» da empresa, admite que não podem abandonar as instalações.

Um «crime económico»

O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, marcou presença no protesto, esta manhã, admitindo que se trata de «crime económico, preparado premeditadamente pela Triumph Internacional, no sentido de fechar a fábrica, passando por uma fase intermédia, que foi entregar, por um ano, a produção à Gramax».

Atendendo à situação dos 463 trabalhadores com «três meses de salários em atraso, sem trabalho e sem subsídio de desemprego», o dirigente da CGTP-IN lançou alertas aos ministérios do Trabalho, no sentido de «simplificar o processo para que os trabalhadores tenham acesso ao subsídio de desemprego», e da Economia, no sentido de se procurarem «alternativas para garantir que as trabalhadoras possam continuar a produzir e a fazer bem aquilo que sabem».

A 21 de Dezembro os trabalhadores realizaram uma manifestação, em Lisboa, para pedir «acesso a uma fonte de subsistência», face aos salários em atraso e ao processo de insolvência da empresa. Presente no protesto esteve o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, e também Arménio Carlos.

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