«Aproveitámos este evento, que é a BTL, [para nos manifestarmos] pois estão também aqui representadas as associações patronais dos hotéis e da restauração. Quisemos vir aqui fazer uma acção de denúncia, porque a nossa Federação, que negoceia os contratos colectivos de trabalho para os trabalhadores deste sector tão importante para a economia do País, está confrontada com o seu congelamento», disse à Lusa a coordenadora da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN), Maria de Deus Rodrigues.
«Há vários anos que não há negociação colectiva e neste momento estamos confrontados com um problema muito sério que é a questão dos salários, pois uma percentagem enorme dos trabalhadores ganha o salário mínimo», acrescentou.
Além disso, os trabalhadores «não vêem as suas tabelas salariais actualizadas há seis ou sete anos», daí que estejamos a ter «um enorme problema» com as carreiras profissionais.
A Fesaht reuniu, esta quarta-feira, com a secretária de Estado do Turismo, para analisar a situação social no sector e exigir medidas de apoio aos trabalhadores. Com o encerramento de muitas empresas, a situação dos trabalhadores do sector do Turismo agrava-se diariamente, aponta em comunicado a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN), que alerta para a devastação criada pelos despedimentos, salários em atraso, trabalho clandestino, trabalho não declarado e incumprimento da contratação colectiva. Em reunião com a secretária de Estado do Turismo, a estrutura sindical afirmou que há «muitos milhares de trabalhadores que estão sem qualquer apoio social» e exigiu legislação ao Governo para proibir totalmente os despedimentos individuais e colectivos neste período de pandemia. Além disso, a Fesaht reivindicou que os apoios sejam concedidos directamente aos trabalhadores, uma vez que muitas empresas ficaram com os apoios do Estado e não os distribuiram pelos seus funcionários. Lembrando que os salários praticados no sector da hotelaria e restauração são «muito baixos», a federação refere que cerca de 80% dos trabalhadores foram «apanhados» pelo valor do salário mínimo nacional, ao mesmo tempo que as associações patronais recusam negociar a contratação colectiva. Em resposta, a secretária de Estado do Turismo manifestou o seu acordo com as preocupações sindicais em relação à situação social no sector, comprometeu-se a estudar as propostas sindicais para a Lei Hoteleira e a reflectir sobre as novas concessões dos casinos, cujos trabalhadores têm sido gravemente prejudicados pelo actual contexto. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Impactos no Turismo «arrasam» trabalhadores
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Segundo a Fesaht, actualmente os trabalhadores mais qualificados «pouco mais recebem» que o salário mínimo nacional e a muitos destes trabalhadores, que durante a pandemia foram despedidos, as empresas «ainda não repuseram os direitos retirados», nomeadamente prémios de línguas, de assiduidade, produtividade e ajudas de custo.
A estrutura sindical denuncia que, apesar das queixas das empresas e associações patronais, relativamente à perda de trabalhadores durante a pandemia de Covid-19 e das dificuldades para recrutarem novos trabalhadores, foram as empresas que procederam a despedimentos em massa, sem pagarem os devidos direitos. Ao mesmo tempo, acusa as associações patronais e as empresas de pagarem «salários muito baixos» e de imporem condições de trabalho «inaceitáveis».
A Fesaht e os seus sindicatos filiados já apresentaram propostas às associações patronais do sector para a revisão do salário em 2022, mas, denuncia num comunicado, estas «recusaram negociar ou apresentaram propostas de miséria».
As «únicas propostas de aumentos salariais» apresentadas aos sindicatos são, «para a esmagadora maioria dos trabalhadores», de cinco ou seis euros, para tabelas que «não são revistas há três anos», frisa.
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