A Cimeira dos 27 países, que termina nesta sexta-feira, distribuiu os principais cargos dos órgãos institucionais da União Europeia (UE), reconduzindo Ursula von der Leyen na presidência da Comissão Europeia e escolhendo os ex-primeiros-ministros de Portugal e da Estónia, António Costa e Kaia Kallas, para os cargos de presidente do Conselho Europeu e Alta representante da União para a política externa. Em relação a Ursula von der Leyen e Kaia Kallas, as escolhas têm de ser confirmadas pelo Parlamento Europeu, o que deverá acontecer no próximo mês. Quanto a António Costa, deverá iniciar funções em Dezembro.
Assim, haverá de novo um português num cargo de topo da UE, embora não se devam alimentar expectativas quanto a eventuais vantagens para o povo português pelo facto de a escolha ter recaído sobre António Costa, considerando que daí não decorrerão alterações a favor da afirmação dos interesses de Portugal ou a libertação do País das imposições da UE. Salvaguardando as diferenças evidentes entre os dois ex-primeiros-ministros, importa não esquecer os mandatos de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia, nomeadamente o período da troika, de má memória, que atingiu violentamente o nosso País. Nesse sentido, é uma ilusão admitir que qualquer um dos titulares dos cargos de topo da União Europeia, independentemente do grupo político europeu a que pertença, pode alterar o rumo da política ditada pelas grandes potências europeias.
A escolha do ex-primeiro-ministro português resulta de um consenso que, juntando o Partido Popular Europeu, os liberais e os socialistas, tem aprofundado a natureza neoliberal, federalista e militarista da UE. Aliás, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, ao sublinhar o seu apoio à escolha de António Costa, durante o debate realizado na Assembleia da República esta quarta-feira, chamou a atenção para o facto de essa posição resultar também do apoio do grupo socialista europeu à recondução de Ursula von der Leyen na presidência da Comissão Europeia.
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