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Barragem do Brumadinho é «tragédia anunciada»

A empresa responsável ainda não respondeu na Justiça brasileira pelo acidente ocorrido há três anos e nova ruptura acontece. Uma «tragédia anunciada», onde o número de desaparecidos pode chegar aos 600.   

CréditosAntonio Lacerda / EPA

A barragem Mina Córrego do Feijão,da empresa de minérios Vale, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, no Brasil, e mais conhecida por Barragem do Brumadinho, da empresa Vale, rebentou na manhã de sexta-feira. Até ao momento há nove mortos e cerca de 300 desaparecidos, mas as estimativas apontam para a possibilidade de o número duplicar. 

A ruptura acontece pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também no estado de Minas Gerais. Em Novembro de 2015, uma das barragens da empresa Samarco, controlada pelas accionistas Vale e BHP Billiton, rebentou na cidade de Mariana, originando uma torrente de lama que destruiu fauna, flora e habitações ao longo de 650 quilómetros.

Deste desastre, tido como a maior catástrofe com excedentes de minério a nível mundial, resultaram 19 mortos e milhares de famílias desalojadas. A empresa acordou com o Ministério Público o pagamento de indemnizações mas a acção na Justiça Federal ainda não foi a julgamento. 

Em declarações ao Brasil de Fato, Thiago Alves, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirmou que a ruptura da Barragem do Brumadinho era uma «tragédia anunciada» e que, tal como aconteceu há três anos, a empresa Vale não vai assumir responsabilidades sobre a ruptura.

Impunidade permite novos crimes

«A Vale, mais uma vez, vai actuar para esconder seu crime. Criar uma narrativa de que foi um acidente, que esse tipo de coisa acontece, como foi o caso de Mariana, além de construir uma narrativa na imprensa e com as instituições, principalmente os governos», denuncia.

Thiago Alves admite que a impunidade do crime de Mariana «permitiu mais uma tragédia anunciada», realçando que a actuação da Vale e da Justiça brasileira criam oportunidades para novos desastres.

«Esse rompimento é o resultado de um modelo de mineração que é privatizado e transnacional, inteiramente ao serviço do lucro das grandes empresas, contra os direitos dos trabalhadores e das comunidades», frisa.

O online cita ainda Maria Júlia Gomes de Andrade, coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, para recordar que  o licenciamento da Barragem do Brumadinho «foi concedido a toque de caixa pelo governo estadual, em Dezembro».

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