À Declaração Balfour, através da qual a Grã-Bretanha levou a cabo o plano de estabelecer um «lar nacional judaico» na Palestina, seguiu-se um século de colonialismo, crimes e agressões contra o povo palestiniano, e tal documento é, para o Parlamento sírio, a razão principal para o que está a acontecer hoje nos territórios ocupados.
«O que está a ocorrer actualmente na Palestina é o resultado do direito que o então Secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Arthur Balfour, outorgou ao movimento sionista mundial a 2 de Novembro de 1917», afirmou em comunicado, esta quarta-feira, a Assembleia Popular da Síria.
Rejeitando a declaração como «nula» e como uma «violação flagrante dos valores e padrões mais básicos do direito internacional», o Parlamento reafirma que o apoio total da Síria ao povo palestiniano irá continuar até à restauração completa dos seus legítimos direitos.
No documento, citado pela agência Sana, a Assembleia Popular sublinha a centralidade que a causa palestiniana sempre assumiu para o país árabe, bem como a «inevitabilidade da vitória».
Declaração Balfour
De acordo com a Declaração Balfour, proferida a 2 de Novembro de 1917, o governo britânico prometia à Federação Sionista favorecer, na Palestina – então sob domínio otomano e maioritariamente habitada por árabes –, a constituição de um «lar nacional para o povo judaico».
A promessa, feita inteiramente à revelia do povo palestiniano, foi incluída numa carta enviada pelo Secretário britânico dos Negócios Estrangeiros, Arthur Balfour, a Walter Rothschild, líder da comunidade judaica no Reino Unido, devendo ser entregue à Federação Sionista da Grã-Bretanha e da Irlanda.
O texto tornou-se público uma semana depois, a 9 de Novembro de 1917, e veio a revelar-se funesto para o povo palestiniano, na medida em que o apoio britânico ao sionismo e a repressão sobre a resistência palestiniana abriram caminho à formação do Estado de Israel, em 1948, acompanhada por uma enorme violência e pela expulsão de centenas de milhares de palestinianos das suas terras.
Desta forma, a declaração é encarada como um dos elementos fundadores do conflito israelo-palestiniano na actualidade.
Sobre a fundação de «um lar judaico», Balfour disse: «In Palestine we do not propose even to go through the form of consulting the wishes of the present inhabitants of the country… The Great Powers are committed to Zionism. And Zionism, be it right or wrong, good or bad, is… of far profounder importance than the desires and prejudices of the 700,000 Arabs who now inhabit that ancient land.»1
- 1. Memo, Balfour to Lord Curzon, 11 August 1919, Public Record Office (P.R.O.), Foreign Office, F. O. 371/4183.
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