Dois líderes comunitários assassinados este fim-de-semana na Colômbia

Apesar de o Governo de Santos afirmar que se trata de casos isolados, o início deste ano, na Colômbia, fica marcado pelo assassinato de dois líderes sociais – e ameaças a vários outros –, que se juntam às várias dezenas de mortos em 2016.

Indígenas do Norte do Cauca (Colômbia)
Créditos / Contagio Radio

Olmedo Pito García, jovem indígena membro do Movimento Sem Terras Netos de Manuel Quintín Lame, foi assassinado, na sexta-feira de manhã, tendo sido esfaqueado por desconhecidos quando seguia para sua casa, no município de Caloto (departamento do Cauca).

Representantes do MST Netos de Manuel Quintín Lame afirmaram desconhecer que Olmedo tivesse sido ameaçado, informa a Contagio Radio, mas não puseram de parte a possibilidade de o assassinato se enquadrar na perseguição movida ao Movimento Sem Terras, no âmbito da qual já foram assassinados vários dos seus membros.

Em comunicado, a organização afirmou «não descartar a possibilidade de este facto fazer parte de uma estratégia de assassinatos selectivos de líderes sociais», que «se tenta fazer passar como casos de zaragatas e de roubos». Disse ainda que «aumentam os temores em função dos casos ocorridos no Norte do Cauca, onde se registam atentados mortais e ameaças aos dirigentes sociais pertencentes à Marcha Patriótica».

Para além da organização referida, Olmedo Pito García, indígena Nasa, integrava ainda a Coordenadora Nacional de Povos Indígenas (CONPI) e a Marcha Patriótica.

Aldemar Parra, morto na sequência de várias ameaças

No dia seguinte, pelas 15h, foi assassinado, no município de El Paso (departamento de Cesar), o líder comunitário Aldemar Parra García, de 30 anos, presidente da Associação Apícola El Hatillo.

Parra, que, segundo se sabe, tinha sido ameaçado várias vezes pelas críticas que fez relativamente à contaminação ambiental da região, causada pela exploração mineira, foi morto a tiro por dois sicários que seguiam de motorizada. De acordo com testemunhas, o veículo já tinha sido visto a rondar a residência de Parra e de familiares seus, também líderes comunitários.

Fazendo referência a um relatório da organização Front Line Defenders, a Contagio Radio informa ainda que, em 2016, a Colômbia foi um dos países onde mais defensores dos direitos humanos foram assassinados – 85 –, incluindo nessa categoria gente que trabalha na área do ambiente, da defesa da terra ou das comunidades indígenas.

Representantes de diversas organizações, incluindo a Marcha Patriótica, têm pedido de forma reiterada ao Governo colombiano que dê passos no sentido de pôr fim à violência e à impunidade com que actuam os «sicários». No entanto, neste início de ano, para além dos assassinatos, já foram reportadas várias situações de ameaças de morte a dirigentes agrários e ambientais no país.

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