O acidente laboral mortal desta quarta-feira ocorreu por volta das 13h, quando um camião se virou durante uma descarga de material. Os serviços de emergência acorreram ao local, nas pedreiras de Igantzi, mas já não puderam fazer nada, segundo informam os portais eitb.eus e gedar.eus.
Trata-se do terceiro acidente de trabalho mortal ocorrido em Navarra no espaço de cinco dias. No sábado passado um trabalhador residente em Berriozar (arredores de Pamplona) foi atropelado por uma pá carregadeira de uma Caterpillar. Na segunda-feira, um trabalhador de 37 anos faleceu na sequência de um acidente in itinere, em Azkoien, quando seguia de moto para o seu trabalho.
ELA exige maior controlo público das condições de segurança nas empresas
Perante o falecimento, esta quarta-feira, do terceiro trabalhador em Navarra no espaço de cinco dias, o sindicato ELA reclama à administração de Navarra que aumente os meios públicos de controlo das condições de segurança nas empresas.
No sector das limpezas, os produtos altamente tóxicos e os movimentos repetitivos pesam na saúde dos trabalhadores, gerando doenças profissionais que as empresas se recusam a reconhecer como tal. A reportagem que a jornalista Sara Plaza Casares ontem publicou no portal elsaltodiario.com centra-se na Comunidade de Madrid e destaca o caso de Ana Lucy, uma trabalhadora das limpezas, de 49 anos, que hoje sofre de sensibilidade química múltipla, tem uma acção em tribunal para que lhe seja dada baixa por doença e está à espera de que uma junta médica lhe reconheça a incapacidade permanente. Ana Lucy contou à reportagem que trabalhou 12 anos para Associação La Rueca, tendo limpado espaços fechados e com pouca ventilação; sentia dores de cabeça permanentes e tinha problemas pulmonares. «Havia muito stress» e, em 2015, sofreu uma embolia pulmonar. De acordo com os dados do relatório «A Sinistralidade Laboral na Comunidade de Madrid 2018», das centrais sindicais espanholas CCOO e UGT, nesse ano registaram-se, na área geográfica referida, 1533 ocorrências de doença profissional, 864 das quais correspondem a mulheres (56,4%) e 669 a homens (43%). O sector com maior peso é o dos serviços – em que se incluem as limpezas –, no qual a presença de mulheres é cada vez mais preponderante. De 1140 ocorrências registadas, 760 dizem respeito a mulheres, assinala o El Salto. Relativamente a Madrid, os sindicatos denunciam que existe um problema grande ao nível do registo de doenças profissionais – que, segundo a sua estimativa, é inferior em 60% à média no Estado espanhol –, acrescentando que muitas patologias do foro laboral são tratadas como «ocorrências comuns». As trabalhadoras da limpeza, as camareiras dos hotéis ou as empregadas domésticas são das mais visadas por esta situação, em que as empresas não reconhecem as doenças – no seu caso, as lesões músculo-esqueléticas constituem o grosso das maleitas de origem profissional. Rosa Bajo, uma médica de Cuidados Primários num centro de saúde de Lavapiés (Madrid), explica que as empresas dificilmente reconhecem as doenças de natureza profissional, como uma lombalgia «ou a síndrome do túnel do carpo, originada por movimentos repetitivos e muito característica das empregadas da limpeza». A médica destacou ao El Salto que as mulheres têm de aguentar a sobrecarga, tanto física como emocional, de continuar a trabalhar em casa. «Surgem também questões de depressão e ansiedade. Por causa do stress do trabalho e também porque nos responsabilizamos pela carga e a pressão familiar, e isso pesa muito», frisou. De acordo com um estudo sobre as condições ergonómicas das camareiras na hotelaria na Comunidade de Madrid, a maioria das lesões geradas pelo trabalho decorrem do sobre-esforço; e quase metade dos acidentes laborais ocorre neste sector. Em 2018, as camareiras ficaram a saber que, no registo de doenças profissionais, passavam a figurar três patologias próprias do sector: a síndrome do túnel do carpo, a bursite e a epicondilite, relacionadas com determinados movimentos repetitivos dos braços e das mãos próprios das tarefas que executam. María del Mar Jiménez, porta-voz destas trabalhadoras em Madrid, afirma que, na prática, tudo continua igual. «Eu tenho uma hérnia discal por fazer camas, tendinite crónica no manguito rotador do ombro [bursite], também por fazer camas, e síndrome do túnel do carpo na mão por torcer a pano. Em cada quarto torço [o pano molhado] em média umas 200 vezes. Nunca me reconheceram uma doença profissional», denuncia. «Nós fazemos entre 20 e 30 camas por dia. Aí o que mais usamos são os braços. Depois, em cada quarto temos de limpar a casa de banho, a cabine do duche, o bidé, o autoclismo – conta. Além disso, arrasto um carro de 100 quilos não motorizado por uma carpete.» «Quando comecei, esfregava de joelhos; deixámos de o fazer há uns oito anos. Os hotéis de luxo não gostam de esfregonas», diz Jiménez, que tem tem mais de 30 anos de profissão, os últimos num hotel de luxo em Madrid. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalhadoras adoecem nas limpezas em Espanha
Doenças não reconhecidas
A situação das camareiras de hotel
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Num comunicado, a organização sindical afirma que a sinistralidade laboral aumentou 30% desde 2012, sublinhando que 40% das mortes em acidentes de trabalho têm como causa directa a falta de implementação de medidas de segurança por parte das empresas.
Lembrando que, com esta morte, são já 47 os trabalhadores mortos em acidentes laborais este ano no País Basco, o ELA reclama o «abandono de políticas ineficazes» e apela aos trabalhadores que se organizem e mobilizem em defesa de melhores condições de trabalho.
Concentração em Vitoria-Gasteiz, junto à Deputação Foral alavesa
Também esta quarta-feira, a maioria dos sindicatos bascos – ELA, LAB, ESK, STEILAS, EHNE e HIRU – promoveram uma concentração na capital da Comunidade Autónoma Basca, para denunciar a morte num acidente laboral, na passada segunda-feira, em Zanbrana (Álava/Araba), de um trabalhador de 38 anos, quando lidava com tarefas florestais.
O falecido trabalhava para a empresa Contrachapados Archena, subcontratada pela Deputação Foral alavesa, revela o sindicato LAB no seu portal.
Os mesmos sindicatos e a CGT irão denunciar amanhã a sinistralidade laboral em Pamplona, frente ao Parlamento navarro.
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