Num comunicado a que o Newsclick teve acesso, a SFI (na sigla em inglês) sublinha que o conceito de acesso equitativo à Educação se desmoronou com a Covid-19, período em que várias instituições educativas foram encerradas e ocorreu uma viragem repentina para o ensino à distância.
«O governo de Modi aproveitou a pandemia para aprovar a Nova Política Nacional de Educação, que abre o caminho para a centralização, a mercantilização e a divisão sectária [communalisation] da Educação», denuncia a Federação dos Estudantes da Índia, frisando que o executivo procedeu também a uma redução drástica nos orçamentos destinados ao sector.
A organização estudantil de esquerda acusa o governo de Modi de ter «destruído» as bolsas de estudo e os albergues para estudantes de minorias e de «castas reconhecidas», sublinhando que isso foi um factor determinante para o aumento do número de suicídios entre os estudantes de comunidades marginalizadas em institutos de tecnologia, gestão e outras instituições de ensino centrais.
«Estejam sempre com o povo, independentemente das alturas a que possam chegar. Mantenham-se sempre em contacto com as massas», disse Guevara num encontro com estudantes na Índia. Aleida Guevara, filha do comunista e revolucionário cubano Ernesto Che Guevara, foi recebida, este sábado, por uma multidão, na sua maioria estudantes, na capital do estado indiano de Bengala Ocidental. Os jovens juntaram-se na College Street, uma rua no centro de Calcutá, mostrando T-shirts e bonés com a imagem do comandante guerrilheiro argentino-cubano, refere o portal Newsclick. «O calor e o entusiasmo do povo desta cidade continuam os mesmos com o passar dos anos», disse Guevara, que se emocionou ao discursar numa cidade a que regressou 24 anos depois e onde ainda deu uns pés de dança ao som da «Guantanamera». A dirigente cubana, que realizou uma visita de dois dias a Calcutá no âmbito de um périplo mais vasto pela Índia, foi saudada por um coro de cem artistas, liderado pelo compositor Kalyan Sen Barat, que interpretou traduções para bengali de canções cubanas como «Guantanamera» e «Hasta siempre, comandante», composta pelo cubano Carlos Puebla. No dia anterior, sexta-feira, o sindicato de estudantes da Faculdade de Letras, liderado pela Federação dos Estudantes da Índia (SFI, na sigla em inglês), promoveu a realização, na Universidade de Jadavpur, de uma cerimónia de felicitações a Guevara e à sua filha, a economista Estefanía Guevara. Ao intervir na cerimónia, Guevara aconselhou os estudantes a manter bem alta a bandeira da luta dos trabalhadores: «Estudem mais e lutem mais. Sejam bons profissionais nas vossas áreas. Nunca retrocedam. Estejam sempre com o povo, independentemente das alturas a que possam chegar. Mantenham-se sempre em contacto com as massas. Devem estar unidos na luta dos trabalhadores. Essa foi uma lição do Comandante Che Guevara.» Aleida falava em castelhano e um dos estudantes da SFI ia traduzindo para bengali, enquanto tocava, em fundo, o «Hasta la victoria siempre». Os estudantes responderam com palavras de ordem como «Inquilab Zindabad» – originalmente em urdu e que se pode traduzir como «Viva a Revolução» – e «El pueblo unido jamas será vencido». Num encontro com médicos num hospital de Calcutá, no sábado, Guevara, que é médica, disse que Cuba proporciona os melhores serviços de saúde ao seu povo, incluindo a cirurgia e o tratamento do cancro, e que a Ilha deseja trabalhar com os médicos indianos para ajudar quem precisa no subcontinente. «Apesar dos diversos obstáculos económicos, Cuba continua a proporcionar os serviços de saúde de melhor qualidade do mundo com igualdade de direitos a todos os sectores do povo e está à frente na descoberta de curas para diversas doenças, incluindo o cancro», disse. «Os médicos e trabalhadores da Saúde cubanos trabalham em vários países e vão continuar a fazê-lo no futuro em solidariedade com os trabalhadores do mundo», sublinhou Guevara. A médica e dirigente cubana encontra-se na Índia há cerca de duas semanas. No estado de Tamil Nadu, Aleida Guevara e a filha foram calorosamente recebidas em Chennai, na passada terça-feira, pela população e pelos quadros locais do Partido Comunista da Índia (Marxista). No dia seguinte, ambas participaram num encontro solidário com Cuba, no âmbito do qual foram denunciadas as extremas dificuldades que a Ilha enfrenta devido à imposição do bloqueio por Washington, refere The Indian Express. Antes, a filha do Che esteve no estado vizinho de Kerala, onde participou na 13.ª Conferência Nacional das Associação das Mulheres Democratas de Toda a Índia (AIDWA, na sigla em inglês), em representação da Federação das Mulheres Cubanas. Também no estado de Kerala, recebeu o prémio internacional KR Gouri Amma, que tem o nome da dirigente comunista Kalathil Parambil Raman Gouri, uma das mulheres mais destacadas do movimento de esquerda na Índia. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
«Mantenham-se unidos na luta», disse Aleida Guevara em Calcutá
Avanços da saúde em Cuba e desejo de cooperação com a Índia
Contribui para uma boa ideia
O próprio governo central admitiu, no Parlamento, que pelo menos 112 estudantes se suicidaram em instituições de ensino entre 2014 e 2021, destaca a organização estudantil, que acusa o executivo de Modi de «não ter tomado qualquer medida para resolver o problema».
Exemplo disso é o caso recente de três estudantes que tiraram a vida a si mesmos numa só semana, nos institutos de tecnologia de Mumbai, Kozhikode (Kerala) e Chennai (Tamil Nadu).
Construir uma política educacional alternativa
Tendo em conta este cenário, a SFI anunciou vários programas de acção «para lutar contra um governo tão anti-estudantil», que devem constituir um projecto alternativo de política educacional.
Toda a gente é convidada a enviar contributos para o documento que começa agora a ser debatido, informou a SFI, que aceita ideias e sugestões para uma política alternativa no sector da Educação até 31 de Março.
Para levar o projecto a bom porto, a Federação dos Estudantes da Índia defende a «acção conjunta», que passa pela realização de reuniões de plataformas unitárias de organizações estudantis afins em todos os estados do país subcontinental.
Profunda desigualdade e necessidade de agir
A declaração da SFI faz referência ao relatório anual de 2022 da Oxfam India sobre desigualdade, no qual se afirma que o imposto de 1% aplicado à riqueza dos 98 multimilionários da Índia daria para financiar a despesa anual total do Departamento de Educação Escolar e Alfabetização do Ministério da Educação.
A riqueza dos multimilionários indianos mais do que duplicou durante os anos da Covid-19, pelo que a organização estudantil defende a tributação dos ganhos dos ricos com o capital, «para reduzir a desigualdade e, ao mesmo tempo, manter a prosperidade geral».
As receitas dos impostos devem ser investidas em infra-estruturas públicas, nomeadamente escolas, universidades e investigação, afirma a SFI, que advoga a criação de uma campanha com o lema «Tributar as Empresas – Libertar a Educação».
A organização estudantil anunciou ainda a participação em manifestações, por todo o país, em honra dos heróis da luta anti-colonial Bhagat Singh, Rajguru e Sukhdev – enforcados a 23 de Março de 1931 pelas autoridades inglesas, em Lahore (actual Paquistão).
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui