A situação política continua muito incerta em França. Por um lado, nas última sondagem, Emmanuel Macron, o Presidente em exercício, continua a liderar a corrida e parece ser o favorito para a eleição com intenções de voto que ascendem a 56,5% dos inquiridos, contra 43,5% para o Marine Le Pen. Por outro lado, a extrema-direita atingiu um nível de votação que nunca antes tinha atingido.
Estas são as principais conclusões da sondagem eleitoral realizada a 22 de Abril pelo instituto de sondagens Ipsos-Sopra Steria para o jornal Le Monde.
Segundo a sondagem Ipsos-Sopra Steria, haverá ainda cerca de 11% do eleitorado francês que não decidiu em quem vai votar e prevê-se um aumento no voto branco e nulo, com muitos eleitores dos candidatos que foram eliminados na primeira volta, como o candidato da esquerda populista, Jean-Luc Mélenchon, a optarem votar branco.
De acordo com esta mesma sondagem, a afluência ao domingo está estimada entre 71,5% e 75,5% - uma média de 73,5%, em comparação com 74,5% na segunda volta de 2017. Além disso, pode faltar parte do eleitorado de esquerda. A transferência de votos dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon a favor de Macron está calculada em 41%, mas 38% deles podem abster-se e 21% votariam mesmo a favor do Marine Le Pen. Entre os comunistas, 43% podem votar a favor do Presidente actual, 44% abster-se-iam e 13% votariam a favor do candidato de extrema-direita. A situação é, portanto, ainda muito incerta.
Durante o debate televisivo entre os dois candidatos, a prestação do actual inquilino do Palácio do Eliseu não deve ter motivado muito os eleitores de esquerda, as poucas referências à precariedade do trabalho e às questões do crescimento das desigualdades sociais foram levadas ao debate pela candidata da extrema-direita.
Alíás, há muito que Marine Le Pen tenta moderar o discurso e exibir bandeiras caras aos sectores populares que votavam tradicionamente à esquerda. A agravar essa situação, Macron é visto pela maioria dos franceses, como o «candidato dos ricos».
Marine Le Pen traçou uma estratégia de levar o partido até ao poder. Essa mudança não se faz sem «matar» o pai. Marine moderniza e torna mais aceitável para o eleitorado o discurso da Frente Nacional, mas ao fazê-lo transforma-o, por vezes em 180 graus. Mesmo antes de mudar o nome do partido do pai para União Nacional.
Jean-Marie Le Pen considerava Ronald Reagan o seu modelo para a política económica. «O meu modelo é Reagan», garantia ufano, enquanto dizia: «Quero que o Estado desça das minhas cavalitas e tire a mão do meu bolso».
Depois da crise financeira global de 2008, Marine Le Pen mudou o discurso do partido. A FN quer um Estado forte e um Estado Social ainda mais forte. É preciso defender os trabalhadores dos banqueiros, da globalização e da União Europeia. É preciso recuperar a soberania. «A chave é o Estado, é necessário redescobrir o Estado», afirmou Marine no congresso da FN, em 2011.
Outras sondagens apontam para a vitória de Macron
Nas outras sondagens antes das eleições presidenciais de França no domingo, reveladas na sexta-feira, mostram recultados semelhantes com Emmanuel Macron a ter uma vantagem entre 10% e 15% de nas intenções de voto face a Marine Le Pen, candidata da extrema-direita.
Já a sondagem do gabinete Elabe para a televisão BFMTV e para a revista L'express divulgada na sexta-feira dá a Emmanuel Macron 55,5% das intenções de voto dos inquiridos, enquanto que Le Pen se fica por 44,5%.
Numa outra sondagem, do gabinete Ifop-Fiducial para a televisão LCI, a rádio Sud Radio e a revista Paris Match, o Presidente reúne 55% da preferência dos inquiridos e a líder da extrema-direita 45%.
A abstenção pode aumentar nesta segunda volta, com os institutos de sondagens a preverem que ela exceda o recorde já batido na segunda volta de 2017 de 25,44%, e a Elabe a situar a abstenção entre 28% e 32%. Hoje começam em França as férias escolares da primavera em duas zonas do país, levando muitos franceses a partir para o estrangeiro.
Com Lusa
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