«A visita do presidente brasileiro reactualiza uma aliança política de direita que vai contra as políticas do Mercosul. Um retrocesso real e perigoso para a América Latina», declarou no palco montado na Praça de Maio o senador e cineasta Fernando «Pino» Solanas, um de vários deputados presentes numa mobilização marcada por palavras de ordem como «Fora Bolsonaro», «O teu ódio não é bem-vindo» e «Lula Livre».
Ontem, por volta das 15h, a batucada nos tambores de várias organizações deu o sinal de arranque para a marcha, em que eram visíveis cartazes com a inscrição «Fora Bolsonaro, fora o imperialismo da América Latina».
Milhares de pessoas seguiram então, em manifestação, pelas ruas do centro da capital argentina em direcção à Praça de Maio, exibindo cartazes e faixas alusivos aos chefes de Estado brasileiro e argentino, sublinhando que são «marionetas manietadas por Trump» e gritando «Eles não» e «Odiosos fora daqui».
Na Praça de Maio, teve lugar aquilo que a Prensa Latina designa como um grande festival contra o imperialismo e os governos neoliberais. Para além da intervenção do senador Solanas, uma multidão ouviu ainda as de Nora Cortiñas (das Mães da Praça de Maio – Linha Fundadora) e as de representantes sindicais, de partidos políticos, de organizações sociais e de activistas brasileiros residentes na Argentina.
Um dirigente da Frente de Esquerda vincou o apoio à luta dos estudantes e trabalhadores brasileiros contra os ataques neoliberais, enquanto a deputada Gabriela Cerruti afirmou que a «América Latina merece a Pátria Grande», destacando que «o ódio de Bolsonaro não é bem-vindo».
À mobilização em «defesa da soberania, da solidariedade latino-americana, contra as políticas neoliberais de Bolsonaro e Macri», e contra «o autoritarismo, o militarismo e as várias declarações racistas, machistas homofóbicas e de apologia à tortura expressas por ambos», juntaram-se várias bandas e cantores populares argentinos e brasileiros.
A cantora argentina Malena Dalessio disse que «é necessário tomar consciência» do que significam Bolsonaro e Macri, e «estar à altura das circunstâncias», refere o Resumen Latinoamericano.
Na curta visita à Argentina, Bolsonaro reuniu-se com Mauricio Macri e afirmou que «partilha com ele os mesmos ideais e interesses para a região».
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