|Bélgica

Milhares de trabalhadores em Bruxelas contra os cortes nas pensões

No contexto de uma greve que afectou diversos sectores, mais de 30 mil pessoas manifestaram-se na capital belga contra os cortes de três mil milhões de euros nas pensões e apoios sociais.

CréditosHatim Kaghat / Brussels Times

A Federação Geral do Trabalho da Bélgica (ABVV-FGTB), uma das centrais sindicais que convocaram a jornada de luta desta segunda-feira, acusou o governo que está a ser formado de querer atacar directamente as pensões dos trabalhadores e de levar a cabo cortes sem precedentes nos serviços públicos.

Numa das suas faixas, lia-se: «Por pensões decentes e uma sociedade mais justa». Por seu lado, o secretário-geral da central, Thierry Bodson, afirmou, na Praça Poelaert, que os trabalhadores estão à espera das negociações para a formação do novo governo e avisou que, se os ataques anunciados ao mundo do trabalho se mantiverem inalterados, a ABVV-FGTB vai passar a «velocidade superior».

Sublinhando o direito dos trabalhadores às pensões de reforma, o dirigente sindical anunciou que a 13 de Fevereiro haverá uma nova manifestação, depois de nesta terem vincado que as pensões de reforma não são um «presente», que descontam ao longo da vida para elas e que o ataque às pensões é um «roubo».

A mobilização de ontem em Bruxelas enquadrou-se numa jornada de greve com impacto em diversos sectores, nomeadamente na educação, transportes, aeroportos, correios, recolha de lixo ou serviços prisionais.

Trabalhar mais para reformas mais pequenas e sem tocar no grande capital

Segundo referem os sindicatos e o Partido do Trabalho da Bélgica (PVDA-PTB), as notícias vindas a público sobre as negociações de Bart De Wever (da Nova Aliança Flamenga; N-VA) com vários partidos de direita, conservadores e liberais para a formação de um governo na Bélgica mostram conteúdos «anti-laborais», «anti-sociais» e «anti-democráticos», em que se inclui a pretensão de «poupar» três mil milhões de euros anuais apenas em pensões.

Thierry Bodson, secretário-geral da ABVV-FGTB, intervém na manifestação em Bruxelas, a 13 de Janeiro de 2025 / @sydicatFGTB

Sindicatos e organizações de esquerda acusam De Wever e Georges-Louis Bouchez (dos liberais MR) de pretenderem pôr os trabalhadores a trabalhar mais para gozarem reformas minguadas – isto também com o propósito de alimentar os devaneios belicistas que a direita e certo progressismo moderno alimentam.

O PTB alerta que este é «um governo de bandidos». Ao discursar este domingo, Raoul Hedebouw, presidente do PTB e deputado na Câmara dos Representantes da Bélgica, apelou à resistência contra este governo «para ser», que, alertou, não vem com intenções de taxar as grandes fortunas, os muito ricos, mas aqueles à custa de quem os ultra-ricos enriqueceram: os trabalhadores.

Perante um panorama de ataques a direitos sociais e laborais, e de incremento dos riscos de militarização e ameaças à democracia, Hedebouw também falou em «esperança», nomeadamente nas iniciativas que os trabalhadores, o mundo associativo, o sector cultural e a juventude já têm em curso para lutar contra os planos do governo em formação.

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