Os manifestantes percorreram, esta terça-feira, as principais vias da capital costa-riquenha, em direcção à Assembleia Legislativa, denunciando a pretensão do governo de Carlos Alvarado de negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo no valor de 1750 milhões de dólares.
Protestaram igualmente contra projectos de lei neoliberais que o governo está a dinamizar e que, em seu entender, vão prejudicar os trabalhadores e as camadas mais pobres do país. Por isso, ao longo do trajecto, ouviram-se palavras de ordem como «Justiça tributária», «Os ricos que paguem como ricos e os pobres como pobres», «Não ao FMI» ou «FMI fora daqui».
Em declarações à imprensa, o secretário-geral da União Nacional de Empregados da Caixa e da Segurança, Luis Chavarría, afirmou que os trabalhadores também dizem «não» à privatização e à venda de instituições públicas e «não» a mais impostos para o povo, tendo defendido que o défice fiscal deve ser pago pelos ricos e pelos evasores. «Costa Rica no se vende, Costa Rica se defiende!» [A Costa Rica não se vende, a Costa Rica defende-se], sublinhou, citado pela Prensa Latina.
As organizações de docentes exigiram ao governo que retire da sua agenda as propostas lesivas para os trabalhadores. Gilberto Cascante, presidente da Associação Nacional de Educadores, denunciou que «os ricos são os que não pagam impostos na Costa Rica», sublinhando que «não estão a defender o povo». «Estão a defender os seus próprios interesses», acrescentou.
Protestos duram há uma semana
A manifestação de ontem, promovida pelos sindicatos, coincide com os protestos levados a cabo por membros do Movimento de Resgate Nacional, um grupo unitário, com apoio de alguns sindicatos, que há uma semana tem vindo a bloquear as estradas por todo o país, como forma de pressionar o governo a desistir de qualquer negociação com o FMI.
De acordo com os dados avançados pelas autoridades, permanecem bloqueadas 53 estradas no país centro-americano, havendo outras 33 com passagem intermitente de viaturas.
No domingo passado, o presidente costa-riquenho, confrontado com a ampla oposição nas ruas e também de algumas bancadas na Assembleia, anunciou a retirada da proposta inicial ao FMI, indica a Prensa Latina.
No entanto, os sindicatos decidiram prosseguir com os protestos, uma vez que a política neoliberal do governo se mantém e tendo em conta que Alvarado apelou a um diálogo nacional com o intuito de chegar a um consenso sobre um novo plano para conseguir o crédito do FMI.
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