No final de Abril, o Exército Árabe Sírio (EAS) e seus aliados deram início a uma operação de grande envergadura com vista à libertação do território das províncias de Idlib, Hama e Latakia que ainda se encontra sob domínio dos terroristas.
Qalat al-Madiq, cidade localizada na fértil Planície do Ghab, no Norte da província de Hama, foi recentemente libertada e, nas operações de limpeza de terreno que levaram a cabo, os militares sírios encontraram dezenas de peças arqueológicas que foram roubadas e ocultadas em esconderijos pelos terroristas, revelam a agência SANA e a Prensa Latina.
De acordo com fontes militares, não está posta de lado a possibilidade de serem encontradas mais peças, uma vez que as operações de «pente fino» na localidade referida estão em fase inicial. O mesmo se passou noutros locais saqueados pelos extremistas, indicam as fontes, acrescentando que as peças arqueológicas agora encontradas iam ser contrabandeadas para fora do país.
Apameia e o saque
A moderna Qalat al-Madiq fica no local da antiga Apameia, cujas ruínas ainda podem ser vistas ali perto, a leste da cidade, cerca de 55 quilómetros a noroeste da capital da província, Hama.
Apameia, fundada pelos Selêucidas (povo helénico) na margem do rio Orontes, cerca de 300 anos antes de Cristo, possui importante espólio romano e bizantino. Destino turístico crescente antes da guerra de agressão, foi proposta pela Síria à UNESCO como Património da Humanidade, mas a guerra imposta ao país pelos terroristas, pelas potências ocidentais e regionais impediu que o processo de apreciação fosse concluído.
As autoridades estimam que o local tenha sido alvo de grande predação por parte dos saqueadores de tesouros arquelógicos. Em Abril de 2017, a Al-Masdar News publicou fotografias de satélite que evidenciam os estragos feitos ao local: centenas de buracos escavados pelo que se julga serem contrabandistas de peças arqueológicas.
Vasto património a proteger
Com um território onde se fixaram ou passaram várias civilizações ao longo de milhares de anos, a Síria possui cerca de dez mil sítios arqueológicos. Recentemente, a Direcção-Geral de Antiguidades e Museus (DGAM) celebrou com a fundação Wathiqat Watan um acordo de entendimento que visa documentar e proteger o vasto património do país árabe, tendo em conta os vastos danos e a grande destruição causados pela guerra terrorista imposta ao país.
De acordo com os responsáveis, o projecto irá «documentar o património material e imaterial, bem como os danos que as acções de sabotagem lhe provocaram». Recolhendo os testemunhos daqueles que viveram a guerra, a Wathiqat Wattan vai «não só contar aos sírios o que aconteceu ao seu país, como também traduzir [esse conhecimento] para as línguas vivas do mundo».
De acordo com Mahmoud Hamoud, chefe da DGAM, no contexto da pilhagem massiva de que o país tem sido alvo ao longo da guerra de agressão, as autoridades conseguiram resgatar e recuperar cerca de 9500 peças roubadas.
No entanto, apesar de todo o esforço feito no sentido da recuperação e do restauro do património histórico, o responsável sírio estima que dezenas de milhares de artefactos pilhados continuem desaparecidos, muitos deles no estrangeiro e nas mãos de especialistas, à espera de os vender a coleccionadores privados.
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