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Sephora despede duas delegadas sindicais em Pamplona

As trabalhadoras, que a empresa do sector do luxo já tinha castigado, foram agora despedidas com o argumento de manterem uma greve que se arrasta e, assim, prejudicarem os cofres e a imagem da empresa.

Concentração de apoio às grevistas da Sephora frente ao Palácio da Justiça de Navarra, em Pamplona (Iruñea), em Julho de 2020
Créditos / ELA Sindikatua

O conflito laboral na Sephora, em Pamplona (Iruñea), dura há mais de um ano, sem que tenha havido grandes avanços: a empresa não mostra vontade de negociar, nem sequer de conhecer as reivindicações dos trabalhadores, refere o portal gedar.eus.

Ao longo do tempo, desde o início da greve que as trabalhadoras mantêm em determinados dias da semana, a Sephora fez diversas tentativas de obstruir a actividade sindical, acrescenta a fonte.

Entre outras medidas, pôs o sindicato ELA e as suas delegadas em tribunal, argumentando que a paralisação era ilegal e exigindo 8000 euros de indemnização por dia de greve. No entanto, o Tribunal Superior de Justiça de Navarra declarou que a greve é legal.

Em Janeiro último, puniu três trabalhadoras, incluindo as duas delegadas sindicais, com 16 dias de emprego e salário por causa de um vídeo em que abordavam, de forma crítica e humorística, as condições de trabalho na empresa. Agora, despediu as duas delegadas sindicais, filiadas no ELA.

Muito luxo para pouco salário

O sindicato, que já requereu a anulação dos despedimentos e a reintegração imediata das trabalhadoras, afirma numa nota que a Sephora, ao longo do último ano, violou direitos fundamentais como são o direito à greve, o da liberdade de associação sindical, o da liberdade de expressão no exercício de funções sindicais ou o direito à negociação colectiva. As trabalhadoras sublinharam que «vão continuar a lutar».

As trabalhadoras da loja na capital navarra estão em luta contra a precariedade e os baixos salários, e em defesa de melhores salários e de um acordo colectivo, numa empresa que integra o conglomerado multinacional LVMH, líder absoluto no sector dos artigos de luxo e dono de várias dezenas de marcas bem conhecidas.

O salário de uma funcionária a tempo inteiro, lembra o sindicato ELA, é de 912 euros. É por isso que costumam dizer: «Vendemos cremes por mil euros por salários de 900.» No entanto, numa empresa que em 2017 facturou 140 milhões de euros, a grande maioria das trabalhadoras tem contratos a tempo parcial, informa o naiz.eus, e não recebe sequer aquele salário. Têm também de trabalhar seis dias por semana (incluindo domingos e feriados).

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