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Socorro Gomes: Conselho Mundial da Paz tem papel «aglutinador e mobilizador»

A presidente do Conselho Mundial da Paz (CMP) destacou, em Hanói, o papel «aglutinador e mobilizador» que o organismo deve ter face à encruzilhada histórica em que a humanidade se encontra.

Sessão de abertura da XXII Assembleia Mundial da Paz, em Hanói 
Créditos / Prensa Latina

«O espírito unitário, a iniciativa e a combatividade são rasgos que devem distinguir o trabalho do Conselho para abrir uma senda clara na luta pela paz mundial, que é a luta contra o imperialismo», sublinhou Socorro Gomes, esta terça-feira, na sessão de abertura da XXII Assembleia Mundial da Paz, que é órgão máximo do CMP.

Gomes lembrou que há seis anos – como consequência da pandemia de Covid-19 – não se realizava um encontro presencial, acrescentando que o que ontem se iniciou na capital vietnamita tem lugar numa conjuntura marcada pelo agravamento dos problemas sociais e por maiores ameaças à paz e à segurança dos povos.

«Começamos esta Assembleia com mais decisão de luta», afirmou, antes de instar os participantes a unir esforços e desencadear poderosos movimentos capazes de conter e derrotar as forças belicistas e retrógradas que ameaçam destruir grandes conquistas da humanidade, indica a Prensa Latina.

Referindo-se às catastróficas consequências da pandemia de Covid-19, que mostrou, uma vez mais, quão injusta é a actual ordem internacional e fez aumentar a crise económica mundial, a presidente do CPM alertou que existe uma nítida tendência para o agravamento dos conflitos no mundo.

Abertura da XXII Assembleia Mundial da Paz, em Hanói / PL

Defendeu ainda que está a ocorrer uma mudança na correlação de forças internacionais, o que cria um contexto mais favorável para levar a cabo a luta anti-imperialista. «Na América Latina – disse –, a vitória das forças democráticas e progressistas na Bolívia, no Chile, nas Honduras, na Colômbia, no Peru e no Brasil traçam um quadro prometedor».

Socorro Gomes destacou também a resistência heróica e firme de Cuba em defesa do seu modelo socialista e da sua soberania, bem como os avanços alcançados pela Revolução Bolivariana na Venezuela, que também desempenham um papel positivo.

Na cerimónia de abertura, o vice-presidente permanente da Assembleia Nacional do Vietname, Tran Thanh Man, afirmou que a paz, a independência e a liberdade foram desde sempre aspirações do seu povo e o principal objectivo da revolução.

Mostrou também confiança em que este encontro trace uma direcção estratégica e um plano de acção eficaz para renovar e melhorar o trabalho do CMP, contribuindo activamente para os esforços com vista à prevenção de conflitos, para impedir a corrida armamentista e para promover o respeito pelos princípios do direito internacional.

Cartaz da XXII Assembleia Mundial da Paz / wpc-in.org

No final da sessão de abertura, Thanh Man entregou a Ordem da Amizade do Conselho Mundial da Paz e à sua presidente, Socorro Gomes, ao seu secretário-geral, Thanassis Pafilis, e ao secretário permanente, Iraklis Tsavdaridis.

Conselho Mundial da Paz: grande solidariedade e apoio ao Vietname

Os trabalhos iniciaram-se na segunda-feira, com a reunião do Comité Executivo do CMP, de que faz parte o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), que também está presente em Hanói.

Nesse dia, o presidente do Comité da Paz de Vietname, Uong Chu Luu, concedeu uma entrevista à Vietnam News Agency (VNA), a propósito da realização na capital vietnamita, até dia 26, da XXII Assembleia Mundial da Paz, com o lema «Reforçamos a luta anti-imperialista e a solidariedade por um mundo de paz e justiça social».

Chu Luu referiu-se às boas relações «históricas e especiais» entre o CMP e o Vietname durante as últimas sete décadas, destacando o forte apoio e a solidariedade internacionalista que o país do Sudeste Asiático recebeu tanto no período da luta pela independência e libertação nacional, face aos colonialistas franceses e imperialistas norte-americanos, como na fase mais recente da construção e do desenvolvimento do país.

Assembleia Mundial da Paz no Brasil

Fortalecer a solidariedade entre os povos

O Conselho Mundial da Paz promoveu a realização da Assembleia Mundial da Paz, dias 18 e 19, em São Luís (Maranhão). Na declaração final, destaca-se as ameaças à paz e faz-se um apelo à unidade na luta «pela paz, contra o imperialismo».

A Assembleia Mundial da Paz realizou-se pela primeira vez no Brasil, em São Luís do Maranhão
Créditos

A Assembleia Mundial da Paz, órgão máximo do Conselho Mundial da Paz (CMP), decorreu nos dias 18 e 19 de Novembro em São Luís do Maranhão, tendo como anfitrião o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).

Fórum internacional de movimentos da paz, no qual as organizações nacionais que integram o CMP procedem à análise da situação internacional, debatem e decidem sobre o rumo a seguir na luta pela paz, e elaboram campanhas e acções de unidade em torno dos princípios do CMP, a Assembleia Mundial da Paz realizou-se pela primeira vez no Brasil.

O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), membro do CMP com assento no seu Comité Executivo e Secretariado, e também seu coordenador para a Europa, fez-se representar na conferência. Numa nota, afirma que a este encontro magno presidem princípios como a defesa da autodeterminação dos povos e da soberania nacional, a luta anti-imperialista e anti-colonialista, a luta contra a militarização e as armas de destruição massiva, a defesa de relações internacionais solidárias, de respeito mútuo, regidas pela não ingerência, pela paz.

Declaração final

A assembleia realizada em São Luís, quatro anos depois da que teve lugar no Nepal, terminou com a adopção da declaração política «Fortalecer a Solidariedade entre os Povos na Luta pela Paz, contra o Imperialismo».

«O CMP alerta para [...] o ressurgimento do fascismo, com velhas e novas roupagens»

No primeiro dos seus 61 pontos, a declaração destaca a solidariedade do CMP com o povo brasileiro, que resiste aos ataques antidemocráticos e antipopulares das forças golpistas, na sequência do golpe de Estado parlamentar, judicial e mediático que teve lugar no país sul-americano.

Ameaças à paz

O CMP alerta para os novos perigos e ameaças à paz que o mundo enfrenta, entre os quais refere as intervenções militares contra países soberanos e o ressurgimento do fascismo, com velhas e novas roupagens.

A este título, o conselho sublinha que, desde a sua última assembleia, em 2012, se registou uma grande ofensiva do imperialismo, com expressões visíveis, nomeadamente, na Líbia, na Síria e na Ucrânia; no aumento das despesas militares e da militarização do planeta; nas intervenções na América Latina, destinadas a travar processos soberanos que trouxeram avanços sociais e económicos aos povos; na tensão crescente com a China e a Rússia.

Militarização, NATO, capitalismo

A expansão da NATO é encarada como um dos temas mais prementes na agenda do movimento mundial da paz, na medida em que a Aliança Atlântica é um inimigo da paz e dos povos, e que as suas provocações são tidas como directamente responsáveis pela desestabilização, tensões, violência e guerra no mundo. EUA, União Europeia e NATO continuam empenhados em políticas militaristas de preparação para a guerra, aponta a declaração, na qual a abolição das armas nucleares se impõe como outra das questões de enorme urgência.

«Grande ameaça à paz é também o capitalismo global, sistema dominante [...] cuja natureza exploradora e opressiva se evidencia cada vez mais»

Grande ameaça à paz é também o capitalismo global, sistema dominante guiado pela obtenção do lucro, e cuja natureza exploradora e opressiva se evidencia cada vez mais, com a intensificação da exploração dos trabalhadores e dos povos, ataques aos direitos dos trabalhadores, cortes na despesa pública e a deterioração de áreas como a saúde e a educação.

Respostas e apelo

A declaração enfatiza de igual modo que, na sua tentativa de alcançar a hegemonia global, o imperialismo se confronta, a nível mundial, com o crescimento de uma onda a favor da paz e da justiça, sendo que os movimentos populares assumem um papel cada vez mais destacado na defesa da soberania dos povos.

«Para o CMP, este é também um tempo de esperança, de unir todas as forças consequentes que lutam pela paz e o progresso»

Igualmente salientado na declaração é o facto de existirem organizações como o Movimento dos Países Não-Alinhados e, a nível regional, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que promovem a defesa da resolução pacífica dos conflitos e se posicionam contra a hegemonia imperialista.

Para o CMP, este é também um tempo de esperança, de evocar as históricas lutas travadas no passado, e unir todas as forças consequentes que lutam pela paz e o progresso em torno de uma grande mobilização capaz de evitar novas tragédias.

Reforçar o CMP é uma tarefa-chave para reforçar a solidariedade entre os povos. Neste sentido, a declaração sublinha que a convergência entre as organizações que são seus membros e as organizações amigas é fundamental para a promoção de uma luta unitária pela paz, a justiça, a soberania popular e nacional, o progresso e um mundo livre de ocupação, opressão, colonialismo, exploração, imperialismo e guerra.

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Assembleia Mundial da Paz no Brasil
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Quando o Vietname começou a realizar o processo de Renovação, o CMP apoiou o país da Indochina nas Nações Unidas, tendo ainda organizado seminários e reuniões para apelar à comunidade internacional que ajudasse o país asiático a ultrapassar as consequências da guerra, disse Chu Luu.

Qualificando o CMP como a principal organização aglutinadora de movimentos de defesa da paz, reunindo forças progressistas e democráticas de todo o mundo, Uong Chu Luu afirmou que, enquanto membro fundador do CMP, o comité vietnamita sempre participou activamente nas iniciativas da organização.

O contributo do Vietname – disse à VNA – não passa apenas por prevenir novas guerras mundiais ou guerras nucleares, combater o terrorismo, o racismo ou a desigualdade, entre outros aspectos, mas também por ajudar a resolver questões relativas ao ambiente, aos direitos humanos e à justiça.

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