Na quarta-feira, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, anunciou estar «disponível para apoiar o projecto da Associação O Joãozinho» para «continuar as obras» da ala pediátrica, resolvendo «o que o Estado não tem conseguido».
Num comunicado, a CDU demarca-se e critica a recente posição de Rui Moreira, expressa também numa carta recente à ministra da Saúde. Defende que, sob argumentos «alegadamente justos», aponta um caminho que «contribuirá para mais atrasos», retrocedendo e apoiando «soluções falhadas» que, em troca de um «disfarçado mecenato», tendem «a hipotecar os direitos dos utentes» e a «prejudicar o Serviço Nacional de Saúde».
Como exemplo, os eleitos da CDU na cidade do Porto apontam «muitas das actuais parcerias público-privadas», da responsabilidade de sucessivos governos do PS, PSD e CDS-PP, que absorvem «uma grande parte do orçamento para a Saúde» e «contribuem para a falta de investimento crónico no SNS e para o surgimento de situações tão dramáticas quanto esta».
Num artigo publicado no AbrilAbril, em Novembro de 2016, Jorge Seabra expunha com clareza o «negócio» em que se tornou um serviço de saúde fundamental para as crianças.
«Este delirante processo e o convite que a antiga administração do hospital fez a Pedro Arroja para presidir ao "Joãozinho" levantam as maiores interrogações sobre a credibilidade e motivação de toda esta gente em verdadeiramente beneficiar as crianças doentes», referia então.
A propósito de motivações, acrescentava: «Pedro Arroja, cujo tempo dourado de comentador-estrela da TV e dos ganhos mirabolantes já tinha passado, não ficou de braços cruzados: reuniu com o Conselho de Administração do Hospital de S. João e com o CEO do Continente, engenheiro Luís Moutinho, e todos acordaram um espantoso negócio já bastante distanciado da desinteressada caridade: o Continente fazia um supermercado num terreno, junto à nova ala pediátrica, "gratuitamente" cedido durante 50 anos pelo hospital, contribuindo em troca com cerca de 15 milhões ao longo desses 50 anos (300 mil por ano).»
PSD e CDS-PP «escamoteiam» responsabilidades
Ainda sobre Rui Moreira, a CDU reivindica do edil uma postura construtiva e que intervenha junto do Ministério da Saúde de forma a adoptar as medidas necessárias para agilizar uma resposta pública, de acordo com o compromisso já assumido pelo Governo. Ao mesmo tempo, exige que sejam tomadas medidas urgentes para melhorar, desde já, o atendimento, acompanhamento e tratamento das crianças e suas famílias.
A CDU considera ainda que a proposta do PSD e CDS-PP, de se proceder a um ajuste directo, «não é mais do que demagogia» com assuntos de «enorme seriedade», sabendo-se da sua «duvidosa legalidade e dos prováveis atrasos» quando chegasse ao Tribunal de Contas. Acrescenta que assim se tenta «escamotear» as responsabilidades destes dois partidos no atraso da construção da ala pediátrica.
O comunicado elucida ainda sobre a actuação do PCP na Assembleia da República, que «desencadeou vários mecanismos para pressionar o Governo a actuar com a urgência que a situação exige».
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