Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o acordo UE-Mercosul é profundamente lesivo para os agricultores, para a agricultura portuguesa e para os interesses do povo. Neste sentido, a organização de agricultores instou ao Governo português a que não ratifique o acordo que, do seu ponto de vista, «é um duro golpe para a agricultura familiar e a soberania alimentar».
No comunicado emitido, a negociação deste acordo foi realizada em secretismo e dada a opacidade verificada, poderão existir cláusulas que poderão ser ainda piores do que o que já é conhecido e propagandeado pela União Europeia.
De acordo com a CNA, a assinatura deste acordo é «mais uma machadada para os agricultores de Portugal», mas também da Europa e dos países do Mercosul, uma vez que acelera a substituição dos pequenos e médios agricultores e da agricultura familiar camponesa pela grande produção agrícola industrializada.
«Os bovinos produzidos em pequena escala no nosso país competirão, de facto, com produções de enormes dimensões a preços muito mais reduzidos. As frutas competirão com produções avassaladoras de países com outras características edafoclimáticas. As oleaginosas produzidas cá competirão com as vindas de áreas de elevadíssimas produtividades», ilustra a CNA no seu comunicado.
Segundo a mesma, este tipo de acordos só beneficia modelos industriais nos quais só ganham as grandes potências e as grandes corporações do agronegócio, concluindo que a agricultura e a alimentação dos povos é transformada em mera moeda de troca, ao mais baixo preço, para aumentar as exportações de bens industriais das grandes potências europeias.
Esta acaba por considerar, como não podia deixar de ser, que são os agricultores, «de ambos os lados do Atlântico» a saírem «fortemente prejudicados». Enquanto que em Portugal e na União Europeia os agricultores serão «esmagados pelo aumento de importações de produtos agrícolas do agro-negócio, nos países do Mercosul os camponeses serão esmagados pelas empresas de produção intensiva.
A par destes elementos, também os as populações sairão penalizadas, já que «muitos agroecossistemas e a sua biodiversidade associada ficarão irreversivelmente em causa, contradizendo os “compromissos” dos Governos nacionais e da própria UE “assumidos” na luta contra as alterações climáticas».
No fim do comunicado pode ler-se que a CNA rejeita «a ideia de competição entre agricultores à escala global» e reitera «a importância de promover a cooperação e um novo quadro para o comércio internacional baseado na Soberania Alimentar dos povos».
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