Depois de no primeiro confinamento ter alertado para a sobrecarga de trabalho na vida das mulheres, obrigadas a combinar teletrabalho, filhos e tarefas domésticas, o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) afirma agora que essa situação não só não se alterou, como conheceu um agravamento.
Num comunicado, o MDM afirma que tem recebido queixas, nomeadamente de trabalhadoras de call centers, que apesar de terem de cuidar dos seus filhos têm também de cumprir os objectivos diários de atendimentos, tendo já sido alvo de reclamações por parte dos clientes, porque estes «têm de estar o telefonema todo a ouvir uma criança a chorar».
A par da sobrecarga de tarefas com que as famílias estão confrontadas, em particular as mulheres, existe a necessidade de responder a mais despesas com menos salário. Esta situação, descreve o MDM, configura «um desgaste emocional profundo», tanto nas mulheres como nas crianças, e conduz «à total perda de rendimentos, pois as mulheres optam pelo cuidado dos filhos em detrimento do trabalho».
Para a organização, importa igualmente salvaguardar os casos em que as mulheres não podem estar em teletrabalho e têm filhos maiores de 12 anos. Neste caso, defende que o apoio especial de assistência a filhos menores seja estendido até às crianças menores de 16 anos, com pagamento do salário a 100%, enquanto durar o confinamento e o encerramento de equipamentos de apoio à infância e escolares.
Partindo da premissa de que «é impossível cuidar, tratar e apoiar crianças enquanto se trabalha», o MDM chama a atenção para a realidade de muitos pais, e na sua maioria mães, que nunca voltaram ao trabalho presencial desde Março do ano passado e que agora voltam a ficar com as crianças em casa durante todo o dia devido ao encerramento das escolas.
O Movimento quer ainda ver alterada a situação das famílias onde o facto de um dos progenitores estar em teletrabalho impossibilita que o outro aceda ao apoio para assistência a filhos menores de 12 anos, criticando o entendimento de que é possível conciliar o teletrabalho com a assistência aos filhos. Alerta ainda que não se podem criar mecanismos que levem a uma dupla penalização de quem já aufere salários mais baixos, «por serem mulheres e mães».
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