Se há elemento marcante na integração europeia de Portugal é a desindustrialização e o facto da adopção da moeda única ter tido o marco alemão como referência. Estes dois elementos traduzem a edificação de uma arquitectura europeia desenhada, em grande parte, à medida dos interesses da Alemanha que se afirmou como a grande potência que submete os restantes países, como Portugal, aos seus interesses.
Basta relembrar que, aquando da crise da dívida soberana, a Alemanha agia de forma prepotente, ditando o rumo que os então chamados «PIGS» deviam seguir. As ameaças eram muitas, o condicionamento das decisões soberanas de cada Estado-membro que passava por dificuldades foi uma confirmação.
Foi neste sentido que o actual ministro das Finanças da Alemanha endereçou, mais uma vez, o seu apoio à Iniciativa Liberal. Diz Christian Lindner que «João Cotrim personifica estes valores [liberdade, inovação e progresso] com o seu compromisso inabalável com os princípios liberais e a sua visão para uma sociedade mais próspera e justa».
O bonito discurso serve apenas para esconder as verdadeiras motivações do apoio. Basta ver que hoje, João Cotrim Figueiredo afirmou ter uma «fé enorme» no projeto europeu. Quer isto dizer que tem uma fé enorme no projecto que promoveu a submissão de Portugal aos interesses estrangeiros, à desindustrialização e à retirada de soberania. Ou seja, tudo aquilo que deu uma posição hegemónica à Alemanha no quadro da União Europeia.
Veja-se que em nenhum destes aspectos há um desmentido por parte da Iniciativa Liberal, sendo que o seu cabeça de lista chegou mesmo a afirmar num debate que o BCE não pode estar dependente da democracia e das vontades populares. Isto é uma clara salvaguarda dos interesses alemãs que vêem na política de juros desta instituição, uma política benéfica para si.
O apoio do ministro das Finanças da Alemanha é mais uma confirmação de quem serve a Iniciativa Liberal. Há, no entanto, um outro elemento: o que seria se um ministro português declarasse apoio a um outro partido alemão que pertencesse ao Governo desse país? Possivelmente seria um escândalo diplomático. Neste caso de Christian Lindner, ficou mais uma vez demonstrado que na União Europeia as regras são flexíveis para as grandes potências que tudo podem fazer.
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