O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) lembrou a passagem dos 76 anos sobre os bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasáqui, respectivamente a 6 e a 9 de Agosto de 1945.
Os bombardeamentos norte-americanos ocorreram, sublinha o CPPC, «num momento em que o Japão já se encontrava militarmente derrotado», e o elevado número de vítimas, na sua maioria civis, «expressa bem a crueldade destes ataques nucleares».
As estimativas mais conservadoras, apresentadas uma década depois os investigadores norte-americanos, falam de 110 mil mortos nos bombardeamentos, mas relatórios de 1945, divulgados pelo Boletim de Cientistas Atómicos, mostram que o presidente dos EUA estava ciente da existência de mais de 200 mil mortos em ambas as cidades.
«As consequências da exposição à radiação», faz notar o CPPC, «fizeram-se sentir nos sobreviventes e seus descendentes, que sofreram doenças oncológicas e malformações congénitas durante décadas».
As autoridades de saúde japonesas viriam a registar mais de 650 mil pessoas, sobreviventes ou seus descendentes directos, afectados pela radiação emitida pelas explosões atómicas.
Pela paz e pelo fim das armas nucleares
O CPPC relembra o «amplo movimento pela paz a nível mundial» nascido depois da Segunda Guerra Mundial, «na esteira da barbárie nazi-fascista e da morte, sofrimento e destruição» e «do horror dos bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasaki», e a sua «exigência da abolição das armas nucleares como um objectivo central da acção de todos quantos, em Portugal e no mundo, defendem a paz, a segurança e a cooperação internacionais».
O comunicado do CPPC cita dados recentes do Stockolm International Peace Research Institute (SIPRI) que estimam a existência de mais de 13 mil armas nucleares distribuídas por nove países, das quais cerca de 2000 se encontram em estado de «alerta máximo». Entre os EUA e a Rússia contam-se, no total, quase 12 mil armas nucleares, com a China (350), a França (290), o Reino Unido (225), o Paquistão (165), a Índia (156), Israel (90) e a República Popular Democrática da Coreia (menos de 10) a completarem o grupo de nove de países na posse deste tipo de arma.
Salienta também a posição particularmente ameaçadora dos EUA neste domínio: não só é o único país que utilizou a bomba atómica, como é possui «armas nucleares em bases militares sediadas noutros países e em esquadras navais espalhadas por todo o mundo, ao mesmo tempo que admitem a possibilidade de um ataque nuclear dito “preventivo”, mesmo contra países que não possuam armas nucleares».
Coincidindo com o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, o CPPC divulga um documento das organizações europeias que integram o Conselho Mundial da Paz em prol dessa luta. A divulgação do texto «Lutar pela Abolição de todas as Armas Nucleares!», subscrito pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e demais organizações europeias membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), teve como propósito coincidir com a data de 26 de Setembro, que foi declarada pelas Nações Unidas como Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares. Organizações europeias membros do Conselho Mundial da Paz sublinham que, «considerando a dimensão e o poder dos arsenais nucleares existentes, uma guerra nuclear entre os principais poderes nucleares não estaria limitada a reproduzir o horror vivido em Hiroxima e Nagasaki há mais de 70 anos, mas iria multiplicá-lo». E acrescentam: «Tal guerra iria comprometer a sobrevivência da própria humanidade.» «Actualmente – lê-se no documento – existem mais de 15 mil ogivas nucleares no mundo, nos arsenais de nove países (EUA, Federação Russa, Reino Unido, França, China, Israel, Índia, Paquistão e República Popular Democrática da Coreia)», sendo que cinco países (Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia) «albergam formalmente armas nucleares dos EUA». Para além disso, este tipo de arma encontra-se disperso pelo mundo em numerosas bases militares e frotas navais, particulamente dos EUA e de outros estados-membros da NATO, afirmam as organizações europeias de defesa da paz, lembrando que, «no seu conceito estratégico», os EUA admitem o uso de armas nucleares num primeiro ataque, tal como a NATO. Para estas organizações, o Apelo de Estocolmo – «uma grande iniciativa histórica do CMP, assinado por centenas de milhares de pessoas no mundo, sobre a ameaça de uso destas armas» – continua «a servir de guia» para a sua acção, pelo que apelam «a todos os povos que amam a paz que renovem e reforcem» a exigência da abolição de todas as armas nucleares. Neste sentido, consideram que o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares (adoptado a 7 de Julho de 2017) é um marco no sentido da total eliminação destas armas e sublinham que a sua entrada em vigor constituiria «um passo importante» para acabar com a ameaça por elas gerada. «No caminho necessário da defesa da paz, do desanuviamento nas relações internacionais, do fim da corrida às armas e pela promoção de passos para um desarmamento universal, simultâneo e controlado», o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares afigura-se essencial, pelo que, defendem, «todos os estados deverão assinar o tratado para a proibição de armas nucleares sem demora». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
É preciso lutar pela abolição das armas nucleares
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Recordar o bombardeamento atómico de Hiroxima e Nagasáqui e «as vitimas e as sequelas deixadas por este tenebroso crime» deve alertar, para o CPPC, «as actuais e futuras gerações» para a realidade de uma guerra nuclear, a qual, travada com «com as capacidades dos arsenais actuais», ampliaria as suas consequências «a uma escala nunca antes vista», sublinhando que «bastaria a utilização de uma ínfima parte das armas nucleares actualmente existentes para que a vida na Terra ficasse seriamente ameaçada».
O CPPC reafirma que Portugal deve pugnar pela imediata abolição de todas as armas nucleares e outras armas de destruição massiva em todas as instâncias internacionais em que está presente e assinar, ratificar e promover o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, em vigor no âmbito da ONU, contribuindo activamente para um mundo livre de armas nucleares, para a Paz e para o desarmamento geral, simultâneo e controlado.
Neste sentido, apela a todos os amantes da Paz para que prossigam a assinatura da petição «Pela adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares - Defender a paz é defender a vida», que está acessível na internet.
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