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Nagasáqui nunca mais

O CPPC recorda o horror nuclear que vitimou centenas de milhares de pessoas, há 76 anos, e reafirma a exigência do fim das armas nucleares e de todas as armas de destruição massiva

Destroços de um templo xintoísta, em Nagasaki, após o bombardeamento de 9 de Agosto de 1945
Créditos / lounge.obviousmag.org

O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) lembrou a passagem dos 76 anos sobre os bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasáqui, respectivamente a 6 e a 9 de Agosto de 1945.

Os bombardeamentos norte-americanos ocorreram, sublinha o CPPC, «num momento em que o Japão já se encontrava militarmente derrotado», e o elevado número de vítimas, na sua maioria civis, «expressa bem a crueldade destes ataques nucleares».

As estimativas mais conservadoras, apresentadas uma década depois os investigadores norte-americanos, falam de 110 mil mortos nos bombardeamentos, mas relatórios de 1945, divulgados pelo Boletim de Cientistas Atómicos, mostram que o presidente dos EUA estava ciente da existência de mais de 200 mil mortos em ambas as cidades.

«As consequências da exposição à radiação», faz notar o CPPC, «fizeram-se sentir nos sobreviventes e seus descendentes, que sofreram doenças oncológicas e malformações congénitas durante décadas».

As autoridades de saúde japonesas viriam a registar mais de 650 mil pessoas, sobreviventes ou seus descendentes directos, afectados pela radiação emitida pelas explosões atómicas.

«As cores da Paz pelo Futuro que Queremos!», mural alusivo aos 75 anos dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui, foi realizado por activistas da Plataforma pela Paz e o Desarmamento no Jardim da Cerca da Graça, em Lisboa, a 7 de Agosto de 2020. Créditos

Pela paz e pelo fim das armas nucleares

O CPPC relembra o «amplo movimento pela paz a nível mundial» nascido depois da Segunda Guerra Mundial, «na esteira da barbárie nazi-fascista e da morte, sofrimento e destruição» e «do horror dos bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasaki», e a sua «exigência da abolição das armas nucleares como um objectivo central da acção de todos quantos, em Portugal e no mundo, defendem a paz, a segurança e a cooperação internacionais».

O comunicado do CPPC cita dados recentes do Stockolm International Peace Research Institute (SIPRI) que estimam a existência de mais de 13 mil armas nucleares distribuídas por nove países, das quais cerca de 2000 se encontram em estado de «alerta máximo». Entre os EUA e a Rússia contam-se, no total, quase 12 mil armas nucleares, com a China (350), a França (290), o Reino Unido (225), o Paquistão (165), a Índia (156), Israel (90) e a República Popular Democrática da Coreia (menos de 10) a completarem o grupo de nove de países na posse deste tipo de arma.

Salienta também a posição particularmente ameaçadora dos EUA neste domínio: não só é o único país que utilizou a bomba atómica, como é possui «armas nucleares em bases militares sediadas noutros países e em esquadras navais espalhadas por todo o mundo, ao mesmo tempo que admitem a possibilidade de um ataque nuclear dito “preventivo”, mesmo contra países que não possuam armas nucleares».

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É preciso lutar pela abolição das armas nucleares

Coincidindo com o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, o CPPC divulga um documento das organizações europeias que integram o Conselho Mundial da Paz em prol dessa luta.

Nagasaki, arrasada, após o lançamento da bomba atómica, a 9 de de Agosto de 1945
Créditos / flashbak.com

A divulgação do texto «Lutar pela Abolição de todas as Armas Nucleares!», subscrito pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e demais organizações europeias membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), teve como propósito coincidir com a data de 26 de Setembro, que foi declarada pelas Nações Unidas como Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares.

Organizações europeias membros do Conselho Mundial da Paz sublinham que, «considerando a dimensão e o poder dos arsenais nucleares existentes, uma guerra nuclear entre os principais poderes nucleares não estaria limitada a reproduzir o horror vivido em Hiroxima e Nagasaki há mais de 70 anos, mas iria multiplicá-lo». E acrescentam: «Tal guerra iria comprometer a sobrevivência da própria humanidade.»

«Actualmente – lê-se no documento – existem mais de 15 mil ogivas nucleares no mundo, nos arsenais de nove países (EUA, Federação Russa, Reino Unido, França, China, Israel, Índia, Paquistão e República Popular Democrática da Coreia)», sendo que cinco países (Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia) «albergam formalmente armas nucleares dos EUA».

Para além disso, este tipo de arma encontra-se disperso pelo mundo em numerosas bases militares e frotas navais, particulamente dos EUA e de outros estados-membros da NATO, afirmam as organizações europeias de defesa da paz, lembrando que, «no seu conceito estratégico», os EUA admitem o uso de armas nucleares num primeiro ataque, tal como a NATO.

Para estas organizações, o Apelo de Estocolmo – «uma grande iniciativa histórica do CMP, assinado por centenas de milhares de pessoas no mundo, sobre a ameaça de uso destas armas» – continua «a servir de guia» para a sua acção, pelo que apelam «a todos os povos que amam a paz que renovem e reforcem» a exigência da abolição de todas as armas nucleares.

Neste sentido, consideram que o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares (adoptado a 7 de Julho de 2017) é um marco no sentido da total eliminação destas armas e sublinham que a sua entrada em vigor constituiria «um passo importante» para acabar com a ameaça por elas gerada.

«No caminho necessário da defesa da paz, do desanuviamento nas relações internacionais, do fim da corrida às armas e pela promoção de passos para um desarmamento universal, simultâneo e controlado», o Tratado para a Proibição de Armas Nucleares afigura-se essencial, pelo que, defendem, «todos os estados deverão assinar o tratado para a proibição de armas nucleares sem demora».

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Recordar o bombardeamento atómico de Hiroxima e Nagasáqui e «as vitimas e as sequelas deixadas por este tenebroso crime» deve alertar, para o CPPC, «as actuais e futuras gerações» para a realidade de uma guerra nuclear, a qual, travada com «com as capacidades dos arsenais actuais», ampliaria as suas consequências «a uma escala nunca antes vista», sublinhando que «bastaria a utilização de uma ínfima parte das armas nucleares actualmente existentes para que a vida na Terra ficasse seriamente ameaçada».

O CPPC reafirma que Portugal deve pugnar pela imediata abolição de todas as armas nucleares e outras armas de destruição massiva em todas as instâncias internacionais em que está presente e assinar, ratificar e promover o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, em vigor no âmbito da ONU, contribuindo activamente para um mundo livre de armas nucleares, para a Paz e para o desarmamento geral, simultâneo e controlado.

Neste sentido, apela a todos os amantes da Paz para que prossigam a assinatura da petição «Pela adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares - Defender a paz é defender a vida», que está acessível na internet.

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