O recém-eleito líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, entrou de forma triunfal nas suas novas funções, ao lançar um ultimato ao Governo logo na sua primeira semana. Na segunda-feira, deu 24 horas para que fosse divulgada uma lista com os nomes dos falecidos no incêndio de Pedrógão Grande, no mês passado.
Nos dias anteriores, foram várias as notícias que surgiram com números diferentes do que foi oficialmente indicado (64 mortes). A somar a estas, só um caso foi sinalizado, de uma mulher atropelada quando fugia das chamas. A informação estava em segredo de justiça, já que decorrem diligências judiciais.
Apesar de o Executivo já ter reiterado que não lhe cabia a revelação dos nomes das vítimas, o ultimato foi levado até ao fim e Hugo Soares agendou uma conferência de imprensa para ontem, a meio da tarde. Após a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, ter falado de uma hipotética moção de censura, chegou a especular-se se o novo líder parlamentar do PSD não se anteciparia ao antigo parceiro de coligação.
No entanto, o diabo não apareceu e o fim do ultimato trouxe um requerimento ao presidente da Assembleia da República para o agendamento de uma reunião de urgência da Comissão Permanente, o órgão que substitui o plenário durante as férias parlamentares.
Mas, menos de cinco horas depois de Hugo Soares dar por terminado o prazo para a divulgação da lista pelo Governo, enquanto o Executivo dizia não lhe competir revelá-la, a entidade competente (a Procuradoria-Geral da República) acabou por tornar públicos os nomes das 64 vítimas mortais do fogo de Pedrógão. A estes, somam-se outros dois que estão ainda em investigação – o do caso de atropelamento, que é alvo de inquérito autónomo, e de outra morte cujas circunstâncias ainda estão por apurar.
O novo líder parlamentar acabou por colocar todas as fichas numa falsa partida: não só lançou um ultimato inconsequente como acabou por ver a tese de que o Governo estaria a esconder mortes ocorridas no incêndio do mês passado. Após o episódio dos suicídios anunciado por Passos Coelho, que, horas depois, foram desmentidos, o PSD continua a correr atrás da tragédia.
Para hoje, às 16h, estava agendada uma reunião da conferência de líderes para apreciar o pedido do PSD, marcada por Ferro Rodrigues. Hugo Soares disse querer discutir «a não publicação da lista de pessoas que perderam a vida nos incêndios de Pedrógão Grande e concelhos vizinhos».
Face ao esvaziamento da matéria, o líder parlamentar do PSD disse esta manhã à Lusa, na Assembleia da República, que o partido desiste da reunião da Comissão Permanente. «Não faz sentido», afirmou Hugo Soares.
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