«Tudo leva a indicar que não serão os incumprimentos das regras gerais pelas estruturas laborais que estarão a originar provavelmente estes focos, mas, sim, algum relaxamento, alguma descontração, nos momentos que não são momentos de trabalho formal», disse ontem a ministra da Saúde, Marta Temido, em relação ao aumento do número de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Não será ingenuamente que a ministra escolhe apontar o dedo ao que fazem os trabalhadores nas suas pausas, contrapondo esses momentos ao tempo de trabalho efectivo, onde as medidas de segurança seriam cumpridas e não haveria lugar a contágio.
Os trabalhadores, fora da «tutela» do patrão, põem-se em risco quando vão almoçar juntos, põem-se em risco quando trocam de roupa. Sugere ainda que «há indícios» de que alguns vêm juntos de carro, utilizando transportes colectivos mas não transportes públicos...
Marta Temido coloca-se, sem hesitações, do lado dos patrões e utiliza os seus argumentos. Não apresentando provas que suportem as suas insinuações, estas não passam de um posicionamento com uma intenção velada: desviar as atenções do facto de muitas empresas não garantirem as normas de protecção aos seus empregados e de o Governo não garantir que os transportes públicos permitam deslocações feitas em segurança.
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